quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Com licença, vou falar de vida.




Para começo de conversa eu preciso dizer-lhe, caro leitor, que eu entendo bem pouco da vida. Pra falar a verdade, eu entendo quase nada; pouquíssimo mesmo. Mas de uma coisa eu sei, e isso eu sei bem: o de que a vida sempre vale a pena. De que ela sempre nos pede passagem e se tivermos a coragem de deixá-la simplesmente Ser, ela certamente nos surpreenderá.
Em matéria de bioética, os casos apresentados são os mais incrédulos possíveis; a manipulação de embriões (e a fecundação in vitro, estão entre os mais incríveis deles, além de células-tronco, abortos, entre outros), há muito que está na pauta das conversas médicas e a religião, por sua vez, segue tentando, a duras penas, dar sua contribuição para assunto demasiadamente espinhoso.
Quando começa a vida humana? Em que momento somos “Gente” e, a partir de que momento estamos em relação com este mundo (Pessoa)? Perguntas assim, um tanto quanto filosóficas, nos perturbam e exige de nós um parecer mais crível e honesto. Não dá para fechar as vias de possibilidades; sequer dizer que elas não existem. Pois, conosco, sem nós ou apesar de nós a ciência vai ganhando vantagem e, há anos-luz, caminha à nossa frente (da religião). E não deveria ser assim, afinal de contas, ambas as ciências trabalham com o mesmo “objeto de estudo”, a saber, a vida. E vida não se coisifica, não se delega, antes se protege e se responsabiliza-cuida. Mas também a vida é algo que se deve pensar, dialogar, e percebê-la lá onde ela está ameaçada, ignorada, sufocada, mitigada e desprezada.
Penso que, em se tratando de pessoa (ou ser humano), deveriamos sempre nos pautar pela pergunta da afecção, isto é, do quanto (e como) o outro, diante de mim, é capaz de me afetar; de me dizer, em última instância, sobre mim mesmo. Ainda que este outro nada diga ou não possa, ainda, dizer-me em concreto. Não importa. O fenomênico de sua existência é que precisa ecoar sobre a minha e me recordar, ainda que seja o óbvio, e exigir de mim uma resposta. O embrião, por exemplo, é esta pré-sença que não se deixa olvidar o grito que há nele. Um grito por existir, por ser reconhecido, num estatuto que lhe salvaguarda mais do que um direito alienado e distante, mas que lhe dê condições vitais, no agora/já de sua condição, mesmo que indefinida; mesmo que desmerecida. O respeito deveria estar na base de todas as relações, inclusive e, sobretudo hoje, com o meio ambiente, vidas tão descuidadas, maltratadas e mortas. Se existem técnicas de abordagem cientifica onde se preserva a continuação da vida, bios e zoe,  deveria ser este o  ponto crucial de nossas pesquisas. Se há métodos de fecundação, onde não se exponha o desenvolvimento humano e não o descarte como se descarta objetos, então deveriam ser esses os métodos optados pela comunidade científica.
Por fim, se há tantos investimentos em áreas nas quais sequer se pontua a valorização da vida, deveriam, os poderes públicos e governamentais, investir em ações preventivas, paliativas e  que não agredissem, nem tampouco colocassem em risco a sobrevivência de terceiros , sejam eles quais forem, sobre a terra e que lhes fossem dado o direito inalienável de gozarem de suas vidas, dom inquestionável, e a terem plenamente (cf. Jo 10,10). Por Claudemar Silva (aluno).

Créditos da figura: http://www.soyouwanna.com/images/tips-public-speaking-3428.jpg

2 comentários:

  1. Claudemar, bela reflexão! Para mim a vida é um mistério! Somente o criador possui o segredo dessa grande engenharia que ele criada por ele mesmo. Apesar de todo o desenvolvimento da ciência e do mundo tecnológico,o ser humano não será capaz de desvendar esse grande e rico mistério.
    A nós, criaturas do criador, temos a graça e a liberdade de cuidar e gozar dos benefícios advindas desse mistério selado em cada um de nós.
    Acredito que a vida existe desde o momento que o Deus da vida organizou e deu vida a todo o universo. Creio que para Ele, não importa se é embrião, feto ou recém-nascido... trata-se de uma vida querida e cuidada por Deus.
    É isso!

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  2. Obrigado eu, Benedito, que apesar da aporia do texto, penso que a vida seja bem isso mesmo: mistérica. E é tão bom viver... a vida sempre vale a pena. Apesar de todos os pesares, dissabores e "atentados" contra ela: a vida vale muito a pena!

    Abraço amigo...

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