quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

As ontologias de plantão


            A cada época parece haver uma ontologia de plantão (teoria, ideologia, discurso de massa, promessa) que domina o mundo. Na Idade Média, por exemplo, a idéia de Deus perpassava todos os discursos desde os intelectuais, filósofos, teólogos e literatos até as pessoas mais simples. Na modernidade, a “descoberta” da subjetividade do sujeito, o “culto a deusa razão”, o advento da ciência e da tecnologia causaram tamanha admiração nas pessoas que é quase impossível encontrar alguém que não fale da ciência e das novas tecnologias. Se alguém está doente, por exemplo, não vai relacionar a enfermidade com o pecado ou castigo dos deuses, por isso não vai rezar ou pedir a Deus a cura, mas antes, fala-se no médico, no remédio, na ciência, etc. Isso não significa que o discurso anterior foi superado ou esquecido, mas o que domina as relações e dita os rumos da sociedade hoje é a nova ontologia (tecnociência) que está de plantão em todas as casas, praças, igrejas, palácios, universidades, etc. 

Mas será que a ciência e a tecnologia são realmente democráticas? Como ficam as pessoas que não têm acesso às novas tecnologias? Será que há realmente interesse em popularizar os benefícios da tecnociência? 

Se na “era da metafísica” cidadão é o homem livre e pensante e, na “era da teologia” ser humano significa dizer que acredita em Deus (ser cristão), na “era da tecnociência” não é diferente. Quem desconhece a ciência e não tem acesso às novas tecnologias está excluído das rodas sociais. A tecnologia vai desde o creme dental e o fogão que a dona de casa usa para preparar o café da manhã, até a economia com seus bancos sofisticados, bolsas de valores, etc. 

Mas se dissemos que existe uma ontologia de plantão que, como uma nuvem de fumaça invade todos os lares, mentes e sentimentos, como negá-la ou pensar caminhos novos? O desafio é grande, porque todos nós estamos inseridos nela: participando dos seus benefícios ou sofrendo suas conseqüências, de um jeito ou de outro, todos nós somos atingidos. Por isso, parece que não há outro caminho. Mas será que é realmente o “fim da história?” Será que o ser humano deixou de ser criativo para pensar novas alternativas? Ou será que vamos esperar a crise econômica mundial ou o aquecimento global dizerem para nós que há outras possibilidades ou que não há mais tempo? São apenas indagações que nos faz pensar... Por Rodrigo Ferreira da Costa (aluno).

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