domingo, 26 de fevereiro de 2012

Em busca do bem bioético



            Uma pergunta de suma importância fez parte de uma das aulas de bioética na FAJE: “o bem obriga?”. Partindo do questionamento, uma resposta ficou exposta: [conceitualmente] “na liberdade não, mas na existência sim”. É por isso que o debate de uma bioética capaz de abarcar as mais diversas correntes de pensamentos deve partir do princípio do bem universal.  A bioética, biogenética, experimentação em animais e seres humanos devem necessariamente partir do “bem” que elas podem produzir para a humanidade e para o planeta como um todo. Como a próprio resposta da pergunta supracitada nos explicita: não somos obrigados pela nossa liberdade a fazer o bem; isso quer dizer que podemos escolher o mal, somos livres para isso.
            De fato, não temos “obrigação de fazer o bem” ou busca-lo em tudo que fazemos, deixamos de fazer ou realizamos em nossa vida cotidiana. Entretanto, estamos implicitamente “obrigados” a fazer o bem diante de nossa existência. Uma existência que nos faz estarmos em relação com outras pessoas, com o meio-ambiente, com a realidade mais que sensível do nosso próprio ser. O bem “força” a uma prática e exercício da generosidade num contexto do qual não conseguimos viver fora de uma sociedade e nela devemos respeitar aqueles que convivem conosco e dividimos os mesmos espaços sociais.
            Em nossa sociedade atual “é mais importante que nunca solidarizar o ser humano com as suas condições”[1], desde o embrião até a idade mais avançada, e isso é estar comprometido com a vida e fomentá-la em todos os níveis de seu desenvolvimento. A ‘solidarização’ do homem para consigo é a mais especial de todas as suas faculdades e não deve ser perdida diante de uma conjuntura na qual um “bem maior” é dito como possibilidade em detrimento a uma “mal menor”, como seria no caso do aborto.
            O homem é capaz da promoção de extraordinários benefícios, ao mesmo tempo devasta a natureza sem dó nem piedade. A natureza se torna objeto de consumo, poder e por vezes, reprime uma maioria que fica na mão de uma minoria detentora de uma grande quantidade de terra. Entretanto existe uma vivacidade naquele que pratica o bem e o torna soberano em sua existência, promovendo a partilha de dons na dignidade humana e na fraternidade universal.
            É preciso que a bioética (reflexão transdisciplinar da ética) entre nesse jogo e disputa de poder para sanar o desequilíbrio entre as duas forças. A bioética não deve ficar ao lado daqueles que por interesses particulares e em sua maioria econômicos ajuízam suas atitudes devido a uma má compreensão do “progresso” da civilização. A bioética tem a obrigação de estar acima dos interesses mercadológicos, esboçando para toda a sociedade os pressupostos básicos e racionais para que um determinado conhecimento venha ou não ser aceito. Só assim poderemos ter mais respeito para conosco e com todos os seres vivos da face terrestre. Por Hugo Galvão (aluno).

Crédito da figura: http://commongoodpersuasion.org/img/logo.gif

1- BOURGUET, Vincent. O ser em gestação. São Paulo: Loyola. 2002. p. 233



[1]

Nenhum comentário:

Postar um comentário