Pensemos nas grandes guerras da
história. Para que elas acontecessem, as partes interessadas desenvolviam estratégias. Derivada do grego strategos (στρατηγός) era vista como uma grande arte do general, que
desenvolvia e conduzia campanhas, fazia divisão de forças em vista de derrotar
o inimigo em suas batalhas. Estratégias que deixaram suas marcas na história e
hoje são utilizadas em diversas situações, como o Brasil, que se declarou um
grande opositor do crack, a droga que vem causando um grande mal à sociedade
brasileira.
Numa
reportagem ao portal G1, no dia 07 de dezembro de 2011, O ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, informou que entre 2003 e 2011, passou de 25 mil para 250
mil a média mensal de atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) a usuários
de álcool e drogas em todo o país. Tais dados foram apresentados durante
lançamento de conjunto de ações integradas para o enfrentamento do crack no
Brasil. Segundo o ministro, o país vive uma epidemia da droga a qual chamou de
“ferida social”. O governo federal pretende investir R$ 4 bilhões para aumento
do atendimento de saúde aos dependentes químicos, enfrentar o tráfico e ampliar
ações de prevenção.
Seguindo
a linha estrategista nesta grande guerra contra a “rocha”, como é conhecida
pelos usuários, o governo federal desenvolveu o programa que recebe o seguinte
mote: “Crack, é possível vencer”. Com a pretensão de criar enfermarias
especializadas com 2.462 leitos destinados ao tratamento de usuários de drogas
nos hospitais do SUS, e investimentos previstos até R$ 670 milhões. No seguinte
link:
http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/home
encontra-se todo um trabalho de conscientização e prevenção contra a droga que
vem destruindo inúmeras pessoas e tornando a vida de suas famílias um inferno.
Existe até o 0800 510 0015 para
informações.
Toda essa preocupação em combater a
“ferida social”, como denomina o ministro da saúde é muito importante, mostra
que o governo não está de olhos fechados para tal situação, mas fico pensando
sobre esses grandes investimentos, pois a mídia nos mostra o quanto a saúde
pública no Brasil é precária, o quanto pessoas esperam em filas enormes para
serem atendidas, o quanto ficam nos corredores de hospitais esperando vaga em
um leito. Meu Deus! Tem gente que a até morre por falta de atendimento. Quais
serão os resultados dessa estratégia? Será que nossos generais estão realmente
visualizando todo o campo de batalha e toda força inimiga?
O crack é extremamente maléfico,
segundo informações do próprio site citado acima, Das vias aéreas até o
cérebro, a fumaça tóxica causa um impacto devastador no organismo. As principais
consequências físicas do consumo da droga incluem doenças pulmonares e
cardíacas, sintomas digestivos e alterações na produção e captação de
neurotransmissores. Na reportagem do portal G1, também já mencionada neste
texto, A presidente Dilma Rousseff destacou que a rede pública de saúde terá de
ser “reforçada” para atender a usuários, que segundo ela, “têm não só problemas
pontuais, mas têm crise de abstinência, dificuldade de lidar com o fato,
colocam suas vidas em risco e tem comportamentos que afetam profundamente a
família”. Outra vez digo que são admiráveis tais tentativas, mas ainda insisto
no olhar mais eficaz para as estratégias. No início deste ano todo país ficou
perplexo com ações na cracolândia, grande São Paulo. Para ser mais específico há
quase dois meses ocorreu a tal “operação sufoco” que expulsou os dependentes
químicos viventes naquela região. Estratégia ou não, o caso mobilizou a
sociedade civil, que recriminou o ato, dizendo que foi na verdade uma “operação
espanta mosca”, conforme carta enviada ao governo do estado e publicada no site
Spresso SP no dia 08 de fevereiro. Trecho da carta diz o seguinte: “A violência da força policial ao agredir os
dependentes químicos, a ‘procissão do crack’ pelo centro da cidade provocada
pela estratégia de expulsão dos usuários e a guerra urbana que se instaurou com
a ação policial são apenas algumas das consequências de uma política
equivocada, ingênua e desastrosa. Esta medida tem gerado ainda ameaças aos
moradores e comerciantes de roubo, de incêndio às lojas, além de toda sujeira
“sanitária” gerada pela peregrinação dos viciados à diferentes locais na área.”
Contudo,
parece que em época de ano eleitoral não há bem estratégias e sim atitudes
desesperadas de maquiar situações para mostrar que está tudo ficando bem, ou
melhor, há atitudes eleitoreiras.
Entendo que grandes problemas
enfrentados pela saúde pública em nosso país não serão resolvidos do dia para
noite, como não foi resolvido o problema do crack em São Paulo, mas será com
passos lentos e eficazes. Voltemo-nos à etimologia da palavra estratégia, e
peçamos ao governo federal que realmente a utilize de forma inteligente, que a
ação de combate seja continuada, que
chegue em todas as áreas, interrompendo o tráfico, fazendo acompanhamento social,
atendendo as famílias, ou seja curando realmente a “ferida social” e não
colocando apenas uma gaze em cima dela para que apenas não se veja. Por
Benedito Antônio (aluno)
Crédito da imagem: http://3.bp.blogspot.com/_6vYqUCCMmHo/TGyxLZzb3fI/AAAAAAAABQU/8RLvEogAdcI/s1600/medo.jpg
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