quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Linguagem e bioética



A Declaração universal dos direitos humano proclamada em 1948 inaugurou uma nova era no reconhecimento sobre o ser humano. Além de resignificar as horríveis experiências da última guerra mundial, essa declaração também teve a intenção de criar uma contínua revisão dos programas, dos sistemas e dos regimes, sob o ponto fundamental – que é o homem, fator primordial do bem comum. Esta declaração deu ênfase ao papel da lei como instrumento à disposição das pessoas e dos grupos a fim de concentrar-se na relação entre pessoas-estado. 

Em termos de avanço, a declaração se esforçou por valorizar a liberdade em suas variadas formas: liberdade do poder arbitrário, liberdade de expressão, liberdade de comércio, liberdade no gosto estético, em suma, liberdade do homem moral para criar seu próprio caminho no mundo. A intenção era de declarar uma ruptura entre as diversas moralidades rígidas e impostas, sem poder de argumentação. O exagero foi de ir para o extremo, onde até a responsabilidade dos atos pessoais foi esquecida. 

Diante dessa crise, que poderíamos chamar de linguagem, o homem perdeu seus referenciais. A bioética surge para lançar luz a essa questão. Vem para ajudar o homem a perguntar-se sobre seu sentido existencial, seus meios de sobrevivência, bem como seus valores universais que se expressam nos casos concretos. A compreensão das leis em defesa da vida humana passa pelo crivo do poder da linguagem bem como de sua interpretação. 

Especialmente nas discussões sobre família, aborto, clonagem, a questão da linguagem apresenta várias dificuldades, dentre elas: o nominalismo, onde o significado das palavras pode variar muito, dependendo das determinações voluntárias daqueles que defendem seu conteúdo. Exemplo: a definição de aborto pode variar segundo as conveniências do legislador para uns e para outros o aborto consiste na expulsão voluntária do embrião implantado. 

Precisamos resgatar uma concepção da linguagem que se incline diante das realidades além do próprio homem, não cair nos exageros, buscar o equilíbrio. Cuidado com a manipulação da linguagem! A bioética quer ser aquela que ajude o homem a enxergar as diversas faces do problema a fim de buscar a melhor solução. Por Isaac Celestino de Assis (aluno).

Créditos da figura: http://www.businessesgrow.com/wp-content/uploads/2011/07/conversation.jpg


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