domingo, 26 de fevereiro de 2012


"Então, este é o contexto de onde surge a Carta da Terra. A Carta da Terra é uma resposta, uma expressão desse novo estado de consciência da humanidade. É um alerta em primeiro lugar, é um risco, mas esse risco comporta chances. Onde há risco há também salvação. É página de convocação à humanidade para que ela desperte, inaugure novas práticas e que incorpore valores que tenham como destinação final esta nova mentalidade. O planeta Terra e a humanidade"(Leonardo Boff)[i]

                Uma das mais atuais preocupações da bioética é com relação ao nosso Habitat Natural. A Terra passa a ter um olhar, indiscutivelmente necessário, presente em nossas reflexões. Afinal, não resolveríamos pensar nas questões de qualidade de vida, se não nos preocuparmos em onde vamos viver essa qualidade de vida. Preocupar-se com a Terra é preocupar-se com o nosso futuro, futuro esse que à luz dos últimos acontecimentos e avanços tecnológicos e de progressos, podem levar a nossa própria extinção.
                Nesse itinerário um brasileiro nos ajuda no percurso e nos apresenta um belíssimo projeto de tentativa de salvar nosso Planeta. O teólogo Leonardo Boff se apresenta um dos participantes na construção e redação de um documento que se propõe tornar uma Solf Law (lei branca), a saber: A Carta da Terra.
             Boff nos apresenta que para a elaboração de tão projeto, quatro princípios foram cuidadosamente pensados: O primeiro, parte da ideia de que todos os seres humanos se inter-relacionam, diz Boff que: Estamos todos no mesmo barco. Fazemos parte de uma mesma Cadeia da vida. E nesse sentido, todos devem ser responsáveis e preocupados, por essa que, é a nossa única casa. Um segundo principio parte de uma filosofia da utopia humana, que deseja um único mundo governado por todos. Em terceiro, está a globalização, vista negativamente por muitos, e de fato o é, mas que trouxe também benefícios, como as redes de comunicação, as estradas e rodovias que permitem a ligação de todos e assim a percepção de uma nova utopia global. Diz Boff: “Utopia de uma globalização de rosto humano, onde a solidariedade e a cooperação se transformem em projetos políticos, em projetos pessoais”. E por fim, apresenta-nos o risco que ronda o planeta, desde o aparecimento das armas de destruição em massa e o principio de autodestruição, que possibilita a destruição de toda a nossa biosfera, gerando a impossibilidade de continuidade do projeto planetário humano.
                A Carta da Terra, aprovada definitivamente no ano 2000, apresenta-se como uma tentativa Global de apresentar princípios éticos fundamentais para a construção, no nosso século, de uma sociedade, que se apresente minimamente justa, sustentável e pacífica. Tenta suscitar em todos os povos uma consciência profunda de sentido de interdependência global e reponsabilidade compartilhada que se volta para o bem-estar de toda a comunidade humana, sejam as presentes ou as vindouras.
                Apenas para percebermos sua importância, um pouco de história...
                A Carta da Terra é resultado de mais de uma década de diálogo intercultural, perante objetivos comuns e valores compartilhados. O seu inicio deu-se por uma iniciativa das Nações Unidas que logo se alastrou passando a ser uma iniciativa global da sociedade civil. E assim, em 2000, uma entidade internacionalmente independente – Comissão Carta da Terra – conclui e divulga o documento. (vide texto no final do artigo)
                Para a redação tentou-se envolver o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração que se apresentasse internacional. Assim percebeu-se cumprir essa sua missão com a adesão de mais de 4.500 organizações, incluindo vários organismos governamentais e organizações internacionais.
                É claro que, como já mencionado nesse artigo, A Carta da Terra se apresenta como um documento de Lei Branca. Isso significa que não é uma lei stritu senso, mas moralmente aceita. Assim percebe-se que ao longo dos anos um crescente numero de juristas internacionais vem reconhecendo a legitimidade da Carta.
                Ao vislumbrar esse percurso, compreendemos o grande passo dado pela bioética no auxilio e elaboração efetivo de tão grande passo para a humanidade. Conhecermos seu conteúdo, divulga-lo, pratica-lo convoca-nos a urgência. Sendo assim, BOA LEITURA!
                    O texto da Carta da Terra está aqui!

Por Marco Aurélio.

[i] Citação retira de uma entrevista realizada com o teólogo Leonardo Boff em uma conferencia sobre a Carta da Terra vide homepage: http://www.apoema.com.br/boff.htm. Acesso em 22 fev. 2012.

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