"Então, este é o contexto de onde surge a Carta da Terra. A Carta da Terra é uma resposta, uma expressão desse novo estado de consciência da humanidade. É um alerta em primeiro lugar, é um risco, mas esse risco comporta chances. Onde há risco há também salvação. É página de convocação à humanidade para que ela desperte, inaugure novas práticas e que incorpore valores que tenham como destinação final esta nova mentalidade. O planeta Terra e a humanidade"(Leonardo Boff)[i]
Uma das mais atuais preocupações
da bioética é com relação ao nosso Habitat
Natural. A Terra passa a ter um olhar, indiscutivelmente necessário,
presente em nossas reflexões. Afinal, não resolveríamos pensar nas questões de
qualidade de vida, se não nos preocuparmos em onde vamos viver essa qualidade
de vida. Preocupar-se com a Terra é preocupar-se com o nosso futuro, futuro
esse que à luz dos últimos acontecimentos e avanços tecnológicos e de
progressos, podem levar a nossa própria extinção.
Nesse
itinerário um brasileiro nos ajuda no percurso e nos apresenta um belíssimo
projeto de tentativa de salvar nosso Planeta. O teólogo Leonardo Boff se
apresenta um dos participantes na construção e redação de um documento que se
propõe tornar uma Solf Law (lei
branca), a saber: A Carta da Terra.
Boff
nos apresenta que para a elaboração de tão projeto, quatro princípios foram cuidadosamente pensados: O primeiro, parte
da ideia de que todos os seres humanos se inter-relacionam, diz Boff que: Estamos todos no mesmo barco. Fazemos
parte de uma mesma Cadeia da vida. E
nesse sentido, todos devem ser responsáveis e preocupados, por essa que, é a
nossa única casa. Um segundo principio parte de uma filosofia da utopia humana, que deseja um único mundo
governado por todos. Em terceiro, está a globalização, vista negativamente por
muitos, e de fato o é, mas que trouxe também benefícios, como as redes de
comunicação, as estradas e rodovias que permitem a ligação de todos e assim a
percepção de uma nova utopia global. Diz Boff: “Utopia de uma globalização de
rosto humano, onde a solidariedade e a cooperação se transformem em projetos
políticos, em projetos pessoais”. E por fim, apresenta-nos o risco que ronda o
planeta, desde o aparecimento das armas de destruição em massa e o principio de
autodestruição, que possibilita a destruição de toda a nossa biosfera, gerando
a impossibilidade de continuidade do projeto planetário humano.
A
Carta da Terra, aprovada definitivamente no ano 2000, apresenta-se como uma
tentativa Global de apresentar princípios éticos fundamentais para a
construção, no nosso século, de uma sociedade, que se apresente minimamente
justa, sustentável e pacífica. Tenta suscitar em todos os povos uma consciência
profunda de sentido de interdependência global e reponsabilidade compartilhada
que se volta para o bem-estar de toda a comunidade humana, sejam as presentes
ou as vindouras.
Apenas para
percebermos sua importância, um pouco de história...
A Carta da Terra é resultado de mais de uma década de diálogo intercultural,
perante objetivos comuns e valores compartilhados. O seu inicio deu-se por uma
iniciativa das Nações Unidas que logo
se alastrou passando a ser uma iniciativa global da sociedade civil. E assim,
em 2000, uma entidade internacionalmente independente – Comissão Carta da Terra – conclui e divulga o documento. (vide
texto no final do artigo)
Para
a redação tentou-se envolver o mais inclusivo e participativo processo
associado à criação de uma declaração que se apresentasse internacional. Assim
percebeu-se cumprir essa sua missão com a adesão de mais de 4.500 organizações,
incluindo vários organismos governamentais e organizações internacionais.
É
claro que, como já mencionado nesse artigo, A Carta da Terra se apresenta como
um documento de Lei Branca. Isso
significa que não é uma lei stritu senso,
mas moralmente aceita. Assim percebe-se que ao longo dos anos um crescente
numero de juristas internacionais vem reconhecendo a legitimidade da Carta.
Ao
vislumbrar esse percurso, compreendemos o grande passo dado pela bioética no
auxilio e elaboração efetivo de tão grande passo para a humanidade. Conhecermos
seu conteúdo, divulga-lo, pratica-lo convoca-nos a urgência. Sendo assim, BOA LEITURA!
O texto da Carta da Terra está aqui!
Por Marco Aurélio.
[i] Citação retira de uma entrevista realizada com o teólogo Leonardo
Boff em uma conferencia sobre a Carta da Terra vide homepage: http://www.apoema.com.br/boff.htm.
Acesso em 22 fev. 2012.
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