domingo, 26 de fevereiro de 2012

DOE VIDA!



Em geral os temas da bioética são bastante polêmicos e rouba a atenção de todos. Pois, ela trata de questões que dizem respeito à pessoa humana. Elas, em consequência, esbarram na questão ética. Todavia, este é o nosso questionamento: qual o valor ou sentido da vida? Esta resposta só deve ser dada pessoalmente. Porque casa ser humano valoriza e dá sentido como quer a sua vida.

Falando da vida, emergem as pessoas que dependem de um transplante de órgãos para viver. E ficam por muito tempo à espera de um doador compatível. Por outro lado, nos deparamos com uma cultura social, onde é mínimo o número de pessoas que aderem à doação de órgãos.

A falta de informação e de mobilização do sistema de saúde gera uma resistência ou adesão à doação de órgãos. Entretanto, será que precisamos esperar acontecer com nós mesmos? É um caso para se refletir!
Sabe-se que a vida é dom dado por Deus. Nesse sentido, somos chamados a colaborar com Deus no cuidado da sua criação. Assim, somos convidados a construir um espaço novo, onde a vida seja abundante, onde não existam dores, nem enfermidades. 

Temos que começar a promover a vida, motivar campanhas de doação de órgãos. Não esperemos acontecer um fato em nossas vidas para fazermos nossa parte. Tomemos a iniciativa de sermos solidários, de sermos responsáveis pela vida do nosso próximo, do nosso irmão.

Deus apela para que doemos a vida, doemos uma parcela do tempo para cuidar do irmão, que grita, geme por maus tratos! Sejamos adeptos da doação de órgãos. Somos chamados a gerar vida e dar vida. O fraternal e desprendido gesto de doar órgãos de alguém pode gerar vida em outrem. Por Benedito Antônio (aluno)


Créditos da imagem: http://oamorcontagiaalegria.blogspot.com/2010/09/doar-orgaos-salva-vidas.html

O SUJEITO DA ÉTICA

Quem é o sujeito da ética?

Todo ser humano preocupado com “o que fazer” se interroga sobre os próprios atos, as finalidades, as circunstâncias e as conseqüências. Todo ser humano, mesmo que minimamente, tem decisões a serem tomadas, reflexão a ser feita, liberdade a ser alcançada, porque em todos e cada um existe a capacidade de refletir e escolher.

A ética está intrinsecamente ligada à razão prática. A reflexão está imbricada no conceito de responsabilidade que é o centro da ética. Uma ética da responsabilidade exige o assumir a realização corajosa da ação que se impõe, considerando, concomitantemente , a situação concreta de singularidade e complexidade.

Só um sujeito livre, autônomo, corajoso, prudente, convicto, que reflete é ético. Portanto, parceiro da ética da responsabilidade! Não existe ética sem interrogação, porque as situações são inéditas e não dispõem de respostas evidentes, diálogo e discussão, porque a novidade e complexidade das questões necessitam contribuição de diversas inteligências, para que o diálogo seja produtivo.

Há vários fatores em uma situação questionada e a responsabilidade leva em conta todos eles:
- as pessoas no cotidiano de sua vida;
- os valores, princípios e regras, historicamente conquistados que lembram as fases de crescimento;
- as exigências da vida em comum, na sociedade;
- as gerações futuras em um meio ambiente bom.

Para podemos certificar nossas análises e nossas escolhas, precisamos levar em conta o presente e o futuro. Porém, não podemos prever os imprevistos. Vivemos, pois, na incerteza. Assim, a responsabilidade, cada vez mais, dá lugar à interrogação e à discussão.

Para conferir esta reflexão, sobretudo, da “prudência” , lembramos o filósofo grego, Aristóteles séc. III a.C.; e o teólogo-ético Tomás de Aquino, séc. XII, com sua contribuição em Juízo prudencial e o Juízo de consciência.

A ética visa a interioridade do sujeito, suas qualidade, , suas convicções próprias e suas atitudes.

Inez – aluna

DURANT, Guy. Introdução geral à bioética, história, conceitos e instrumentos. 2.ed.        São Paulo: Loyola, 2003.

Crédito da foto: http://www.worldofstock.com/slides/PAB2136.jpg?w=300&h=300

HÁ FUTURO PARA A BIOÉTICA?



Segundo  Van Rensselaer, a Bioética é a ciência da sobrevivência.
Concordo com Potter quando diz que enquanto a bioética souber se limitar a seu papel próprio que é ético, seu papel questionador e reflexivo, ela,  sobrevive. E confirma que a bioética é a ciência da sobrevivência da humanidade. De fato, uma ciência que investiga, questiona e reflete eticamente sobre a vida na sua totalidade, só deixará de existir quando a vida não existir.
Uma disciplina cujo trabalho se expande na “reflexão interdisciplinar sobre as exigências do respeito, da proteção e da promoção da vida humana, busca comum dos caminhos de crescimento da humanidade em seu conjunto e em cada um dos seres humanos entre as múltiplas possibilidades oferecidas pela tecnociência”, mesmo tendo concorrentes, se permanecer preocupada com sua natureza ética e mantiver viva na comunidade, a fecundidade do processo de decisão e de normalidade só pode ter vida longa.
Há porém, outras pistas a serem contempladas:
- as questões de justiça que são e continuarão sendo um desafio inevitável;
- o desafio da harmonização entre a busca do conhecimento e desenvolvimento tecnocientíficos, a preocupação e a proteção das pessoas e das civilizações;
- a necessidade de formação séria dos especialistas;
- a necessidade de manter sua independência.
            O filósofo Sérgio Zorrilla, com experiência em grupos de reflexão e de pesquisa, na Bélgica, fala de uma “ética da resistência”, porque esta demanda de, estar próximo dos meios de saúde e da pesquisa e permanecer independente.
            A bioética é um trabalho cotidiano de olhar com atenção o outro, preocupando-se com ele. A bioética está ligada ao destino da humanidade sofrida, da qual seus profissionais fazem parte, desejando, em sua fragilidade, mais vida, saúde, qualidade de vida. Em síntese, uma vida mais feliz. Inez – aluna

DURANT, Guy. Introdução a bioética, história, conceitos e instrumentos. 2.ed. São Paulo: Loyola, 2003.

Créditos da figura: http://www.jumpthecurve.net/wp-content/uploads/2012/01/FuturePower.jpg

SAÚDE EM CONFLITO



            Pensemos nas grandes guerras da história. Para que elas acontecessem, as partes interessadas desenvolviam estratégias. Derivada do grego strategos (στρατηγός) era vista como uma grande arte do general, que desenvolvia e conduzia campanhas, fazia divisão de forças em vista de derrotar o inimigo em suas batalhas. Estratégias que deixaram suas marcas na história e hoje são utilizadas em diversas situações, como o Brasil, que se declarou um grande opositor do crack, a droga que vem causando um grande mal à sociedade brasileira.
            Numa reportagem ao portal G1, no dia 07 de dezembro de 2011, O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que entre 2003 e 2011, passou de 25 mil para 250 mil a média mensal de atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) a usuários de álcool e drogas em todo o país. Tais dados foram apresentados durante lançamento de conjunto de ações integradas para o enfrentamento do crack no Brasil. Segundo o ministro, o país vive uma epidemia da droga a qual chamou de “ferida social”. O governo federal pretende investir R$ 4 bilhões para aumento do atendimento de saúde aos dependentes químicos, enfrentar o tráfico e ampliar ações de prevenção.  
            Seguindo a linha estrategista nesta grande guerra contra a “rocha”, como é conhecida pelos usuários, o governo federal desenvolveu o programa que recebe o seguinte mote: “Crack, é possível vencer”. Com a pretensão de criar enfermarias especializadas com 2.462 leitos destinados ao tratamento de usuários de drogas nos hospitais do SUS, e investimentos previstos até R$ 670 milhões. No seguinte link:
 http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/home encontra-se todo um trabalho de conscientização e prevenção contra a droga que vem destruindo inúmeras pessoas e tornando a vida de suas famílias um inferno. Existe até o 0800 510 0015 para informações.
            Toda essa preocupação em combater a “ferida social”, como denomina o ministro da saúde é muito importante, mostra que o governo não está de olhos fechados para tal situação, mas fico pensando sobre esses grandes investimentos, pois a mídia nos mostra o quanto a saúde pública no Brasil é precária, o quanto pessoas esperam em filas enormes para serem atendidas, o quanto ficam nos corredores de hospitais esperando vaga em um leito. Meu Deus! Tem gente que a até morre por falta de atendimento. Quais serão os resultados dessa estratégia? Será que nossos generais estão realmente visualizando todo o campo de batalha e toda força inimiga?
            O crack é extremamente maléfico, segundo informações do próprio site citado acima, Das vias aéreas até o cérebro, a fumaça tóxica causa um impacto devastador no organismo. As principais consequências físicas do consumo da droga incluem doenças pulmonares e cardíacas, sintomas digestivos e alterações na produção e captação de neurotransmissores. Na reportagem do portal G1, também já mencionada neste texto, A presidente Dilma Rousseff destacou que a rede pública de saúde terá de ser “reforçada” para atender a usuários, que segundo ela, “têm não só problemas pontuais, mas têm crise de abstinência, dificuldade de lidar com o fato, colocam suas vidas em risco e tem comportamentos que afetam profundamente a família”. Outra vez digo que são admiráveis tais tentativas, mas ainda insisto no olhar mais eficaz para as estratégias. No início deste ano todo país ficou perplexo com ações na cracolândia, grande São Paulo. Para ser mais específico há quase dois meses ocorreu a tal “operação sufoco” que expulsou os dependentes químicos viventes naquela região. Estratégia ou não, o caso mobilizou a sociedade civil, que recriminou o ato, dizendo que foi na verdade uma “operação espanta mosca”, conforme carta enviada ao governo do estado e publicada no site Spresso SP no dia 08 de fevereiro. Trecho da carta diz o seguinte: “A violência da força policial ao agredir os dependentes químicos, a ‘procissão do crack’ pelo centro da cidade provocada pela estratégia de expulsão dos usuários e a guerra urbana que se instaurou com a ação policial são apenas algumas das consequências de uma política equivocada, ingênua e desastrosa. Esta medida tem gerado ainda ameaças aos moradores e comerciantes de roubo, de incêndio às lojas, além de toda sujeira “sanitária” gerada pela peregrinação dos viciados à diferentes locais na área.”
            Contudo, parece que em época de ano eleitoral não há bem estratégias e sim atitudes desesperadas de maquiar situações para mostrar que está tudo ficando bem, ou melhor, há atitudes eleitoreiras.
            Entendo que grandes problemas enfrentados pela saúde pública em nosso país não serão resolvidos do dia para noite, como não foi resolvido o problema do crack em São Paulo, mas será com passos lentos e eficazes. Voltemo-nos à etimologia da palavra estratégia, e peçamos ao governo federal que realmente a utilize de forma inteligente, que a ação de combate seja continuada,  que chegue em todas as áreas, interrompendo o tráfico, fazendo acompanhamento social, atendendo as famílias, ou seja curando realmente a “ferida social” e não colocando apenas uma gaze em cima dela para que apenas não se veja. Por Benedito Antônio (aluno)


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Saúde Pública e o Papel da Igreja



                               Na sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012, os alunos do terceiro ano de teologia participamos da última aula de bioética. A mesma, realizada em forma de debate, moderada pelo professor Germano, enfocava a problemática da saúde pública, tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Foi um debate edificante. Ora, na medida que cada um se expressava, articulava-se entre todos um sentimento de preocupação devido à constatação do estado precário do sistema de saúde e do pouco interesse por parte dos que devem zelar e cuidar do bem comum.
                               Na medida em que entrávamos nas questões mais relevantes, ao assistirmos a indiferença de muitos na esfera da saúde pública, entre nós pairava a dúvida: qual o papel da Igreja na sociedade. Por isso, polemizou-se bastante o fato de muitos religiosos possuirem plano de saúde, enquanto milhões de brasileiros se servem do serviço de saúde pública. De reflexo se perguntava: como defender com autenticidade a saúde pública se não se serve dela? É urgente a necessidade da Igreja recuperar a sua identidade: embasada em Jesus Cristo e ao lado dos últimos, sobretudo, dos últimos das filas do SUS.
                               Recordo-me de uma aula com o professor Jaudemir Vitório, na qual ele abordava sobre a crise na vida religiosa, propondo a volta às fontes. Ou seja, às vezes faz-se necessário voltarmos, se esquecemos o porque de optarmos pela vida religiosa, as motivações que orientaram nosso discernimento à ela. Parece-me, que a primeira tarefa seria refletir se de fato ainda recordamos qual é o carisma da nossa congregação ou instituo religioso. Pois se não sabemos discernir se podemos ou não ter um plano de saúde privado, é porque podemos ter nos esquecido o que dizem nossas Constituições. Pois, parece-me muito primário pensar assim, uma vez que devemos observar que a sociedade está em constante processo de mudanças e avanços. Assim, também nossos “carismas” precisam acompanhar os sinais dos tempos para responder àquilo que o Senhor da messe pede de nós, por intermédio de fundadores à luz dos nossos carismas congregacionais.
           Sem isso, não podemos dar nossa contribuição à Igreja. Nem mesmo poder dizer qual é de fato o seu papel na sociedade. Enfatiza o colega Iran Gomes: “o papel da Igreja é anunciar. Não qualquer anuncio, mas o anúncio embasado em Cristo Jesus, que convida-nos a olharmos com amor e generosa solidariedade as situações de fome, de miséria, de doença e exclusão que existem entre nós. Depois que anuncia a boa nova, a Igreja também denuncia as injustiças. Nesse sentido, a Igreja precisa ser no mundo presença de Cristo.[1]
                               Significa, portanto, dizer: nós que somos a Igreja devemos nos pautar pelos ensinamentos da Palavra e na sociedade refletirmos sobre questões pertinentes à vida do ser humano. É o que podemos observar no objetivo geral da CF 2012: “refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público[2]. Em outras palavras, os bispos do Brasil pedem-nos compromisso em que se possam juntar a assistência, a promoção humana e a luta pela mudança das estruturas que geram injustiça e desigualdade. Por Benedito Antônio (aluno).

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[1] Aluno do 3º ano de Teologia da Faje.
[2] Texto-Base Campanha da Fraternidade 2012. São Paulo. Edições CNBB, 2012.p.12

Gravidez na adolescência? Ah! Conte-me uma nova!



            Vamos começar com números então: Segundo o Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (NESA), criado em 1974 e o setor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1986, no Brasil, 38,5% das jovens iniciavam a vida sexual antes dos 18 anos. Em 1996, esse percentual subiu para 56,4% em 2011. Esses dados levam a concluir que existe uma relação entre a idade da primeira relação sexual e a primeira gravidez, ou seja, quanto mais precoce o início da vida sexual, mais cedo ocorre a possibilidade de uma gestação.
            Apontar números e porcentagens parece assustar, mas na prática essa situação já não impressiona mais, nem mesmo as próprias meninas. Mas qual é a origem disso? Seria influência midiática? Educação em crise? Sem falar que isso se torna caso de saúde pública! Então vamos refletir sobre estes três pontos, embora tenha certeza que deve haver tantos outros.
             Vivemos em uma realidade altamente influenciada pela mídia em geral. Falar de sexo na televisão é quase o mesmo que falar em logo praticá-lo. Internet, revistas e tantos outros meios seguem o mesmo caminho. Até certo tempo ser virgem aos 15 anos e até o momento de se casar era uma grande virtude, hoje isso é motivo de piada maior, pois uma jovem evoluída e moderna é aquela que já experimentou de tudo. Doce ilusão, uma gravidez inesperada muda todo o rumo de uma vida. E como forma de se retratar, a TV, por exemplo, após incentivar o sexo cria situações em novelas nas quais adolescentes grávidas se revoltam no primeiro momento, mas logo depois assumem todas as consequências dos atos e se tornam super heroínas e mães mais felizes do mundo. Capazes de sacrificar todo tempo de lazer para cuidar de seus filhos. Parece-me que o famoso seriado americano “Glee” apresenta uma situação dessas. Talvez tudo isso seja muito mais fácil na ficção, mas na vida real é bastante diferente. O que se perde não é o recato ou virgindade e sim o amor próprio e a possibilidade de que tudo aconteça no momento certo na vida de uma mulher, mas estou me referindo à fase adulta! Contudo,  passou da hora da mídia começar a acertar.
            Quando se fala em educação, logo se pensa na escola. Ué, mas isso não é algo que vem do berço? Pois bem, parece mesmo uma via de mão dupla. A “espécie” adolescente, tanto macho quanto fêmea, está em plena “ebulição” hormonal, o desejo sexual é aflorado e sensações prazerosas começam a ser descobertas e quando tais sensações são realizadas em dupla parece ser melhor ainda. É exatamente neste momento que a educação é primordial. Quando vinda de casa, no ceio da família, é aquela que vai oferecer valores, mostrar a partir de conceitos até mesmo religiosos os prós e contras de um a experiência sexual imatura. Só que muitos pais não conversam com seus filhos sobre tal assunto. Parece ser melhor nem mencionar, pois a vida ensina. E a vida ensina mesmo, mas a custa de que? Ou melhor, de quem? Daí sobra uma grande responsabilidade para escola, lugar do pensar, que além de preocupar em formar cidadãos capazes de assimilar raciocinar, também precisam buscar meios de oferecer educação sexual para seus alunos. Porque se não, garotos e garotas começam a deixar a instituição de ensino para trabalhar e sustentar, ou pelo menos “brincar” de criar uma criança. A educação brasileira possui muitas dificuldades, e cuidar do filho dos outros é uma responsabilidade muito grande, outros esses que também precisam ser educados.
            A Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou em 2011 que mundialmente, a taxa de gravidez na adolescência varia entre 143 para 1000 na África sub-saariana, a 2,9 100 na Coréia do Sul. Engravidar na fase em que o corpo está mudando, em que uma identidade está se formando não é privilégio de classe social, mas a grande maioria acontece em D e E. A saúde pública com toda sua deficiência precisa dar conta do acompanhamento (pré-natal) e ainda oferecer um parto seguro.
            Tomemos como exemplo uma jovem de 14 anos, nos dias de hoje parecem até bem formadas de corpo, mas muito ainda à de se formar. Quando engravida sérios danos podem ocorrer. Do ponto de vista psicológico/emocional, isso se torna uma situação muito grave e com sérias consequências. E eu lhe pergunto, será que o SUS da conta de tudo isso? Quando a jovem percebe tamanha responsabilidade e se vê diante do medo dizer aos pais, por muitas vezes busca soluções drásticas, comprometendo assim a própria vida por meio do aborto. E o pior, isso acontece com o incentivo do próprio parceiro ou pelo fato de ele não se responsabilizar. Esse atentado contra a vida que se forma dentro de uma adolescente despreparada pode ocorrer em clínicas clandestinas ou com o uso de remédios e chás abortivos. O que pode gerar graves problemas físicos, como uma hemorragia. E quem vai cuidar de tudo isso? A saúde pública é claro!
            Convido-lhe a tirar suas conclusões sobre a origem e talvez à solução desse grande problema que atinge a sociedade. Mas posso partilhar ainda, que confio naquela boa conversa esclarecedora e sem traumas que acontece no aconchego do lar. Pai e mãe pensem nisso! Benedito Antonio (aluno)

Créditos da imagem: http://www.itapuamafm.com.br/site/images/stories/2011/setembro/bgm.jpg

Dores de Parto



            Nenhum homem é capaz de descrever as sensações de uma mulher grávida, tão menos falar sobre as dores sentidas ao trazer um bebê ao mundo. Experiência qual somente a natureza feminina tem a “graça” de viver.
            Já diz uma cancão de tantas Marias: “...de uma gente que ri quando deve chorar...”, talvez essa seja uma das melhores expressões para explicar o momento do parto, mas isso quando se trata do natural. Durante nove meses, certa Maria, carrega em seu ventre, reveste de carne uma nova vida. A cada semana uma surpresa. Com uma medicina qualificada e equipamentos avançados é possível ver o rostinho do bebê em 3D. Com o passar do tempo, juntamente com as alegrias vem o pesar de um corpo cansado, os órgãos internos femininos já deram todo espaço possível para a criança se desenvolver. Milagre da vida que traz dores para as Marias antes mesmo de darem a luz. As pernas incham, as costas doem, o corpo dói sem encontrar uma posição adequada para deitar, a respiração pode ficar mais curta, enfim, sensações que só as Marias  podem descrever.
No momento certo esse corpo cansado, cheio de dores, que divide seus nutrientes com outro pequenino, “grita” clamando alívio e expele a nova vida. Parece frio pensar dessa forma, mas é real, nascemos por estarmos prontos e porque o corpo de nossa mãe, uma entre tantas Marias, está sofrendo.
Antigamente as Marias de diversas culturas encontravam maneiras de parir, sempre percorrendo caminhos que as mais velhas abriam.
E as famosas parteiras, quem desta nova geração ouviu falar delas? Sabedoria muitas vezes matuta, mas extremamente eficaz, por suas mãos o parto era humanizado, o que hoje em dia com a medicina moderna e talvez com a pressa de alguns obstetras em ganhar seu dinheiro, isso se tornou bastante diferente, pode-se dizer “frio”.
De acordo com o site “partopelomundo.com”, vem aumentado o número de famílias que optam pela realização do parto em casa na Austrália, com 33% de aumento entre 2004 e 2009. A taxa de mortalidade materna neste país é registrada como uma das mais baixas no mundo sendo 8,4 em cada 100.000 mulheres. As últimas estatísticas, a partir de 2003- 2005 mostram apenas 65 óbitos maternos ocorridos na Austrália. Nenhum deles estavam relacionados a partos domiciliares.
Em alguns casos a cesariana é de extrema necessidade para garantir a vida de Marias e seus bebês. Mas em outros é pura comodidade de ambas as partes. Delas talvez por medo das dores do parto, por medo de estragar a genital ou são seduzidas por uma maneira rápida e que de dor no momento somente há uma agulhada nas costas. E seduzir para esse tipo de parto parece estar se tornando uma especialidade obstetrícia. Perceba, pelo Sistema único de saúde (SUS), o método natural custa R$ 291,00 e a cirurgia cesariana, R$ 402,00, já imaginou quanto isso custa em um hospital privado? Pois é isso varia de acordo com cada instituição por envolver diária e outros procedimentos.
Ah! Sim, as dores que não foram sentidas na hora do nascimento aparecem de outras formas, durante alguns dias, a barriga partida com pontos se enche de gases, tossir ou espirrar é quase um ataque inimigo em meio à guerra. Enquanto aquela que trouxe a luz uma nova vida de forma natural se recupera de maneira muito mais rápida e sem riscos de infecção hospitalar.
Ó Marias o que acontece com vocês? Mas quem sou eu para explicar? Sou apenas um João entre tantos outros que se alegra ao ver a carinha da vida, ao ouvir o chorinho da esperança e dores de parto ou pós-parto não sou capaz de sentir. Benedito Antônio (aluno)


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Lei Natural


Em seu discurso aos participantes no Congresso sobre Lei Moral Natural, promovido pela  Pontifícia Universidade Lateranense em 2007, o Papa Bento XVI chama-nos a atenção sobre a natureza do ser humano.
            O ser humano, encantado com seu rápido desenvolvimento no conhecimento de vários campos da vida em diversos contextos, esquece e ultrapassa a justa medida exigida para o prosseguimento natural das leis contidas em cada ser.
            Nesse afã do domínio da natureza, o ser humano é levado à destruição desta mesma natureza, com a força de sua ação. Isso, o impede de ver a fonte da criatividade da razão humana. Nesse contexto de capacidade de ver as leis do ser material, o impede de ver a mensagem ética contida no ser, o incapacita de ver a lei moral natural. Com a primazia do conceito de interpretação do ser sobre a natureza metafísica, o próprio ser deixa de ser transparente para uma mensagem moral, o que gera desorientação nas suas opções de vida.
            Por ser o Ser em sua natureza unum, bonum e verum, deve, urgentemente, refletir sobre a lei natural e reencontrar sua verdade, comum a todo ser humano. Reconhecer a bondade do Ser, transforma-se em lei que tem seu princípio o de “fazer o bem e evitar o mal”. Essa lei é evidente a todo ser humano. Daí, é que surgem os demais princípios que regulam o juízo ético sobre os direitos e os deveres de cada um. Entre eles, o respeito à vida humana, a partir de sua concepção até o  seu termo natural, já que este é um dom gratuito de Deus. Também, o dever de buscar a verdade para o amadurecimento pessoal.
            Fomos criados para a liberdade. Porém, ela só se concretiza a partir do respeito à verdade de cada um, já que a liberdade é compartilhada com os demais seres. Na sequência, vem a justiça e a solidariedade inerentes ao ser e independem do Estado, pois não admitem intervenções.
            A lei natural não tem compromissos com outros interesses. É portanto, a mensagem ética escrita no próprio ser humano. “Em definitivo, a lei natural é o único baluarte válido contra o arbítrio do poder ou os enganos da manipulação ideológica.” Na medida em que, através do conhecimento, aumenta a consciência moral, torna-se imperativo, para quem tem responsabilidades públicas, o dever de promover o amadurecimento da consciência moral.
            Chama pois, a atenção sobre a família, o lugar concreto das ações libertadoras através das leis que o Criador as infundiu. Assim, é possível um diálogo fecundo com todas as facetas da sociedade, apresentando ao legislador material concreto para a vida pessoal e social. Inez - aluna.


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O ABORTO NA CONTEMPORANEIDADE (alguns aspectos)



Um tema deveras complexo, pois envolve a mulher como pessoa em sua plenitude. Também complexo porque, são muitas as forças pensantes e que refletem a partir do lugar que ocupam: juristas, médicos, moralistas, filósofos, cientistas, teólogos, religiões, igrejas, políticos.
A grande pergunta é “quando se inicia a vida humana, num embrião ou num feto?”
Segundo o Prof. Germano Cord Neto, nenhum grupo responde imperiosamente a esta questão, pois é  aqui que emerge a pluralidade de posições. Porém, elas, por sua vez, baseiam-se em orientações também plurais que seguem convicções de uma variedade de visões do mundo e do ser humano, através de uma postura moral. Pois, “a afirmação da personalidade do embrião humano é um ato moral.”
Assim, o conhecimento médico e científico não pode garantir uma resposta acabada, já que brotam de complicados fatos e experiências que permeiam áreas dos valores, da religião, da medicina, da filosofia.
A medicina por sua vez, não dá conta de informar se o aborto é seguro ou maléfico para a mulher quer fisicamente, quer psicologicamente. É claro que, quando feito com propriedade, é seguro. Porém, no Brasil, onde a legalidade do aborto não existe, sua prática é clandestina e abundante, suscitando assim, o debate público sobre a segurança da mulher.
O debate, faz-se necessário, sobretudo, em relação à ética do aborto, já que não há consenso e suscita diversas reações referentes à moralidade do ato, junto à população.
O aborto pode ser espontâneo ou provocado. O primeiro não implica consideração ética. Porém, o segundo, pode ter causas e razões tendo implicações médicas, jurídicas e morais.
O certo é que precisa haver valores que ajudem na reflexão sobre o aborto, como: reconhecimento do direito à vida a todo ser humano; proteção ao direito de viver; defesa da maternidade, tendo em conta se este ato é fruto da violência contra a mulher, ou um ato humano e a ética médica que deve ser de proteção e cuidado da vida humana, nunca seu destruidor.
Diante deste questionamento, minha posição é que, feito com amor, tanto o embrião como o feto, são manifestação do dom da vida e, portanto, devem ser respeitados no seu direito à este dom. Inez - aluna


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NETO, Germano Cord. Curso de ética médica. Faculdade de medicina da UFMG. Belo Horizonte: 2007.

Os riscos da gravidez após os 40



 Frequentemente vemos muitas mulheres fazerem planos para organizar melhor a própria vida. Este projeto de vida está pautado em quatro objetivos: estudos, trabalho, casar e ter filhos. Em outras palavras, isso aconteceria da seguinte forma: terminar a faculdade, conseguir um bom emprego e só ter filhos depois que chegar ao auge da carreira. Porém, muitas mulheres percebem que esse êxito pode lhe custar muito caro, pois esse planejamento pode colocar em risco o ultimo objetivo: ter filhos. Tudo isso ocorre porque a grande maioria das mulheres deixa para ser mãe depois dos 40. Segundo a Organização Mundial da Saúde, chega a 21% o número de mulheres que não conseguem realizar uma gestação depois dos 40.

No Brasil, o drama de mulheres bem sucedidas no trabalho e frustradas na maternidade chega a 21% anualmente. Alguns médicos acreditam que muitas delas não viveram a experiência da gravidez antes, porque acreditaram que isso seria fácil na idade madura. Essa crença geralmente é alimentada durante a juventude da mulher. Uma pesquisa realizada pela folha de São Paulo, no dia 21/11/2011, mostrou que uma de cada dez brasileiras acredita que manterá intacta até depois dos 40 a sua chance de ter filhos.
            Do ponto de vista da medicina, é um equivoco pensar assim. A grande maioria dos ginecologistas brasileiros, alertam que o relógio biológico feminino anda a uma velocidade bem maior do que se imagina. A chance de uma mulher engravidar começa a diminuir quando ela tem apenas 27 anos. Aos 30, a cada relação sexual em período fértil, o índice de gravidez é de 18%. Aos 45, de 1%, no máximo. Um estudo do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, o prestigiado CDC, mostra que, ao completar 42 anos, uma mulher tem menos de 10% de possibilidade de engravidar com seus próprios óvulos. Graças aos avanços da medicina reprodutiva, a gravidez depois dos 40 não é um sonho impossível. Mas em boa parte das vezes só é realizável quando a paciente recebe óvulos doados por uma mulher mais jovem. Esse é o caso de muitas celebridades quarentonas que, ao exibir seus barrigões em público, ajudam a fixar a idéia errônea de que é fácil engravidar, mesmo madura.
            Á luz do tema da CF 2012 “Fraternidade e saúde pública”, não podemos esquecer que a gravidez tardia também é uma questão de saúde pública. Faz-se necessário que o governo desenvolva políticas públicas incentivando as mulheres a tomarem consciência de que realizar uma gravidez, talvez tardia, é colocar a própria vida e a vida do bebê em rico.  Pouquíssimas mulheres têm conhecimento dos riscos de uma gestação em idade avançada e dos transtornos que as incessantes tentativas de fertilização causam na vida de um casal. Além disso, os médicos orientam que, entre as mulheres que demoram para engravidar, o risco da criança nascer com algum problema triplica em relação àquelas que a realizam antes dos 40. Tudo isso acontece porque depois dessa idade, os óvulos da mulher apresentam dificuldades para conceder uma gestação tranquila.
Finalmente, é importante que as mulheres se empenhem ao máximo na realização de seus sonhos, buscando mais aperfeiçoamento no trabalhando e qualificação nos estudos, mas é importante que se reserve um tempo para a realização de ser mãe. Isso evitará frustração, tristeza, insatisfação e desgosto com a própria vida. Tudo na vida precisa de equilíbrio, e conciliar trabalho, estudos e maternidade também faz parte disso. Esse investimento é saudável e trará conforto e segurança para as mulheres que desejam ter sucesso no trabalho, nos estudos e na realização do sonho de ser mãe. Pense nisso! Por Por Roni Hernandes.


O sentido de entregar a vida no cotidiano



A morte foi banalizada no nosso tempo. É objeto de comércio e sobram as imagens da mídia que ilustram e desgastam o sentido da morte. Mas existe uma contradição, a pesar dessa aparente banalização continua toda uma pesquisa científica sobre novos métodos da ganhar dias de vida e de uma imagem juvenil, continua sendo importante. Banaliza-se a morte, mas ao mesmo tempo se procura mantê-la longe, inclusive da própria marca que deixa o passar dos anos.
O cristianismo normalmente ajuda a focalizar nossa atenção em aquilo que é realmente importa: uma vida humana, uma vida desde o amor e a justiça. A vida é um dom que um dia termina, mas poder terminar sendo arrebatado de nós ou pode terminar porque nós a entregamos.
É triste quando a alguém lhe é tirada a vida despois de uma luta constante para guardar a sua vida para si mesmo. Refiro-me a aquelas pessoas que vivem da vaidade, das riquezas e do orgulho. Elas sentem um profundo temor de morrer. E essa necessidade particular vá à consonância com o caminho seguido por muito da pesquisa científica e tecnológica no nosso tempo. Lembremos a indústria dos cosméticos, das cirurgias plásticas ou da comunicação informática, fundamental para as transações da bolsa e da banca comercial. Tristemente a pesar das plásticas e o dinheiro a morte vai chegar.
O cristianismo propõe uma vida com sentido. Um sentido que é acolhida para o rosto desnudo do outro. Um rosto que me afeta e exige de mim uma resposta. Uma resposta que tem a possibilidade de construir a minha humanidade e que me diz quem eu sou. Assim, eu tenho a possibilidade de entregar a minha vida por amor, no cotidiano. É a oportunidade de viver humanamente por que me deixei humanizar e, para quando chegar o momento, de morrer em paz. Este final só será o cume de uma vida que foi entrega.
O cristianismo tem para oferecer ao mundo uma aceitação da morte com sentido. Mas uma aceitação que é ativa capacidade de amar, que efetivamente faz o mundo melhor para todos. É uma riqueza que pode enriquecer em discussões sobre o consumo desenfreado, a avareza, o sem sentido ou a eutanásia. O cristianismo é um sentido que brota do mais profundo do ser humano, é claro que pode ajudar. Por Mario E. Cornejo Mena (aluno).

Crédito da foto: http://www.mccullagh.org/db9/vietnam/planting-rice-in-paddy.jpg


Eu ainda sou tucionista


Ao longo de todo o percurso uma frase de Van Potter vem nos inquietando, diz ele: “muitas vozes falam, muitas definições são dadas. Quem está certo?”. Percebemos que todos proferem parecer, e como percebemos na postagem anterior (cf. Poder, poder: onde está tua vitória?), esse parecer vem carregado de parcialidade e caracterizado profundamente pelo grupo que o profere. Nesse itinerário, cada vez mais, nos preocupamos em nos posicionarmos perante tais definições e parecer, mas angustiamo-nos em encontra-las. E, além disso, muitas vezes oscilamos de opção, ao vislumbrarmos a argumentação que este ou aquele grupo nos apresenta.
                Para facilitarmos a compreensão da angustia que perpassa esse artigo, um exemplo muito claro pulula-nos a mente. O Estatuto do Embrião. Em relação a esse questionamento ético varias são as vertentes que se posicionam estabelecendo que a vida humana é, verdadeiramente pessoa, neste ou naquele determinado ponto. E assim, percebem que se em estágios anteriores não se pode atestar ser uma pessoa humana, o mesmo pode ser utilizado em pesquisas e afins.
                Muitas vozes, quem está certo?
                Perante esse questionamento cabe nos preocupar em perceber quem é o mais acertado ou o que verdadeiramente se preocupa, não apenas com o que conseguirá de benefícios com a concessão, mas que compreende o verdadeiro sentido em prol do e para os que dependem do parecer. Sendo assim, procuramos encontrar um caminho, um norteador, um porto seguro que nos possibilite, com maior segurança possível, darmos uma definição assertiva.             
                É nesse sentido que a teoria denominada de tucionismo pode nos auxiliar. O tucionismo nos diz que: na dúvida, escolhe-se a posição moral mais segura. Isto é, que melhor preservaria a dignidade da pessoa humana. E mediante essa teoria possibilita-nos ter maior cautela na decisão a ser tomada.
                Talvez num primeiro momento, muito nos chamaram de fracos ao nos posicionamos perante essa teoria. No entanto, é justamente esse posicionamento que permite dar uma margem de sensatez àqueles que possuem razão oposta. Afinal, dizemos que nas extremidades acaloradas das decisões, conseguimos chegar a um meio seguro de decisão sensata. 
                Assim, que a bioética possa cada vez mais progredir e nos auxiliar para que, as vozes que tanto clamam nos vários rumos de nossa história, possam nos conduzir para seguramente termos a confiança de constatarmos a nossa legitima tentativa de, utilizando-nos dos desenvolvimentos todos que a ciência e a tecnologia nos proporciona, estarmos verdadeiramente conduzindo a vida de hoje e de amanhã para uma existência sustentável. É nesse itinerário que estaremos dando parecer certeiro à Ética desse Grande Ciclo da Vida. Por Marco Aurélio (aluno).

Poder, poder: onde está tua vitória?



            Não é novidade para ninguém que qualquer questão abordada pela bioética se apresenta imediatamente como uma questão polemica. Prós e contras instauram-se em uma arena e digladiam em um torneio que, em determinados assuntos mais complexos, não vislumbramos fim de discussão. Além disso, sendo a bioética transdisciplinar, varias são as vertentes do conhecimento ou das estruturas que tentam apresentar seu parecer. Religião, política, filosofia, teologia, e algumas “gias” mais, apresentam seus argumentos e estabelecem-se na arena para terem vez e voz.
            Nesse viés, torna-nos necessário perdermos um pouco a inocência para percebermos que por trás de muitos discursos o que está em jogo nem sempre é o bem, que nos obriga à faze-lo. Mas, muitos interesses, exteriores e até contrastante com a própria sustentabilidade da vida, entrelaçam-se aos discursos embaralhando os raciocínios e por vezes sobressaindo-se sobre a maioria.
             Os jogos do poder, onde manda quem pode obedece quem tem juízo, atravancam as reflexões e impedem que a bioética possa avançar em suas ponderações. E num mundo capitalista agressivo como os tempos hodiernos, esse manda quem pode, em vários momentos, equiparasse à quantidade de zeros à direita que determinado grupo possuem em suas respectivas contas bancárias.
             É inocência de mais pensarmos que a imparcialidade impera, e que a bioética caminha neutra de qualquer influencia, seja de religião, politica, economia, filosofia ou teologia. No entanto, os jogos de poder, causam, muitas vezes, uma parcialidade que atravancam os processos, amordaçam os pensares.
            E nesse itinerário as mudanças de mentalidade apresentam-se quase que esfumaçadas a frente, como que se quase não houvessem. Mas o importante é percebermos que existe luz no fim do túnel e a proposta maior é não termos medo de dialogarmos. O dialogo, e com ele, a honestidade de sermos persuadidos a aceitar que talvez nosso ponto de vista não é o melhor caminho, devem perpassar o rol de nossas concepções. E apenas no dialogo, que nos permite desarmarmos nossos interesses particulares, que conseguiremos elaborar em conjunto, metas universais sinceras. Exemplos, temos muitos: Declaração dos direitos humanos universais, Carta da Terra...
             O pessimismo nos impera e a duvida de não conseguirmos chegar ao final do percurso é inevitável. No entanto, a bioética que ainda dá os seus preciosos passos rumo ao seu amadurecimento não deve esmorecer. Cabe a bioética e os seus pensadores, apertar os passos, desviar das pedras preciosas do desejo de poder que tanto assolam a todos, para que numa utopia do pensar, ela torne para cada um verdadeiramente aquilo que é sua original missão: nos apresentar uma ética da Vida! Por Marco Aurélio (aluno).

Mulheres bem resolvidas


           Estava eu passando os canais da televisão em plena Quarta-feira de Cinzas, quando me deparo com uma entrevista num programa culinário matinal. A famosa apresentadora entrevistava a Dra. Vera Beatriz Fehér Brand diretora do primeiro banco de sêmen do Brasil. A doutora, formada em veterinária, era entrevistada a respeito da polemica que, a novela em horário nobre da mesma emissora, lançará no ar, a saber: reprodução assistida.
         Até então nada de novo! Vera Brand apresentava as falhas realizadas pela personagem no processo de reprodução assistida e deixava clara a verdadeira conduta ética do médico num processo delicado como esse.
                Eis que na parte final da entrevista a doutora utilizou uma expressão que se não nos trouxer espanto, pelo menos nos balançar e fazer pensar isso deve ocorrer. Contando um caso de uma determinada cliente (ou paciente) a doutora usou o termo “uma mulher bem resolvida”. Falava ela que essa paciente, bem resolvida, independente financeiramente, bem sucedida no mundo dos negócios, resolveu ter um filho. Como se referia de uma mulher completamente independente ela simplesmente procurou a doutora e comprou o sêmen e resolveu ter seu filho “sozinha”. No entanto, como é quase normal de acontecer em reprodução assistida, ela ficou gravida de trigêmeos. Completando a arguição da entrevistada, a apresentadora realçou: “As mulheres já são independentes em tudo, também querem elas sua independência para ter seus filhos”.
                Não muito distante compreendíamos que a reprodução assistida apresentava-se como uma técnica para que os casais que, enfrentavam dificuldades para conceber um filho, tivessem um auxilio médico para propicia-los essa alegria de gerar vidas. No entanto, ao nos depararmos com tal argumentação, cabemos agora olhar com maior cautela e percebermos até que ponto a técnica não está sendo mais um apoiador nos distanciamentos das relações entre os seres humanos.
                Que as mulheres já galgaram seus espaços no mundo, isso é um fato, notável e notório. Mas até que ponto as mulheres bem resolvidas, que desejam ter seus filhos sozinhas, na verdade não estão é tentando se isolar cada vez mais das relações, cabe nos pensar. E nesse sentido, seria mesmo melhor utilizarmos o termo “Bem resolvidas”?
                 A bioética necessariamente deve se fazer presença, efetiva e afetiva, esses casos. Não será possível um mundo sustentável, se cada vez mais nos esquivamos de nos relacionarmos uns com os outros. Para dar sentido para as gerações vindouras precisamos sim sentarmos uns com os outros e comermos muitos saquinhos de sal juntos. (utilizando a expressão que minha avó gostava muito de usar, para dizer como é difícil conhecermo-nos uns aos outros).
                Seremos homens e mulheres bem resolvidos quando passarmos a ser não apenas especialistas nas varias técnicas que criamos, mas a partir do momento que fomos doutores em relações. Relações que não são virtuais, anônimas, casuais. Mas são relações verdadeiras, sinceras, com raízes, duradouras. Relações que nos permitam compreender o outro não apenas um facilitar para conseguir o que queremos, não para galgar mais degraus na difícil disputa da vida, mas alguém que caminha junto, sofre junto, experiência novos caminhos juntos.
                Seremos sim mui bem resolvidos quando o outro não for mais tabu, assombroso, medonho. Mas com o outro trilharemos sonhos, geraremos vidas, sustentaremos esperanças, construiremos pontes. Ai sim, se a biologia não nos propiciar a felicidade da geração, as técnicas nos ajudaram, em conjunto, a trilharmos projetos de esperança.
                Que nós num futuro muito presente consigamos nos encontrar numa sociedade de pessoas excelentemente bem resolvidas! Por Marco Aurélio (aluno)


Inspirado em uma entrevista realizada no programa Mais Você da Rede Globo que foi ao ar no dia 22 de fevereiro de 2012.

EuSou.com.br


A bioética que nasceu nos simpósios de medicina, há muito, não mais se comporta apenas no meio do discurso médico. Hoje ao falar de bioética já conseguisse dialogar em vários ramos e sentidos da vida. A ética da vida, agora, apresenta-se em sua amplitude, nas relações mais abrangentes do ser humano. Neste sentido, com o avanço tecnológico no meio das comunicações, a bioética deve lançar seu olhar também para esse ramo e perceber até que ponto a vida não tem perdido seu sentido ou em que sentido a humanidade não se tornou escrava das relações virtuais.
                Há pouco tempo atrás, pouquíssimas eram as pessoas que possuíam acesso a rede virtual. Se a menos de duas décadas para acessar a internet um computador ocupava uma sala inteira, hoje a internet está na palma das mãos unida aos ipads. E com a popularização das comunicações, varias são as vantagens ilimitadas de acesso a rede mundial, pagando muito pouco e a qualquer hora, momento ou lugar. Essa popularização é tão espantosa que basta entrarmos nos transportes públicos ou sentarmos por minutos nas praças de nossas cidades para percebermos a quantidade de pessoas que permanecem quase que 24 horas logadas na internet.
                No entanto, unido a essa facilidade toda, algumas preocupações nos assolam. Cada dia mais percebemos que as pessoas passaram a criar uma fobia quando necessitam de se relacionar umas com as outras. Muitos são os casamentos que não prosperam, várias são as vagas de empregos não preenchidas, pois em seus processos seletivos não se encontrou pessoas capacitadas. Nas faculdades trabalhos em grupo são sinônimo de angustia e stress para muitos; não se tem mais paciência no transito; nas filas de supermercado. Alias nem mais se quer ir às compras, pois a um clic encontramos o que desejamos e o produto é entregue via SEDEX 10 nos confortos de nossos lares. Nem cinema mais queremos, pagamos R$15,90 por mês e temos acesso ilimitado a todos os filmes e seriados.
                Em contrapartida, basta fazermos uma rápida e não tão minuciosa pesquisa na rede mundial de computadores para percebermos que as salas de bate papo estão abertas aos quatro cantos e para todo e qualquer tipo de tribo que se possa imaginar. Buscasse nessas salas pessoas que possuam perfis que vão de busca de prazeres rápidos e imediatos a promessas de casamentos duradouros, e até mesmo futilidades (BBB por exemplo). Nessas salas encontramos o tamanho, cor, gênero, espécie e gosto igualmente desejados. Se falamos de reprodução in vitro, essas salas de bate papo possibilita-nos uma “relação in vitro”. As redes sociais, não ficam por menos, pululam perfis abertos com pessoas que publicam cada respiro de seus dias, cada desejo: bons e maus.
                Mas, até que ponto essas relações virtuais são saudavelmente sustentáveis para nossas vidas? Até que ponto somos, no mundo virtual, o que realmente apresentamos no mundo real? Qual o limite mínimo de idade para se estar neste emaranhado de relações, pois percebemos que cada dia mais cedo as crianças já estão conectadas? Como não fazemos do mundo virtual uma vida paralela daquilo que tanto sonhávamos ser no mundo real e que não conseguimos?
                Esses e milhares de questionamentos circundam nosso horizonte, e nós necessariamente temos que seriamente enfrenta-los e refleti-los. Não podemos nos fechar cegamente acreditando que o processo tecnológico das comunicações, possibilitou-nos a mais e mais estreitar nossos laços de Aldeia Global, sem que ele não esteja agora cobrando de nós seus royalties por tal façanha. 
                É nessa teia de relações que a bioética deve conectar suas reflexões e apresentar uma discussão que nos possibilite encontrar caminhos de relações saudáveis dentro do mundo virtual. A vida humana também pede socorro na rede. Seguir reflexões sérias e maduras, curtir uma forma de se relacionar com responsabilidade no mundo virtual, depende de nossos comentários. Assim a bioética da rede mundial de computadores será cheia de seguidores que twittarão suas reflexões para assim, fazer da Aldeia virtual, um ótimo lugar para se conviver. Por Marco Aurélio (aluno)

O QUE É DIGNIDADE HUMANA?



            Para Kant, a pessoa deve ser tratada como fim em si mesma, jamais como meio à serviço de outros fins. Por isso, é uma dignidade transcendental.
Dignidade é algo próprio da pessoa humana, é intrínseco a ela. É uma característica ontológica determinada pela história. Não é algo que se adquire nem se perde. Faz parte da natureza do ser humano.
Esta dignidade outorgada por Deus ao ser humano é fundamentada em várias passagens bíblicas. No livro do Gênesis 1,26 encontramos: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança.” Esses dois termos colocam o ser humano em relação com Deus, separando-o dos animais. Dotado de inteligência e vontade, recebe de Deus um poder sobre os outros seres vivos, pois, este ser humano é pessoa.
A teologia chama-nos a atenção sobre este dom da vida, que é o ser humano e que este deve dar conta de sua esperança e de sua fé. Ao criar o homem, Deus vê-se refletido nele e é como se revelasse a si mesmo. Um belíssimo mistério começa a se desabrochar na imagem do outro! É diante do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, que este Deus encontra o seu interlocutor.
Sobre esta realidade, encontramos confirmações em Cl 1,15; Hb 1, 3, “Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura.” Imagem de Deus na primeira criação. Em Rm 8,29, “Porque os que de antemão ele reconheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho, a fim de ser ele primogênito entre muitos irmãos.” Imagem de Cristo pela nova criação,
Portanto, o que introduz o ser humano nessa participação da vida divina, é o sacramento do Batismo, quando o ser torna-se filho no Filho. A dignidade humana fundamenta-se, sobretudo, neste rosto onde resplandece a imagem do Filho, porém, não plenamente.
Como dito acima, a dignidade de todo ser humano é uma esperança, uma tarefa. “... os sofrimentos do tempo presente na têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós” (Rm 8,18).
Para o cristão, a dignidade do ser humano é uma vocação e realização, fundamentada em sua historicidade. Inez – aluna

Texto inspirado em: JUNGES, José Roque. Bioética, hermenêutica e casuística. São Paulo: Loyola, 2006.   

Crédito da figura: http://www.sacredearth.com/Ezine/fall09/onelove.png                    

Eutanásia



            O progresso reverteu o modo de morrer em nossa sociedade. A morte, única certeza que tem o ser humano na trajetória de sua vida, não é mais um momento natural, senão, uma coisa manipulada pelo querer humano, auxiliado pela tecnologia.
            Quem primeiro usou a palavra eutanásia que quer dizer boa morte, foi Suetônio, no séc. II d.C., em sua obra A vida dos doze Césares. Como ele, outros estudiosos se ocuparam também, em defini-la. Interessante perceber que até hoje, pessoas comuns usam esta expressão -  Deus lhe dê uma boa morte!
            No século XIX, a medicina moderna mudou a concepção da morte. Mudança advinda do processo cultural dos países industrializados. Enquanto, nos séculos passados, a família fazia questão de tomar conta de seu doente, consequentemente, de sua morte, hoje, esta mesma família entrega-o aos cuidados dos profissionais de saúde. Ao doente, pois,  é negado o seu processo de morrer, pois, está geralmente, inconsciente.
            O contexto sociocultural atual usa a palavra eutanásia, como libertação do agonizante do sofrimento e da dor, fazendo morrer este ser humano, mais rapidamente, agindo diretamente para que isto aconteça ou, abdicando de intervenção para que a morte seja eliminada.
            Hoje, a medicina pode prolongar a vida do agonizante de maneira indefinida ou, antecipar sua morte. Alguns países como Bélgica e Holanda, Austrália, adotam esta intervenção médica em casos irreversíveis e quando o enfermo a deseja.
            Nossa sociedade não mais está preparada, nem se quer, preocupa-se em preparar-se, para enfrentar o sofrimento e a dor. Isso, denota um vazio de sentido para o que é natural na vida do ser humano. Esta falta de sentido salvífico para o sofrimento, além de criar dificuldade em sua aceitação, gera solidão e sofrimento ao doente por falta de presença afetiva dos seus familiares, por não serem solidários.
            Na atualidade, o que é enfatizado como realização humana é o viver no gozo e no prazer. Tudo que foge desse contexto deve ser rechaçado. E nesse tudo, está o agonizante e o defunto. Para isto, existem os necrotérios, as funerárias, portanto, instituições que cuidam para que aquele defunto esteja de acordo com o que quer ver esta sociedade.
            Esse tema engloba vários aspectos que não serão abordados aqui. Porém vale a pena aprofundá-lo, pois há diversos debates acontecendo em todo o mundo envolvendo a sociedade sócio-econômica-cultural, política, Igreja e Estado. Inez – aluna

JUNGES, José Roque. Bioética, hermenêutica e casuística. São Paulo: Loyola, 2006 

Crédito da foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieuJ9DIPwwLT0uxsoktgbKPFgl15-7lAtQYrdorxlZ9cObGw0OzujEke19TVi0BpI7-2EsPi5O_kNQIaBAvr1J1cTD1bCu_x67okMZMzMh7Dv88rBlDzvTQYUn5DZRnZ-jOwtZxrSKYhVL/s320/dying.jpg