domingo, 26 de fevereiro de 2012

Poder, poder: onde está tua vitória?



            Não é novidade para ninguém que qualquer questão abordada pela bioética se apresenta imediatamente como uma questão polemica. Prós e contras instauram-se em uma arena e digladiam em um torneio que, em determinados assuntos mais complexos, não vislumbramos fim de discussão. Além disso, sendo a bioética transdisciplinar, varias são as vertentes do conhecimento ou das estruturas que tentam apresentar seu parecer. Religião, política, filosofia, teologia, e algumas “gias” mais, apresentam seus argumentos e estabelecem-se na arena para terem vez e voz.
            Nesse viés, torna-nos necessário perdermos um pouco a inocência para percebermos que por trás de muitos discursos o que está em jogo nem sempre é o bem, que nos obriga à faze-lo. Mas, muitos interesses, exteriores e até contrastante com a própria sustentabilidade da vida, entrelaçam-se aos discursos embaralhando os raciocínios e por vezes sobressaindo-se sobre a maioria.
             Os jogos do poder, onde manda quem pode obedece quem tem juízo, atravancam as reflexões e impedem que a bioética possa avançar em suas ponderações. E num mundo capitalista agressivo como os tempos hodiernos, esse manda quem pode, em vários momentos, equiparasse à quantidade de zeros à direita que determinado grupo possuem em suas respectivas contas bancárias.
             É inocência de mais pensarmos que a imparcialidade impera, e que a bioética caminha neutra de qualquer influencia, seja de religião, politica, economia, filosofia ou teologia. No entanto, os jogos de poder, causam, muitas vezes, uma parcialidade que atravancam os processos, amordaçam os pensares.
            E nesse itinerário as mudanças de mentalidade apresentam-se quase que esfumaçadas a frente, como que se quase não houvessem. Mas o importante é percebermos que existe luz no fim do túnel e a proposta maior é não termos medo de dialogarmos. O dialogo, e com ele, a honestidade de sermos persuadidos a aceitar que talvez nosso ponto de vista não é o melhor caminho, devem perpassar o rol de nossas concepções. E apenas no dialogo, que nos permite desarmarmos nossos interesses particulares, que conseguiremos elaborar em conjunto, metas universais sinceras. Exemplos, temos muitos: Declaração dos direitos humanos universais, Carta da Terra...
             O pessimismo nos impera e a duvida de não conseguirmos chegar ao final do percurso é inevitável. No entanto, a bioética que ainda dá os seus preciosos passos rumo ao seu amadurecimento não deve esmorecer. Cabe a bioética e os seus pensadores, apertar os passos, desviar das pedras preciosas do desejo de poder que tanto assolam a todos, para que numa utopia do pensar, ela torne para cada um verdadeiramente aquilo que é sua original missão: nos apresentar uma ética da Vida! Por Marco Aurélio (aluno).

Um comentário:

  1. Urge, sem dúvidas, um olhar mais atento e dirigido às necessidades reais humanas, que superem o interesse egocêntrico e desmedido que gera opressão e exclusão. É curioso e interessante o pensamento semita, bem apresentado no mito da criação, que toca diretamente no conhecimento da ambivalência do ser humano: a negação de sua humanidade, em vista de possuir um poder que lhe é alheio (o desejo de serem absolutos é, amiúde, perceptível na história). Oxalá a humanidade fosse assumida, de modo que refletisse o modo de ser com os outros no mundo! (Felipe Magalhães Francisco)

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