quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Vivo!


O sabor da presença pessoal dos outros no mundo
Uma vez alguém me falou que dá no mesmo visitar Diamantina pela internet que pessoalmente. Eu imediatamente pensei que não é o mesmo olhar fotos numa tela, do que respirar o ar que circula no meio dessa cidade histórica. Finalmente não fui. Mas, um ano antes eu visitei o Rio de Janeiro, já há muitos anos vinha assistindo a um sem-fim de imagens do Cristo no Corcovado, e posso assegurar que a experiência de ter estado ao pé da imagem, em cima do morro, contemplando-a de perto e admirando a cidade de longe, posso assegurar que não é o mesmo olhar desde a tela uma paisagem que estar no lugar.

SABER SABOR PESSOA PRESENÇA

Há uns anos eu fui professor de ensino médio. Uma das questões que mais me chamou a atenção foi o tempo que os jovens investem em escrever torpedos ou no bate-papo. Numa aula eu perguntei se eles pensavam que seria o mesmo conversar com uma pessoa usando o celular ou o computador, do que fazê-lo pessoalmente, muitos responderam que sim! Eu comentei a minha opinião, não é o mesmo saborear a presença viva de outra pessoa numa conversa, a incomparável experiência do “face-a-face”, em especial quando se trata de um amigo, e mais ainda, quando se partilham experiências de profunda alegria ou de dor ou de silêncio. Mas foi interessante conversar com eles, sem se  importar quem teria razão.
Uma vez li em algum lugar de um tempo onde as pessoas tinham esquecido o verdadeiro cheiro das comidas e da natureza. Mas ninguém notava, pois não tinham experimentado o verdadeiro aroma. Só alguém que viajou do passado percebeu que o queijo não cheirava como queijo, que o frango tampouco e assim por diante. Então lembrei como os meus familiares que moram longe do meu país, quando viajam de novo a El Salvador falam “isto é frango, isto é queijo, feijão, carne...”. Imagino que não é só saudade, senão que em aquelas grandes cidades precisa-se de mais colorantes e sabores artificiais para viver. Bem poderia dizer que lá, até a comida virou um assunto de virtualidade.
Esses exemplos são para dizer que há uma distinção em saborear a presença da realidade de outrem ou do mundo em pessoa. As ciências e as tecnologias não podem suprir completamente essa experiência. A realidade do mundo em que vivemos revela-nos a nossa presença (e o modo desta) no mundo: vivo! Vivemos! A realidade da presença dos outros revela-nos a nós mesmos: amo! Sinto compaixão! Mas essa presença do mundo e das pessoas revelam-nos a nós mesmos na mesma medida em que estejamos abertos para essas realidades. E se trata de uma presença o mais humana possível, aquela que é real. Mario E. Cornejo Mena (aluno).

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