O sabor da presença pessoal
dos outros no mundo
Uma vez alguém me falou que dá no mesmo visitar Diamantina pela internet
que pessoalmente. Eu imediatamente pensei que não é o mesmo olhar fotos numa
tela, do que respirar o ar que circula no meio dessa cidade histórica. Finalmente
não fui. Mas, um ano antes eu visitei o Rio de Janeiro, já há muitos anos
vinha assistindo a um sem-fim de imagens do Cristo no Corcovado, e posso
assegurar que a experiência de ter estado ao pé da imagem, em cima do morro,
contemplando-a de perto e admirando a cidade de longe, posso assegurar que não
é o mesmo olhar desde a tela uma paisagem que estar no lugar.
SABER SABOR PESSOA PRESENÇA
Há uns anos eu fui professor de ensino médio. Uma das questões que mais
me chamou a atenção foi o tempo que os jovens investem em escrever torpedos ou
no bate-papo. Numa aula eu perguntei se eles pensavam que seria o mesmo
conversar com uma pessoa usando o celular ou o computador, do que fazê-lo
pessoalmente, muitos responderam que sim! Eu comentei a minha opinião, não é o
mesmo saborear a presença viva de outra pessoa numa conversa, a incomparável
experiência do “face-a-face”, em especial quando se trata de um amigo, e mais
ainda, quando se partilham experiências de profunda alegria ou de dor ou de
silêncio. Mas foi interessante conversar com eles, sem se importar quem teria razão.
Uma vez li em algum lugar de um tempo onde as pessoas tinham esquecido o
verdadeiro cheiro das comidas e da natureza. Mas ninguém notava, pois não tinham
experimentado o verdadeiro aroma. Só alguém que viajou do passado percebeu que
o queijo não cheirava como queijo, que o frango tampouco e assim por diante.
Então lembrei como os meus familiares que moram longe do meu país, quando
viajam de novo a El Salvador falam “isto é frango, isto é queijo, feijão,
carne...”. Imagino que não é só saudade, senão que em aquelas grandes cidades
precisa-se de mais colorantes e sabores artificiais para viver. Bem poderia dizer
que lá, até a comida virou um assunto de virtualidade.
Esses exemplos são para dizer que há uma distinção em saborear a presença da
realidade de outrem ou do mundo em pessoa. As ciências e as tecnologias não
podem suprir completamente essa experiência. A realidade do mundo em que
vivemos revela-nos a nossa presença (e o modo desta) no mundo: vivo! Vivemos! A
realidade da presença dos outros revela-nos a nós mesmos: amo! Sinto compaixão! Mas essa presença do mundo e das pessoas revelam-nos a nós
mesmos na mesma medida em que estejamos abertos para essas realidades. E se
trata de uma presença o mais humana possível, aquela que é real. Mario E. Cornejo Mena (aluno).
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