Não é novidade
para ninguém que qualquer questão abordada pela bioética se apresenta
imediatamente como uma questão polemica. Prós e contras instauram-se em uma
arena e digladiam em um torneio que, em determinados assuntos mais complexos,
não vislumbramos fim de discussão. Além disso, sendo a bioética
transdisciplinar, varias são as vertentes do conhecimento ou das estruturas que
tentam apresentar seu parecer. Religião, política, filosofia, teologia, e
algumas “gias” mais, apresentam seus
argumentos e estabelecem-se na arena para terem vez e voz.
Nesse viés,
torna-nos necessário perdermos um pouco a inocência para percebermos que por
trás de muitos discursos o que está em jogo nem sempre é o bem, que nos obriga
à faze-lo. Mas, muitos interesses, exteriores e até contrastante com a própria
sustentabilidade da vida, entrelaçam-se aos discursos embaralhando os
raciocínios e por vezes sobressaindo-se sobre a maioria.
Os jogos do
poder, onde manda quem pode obedece quem
tem juízo, atravancam as reflexões e impedem que a bioética possa avançar
em suas ponderações. E num mundo capitalista agressivo como os tempos
hodiernos, esse manda quem pode, em
vários momentos, equiparasse à quantidade de zeros à direita que determinado
grupo possuem em suas respectivas contas bancárias.
É inocência de
mais pensarmos que a imparcialidade impera, e que a bioética caminha neutra de
qualquer influencia, seja de religião, politica, economia, filosofia ou
teologia. No entanto, os jogos de poder, causam, muitas vezes, uma parcialidade
que atravancam os processos, amordaçam os pensares.
E nesse
itinerário as mudanças de mentalidade apresentam-se quase que esfumaçadas a
frente, como que se quase não houvessem. Mas o importante é percebermos que
existe luz no fim do túnel e a proposta maior é não termos medo de dialogarmos.
O dialogo, e com ele, a honestidade de sermos persuadidos a aceitar que talvez
nosso ponto de vista não é o melhor caminho, devem perpassar o rol de nossas
concepções. E apenas no dialogo, que nos permite desarmarmos nossos interesses
particulares, que conseguiremos elaborar em conjunto, metas universais
sinceras. Exemplos, temos muitos: Declaração
dos direitos humanos universais, Carta da Terra...
O pessimismo nos impera e a
duvida de não conseguirmos chegar ao final do percurso é inevitável. No
entanto, a bioética que ainda dá os seus preciosos passos rumo ao seu
amadurecimento não deve esmorecer. Cabe a bioética e os seus pensadores,
apertar os passos, desviar das pedras preciosas do desejo de poder que tanto
assolam a todos, para que numa utopia do pensar, ela torne para cada um
verdadeiramente aquilo que é sua original missão: nos apresentar uma ética da Vida! Por Marco Aurélio (aluno).
Urge, sem dúvidas, um olhar mais atento e dirigido às necessidades reais humanas, que superem o interesse egocêntrico e desmedido que gera opressão e exclusão. É curioso e interessante o pensamento semita, bem apresentado no mito da criação, que toca diretamente no conhecimento da ambivalência do ser humano: a negação de sua humanidade, em vista de possuir um poder que lhe é alheio (o desejo de serem absolutos é, amiúde, perceptível na história). Oxalá a humanidade fosse assumida, de modo que refletisse o modo de ser com os outros no mundo! (Felipe Magalhães Francisco)
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