quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A teologia e a bioética frente aos desafios contemporâneos - Parte II


Logo, não é se tornando um agente alheio que os teólogos e os intelectuais de hoje encontrarão possibilidades para uma vida mais salutar e profícua na contemporaneidade. Não é ditando preceitos ou códigos de normas para a retidão da ciência que os desafios serão sanados ou eliminados. Mas, possivelmente, seria redescobrindo o sentido ético para a vida. Ressignificando e atualizando o sentido da pergunta: o que é o homem? E acolhendo de modo crítico a mutação cultural dos novos tempos.
Portanto, o ser vivo teria antecedência ao ser cultural, já que só os vivos são geradores de culturas e novas culturas. A relação preponderância sobre o individualismo, pois é nela que o homem se descobre enquanto homem e, por isso, se realiza enquanto tal. O retorno às fontes intelectuais e teológicas com a primazia dessas fontes sobre qualquer discurso cego e sem raízes na tradição Ocidental.
Os dramas atuais devem ser levados a sério de modo que os equívocos dêem espaço para a abordagem discursiva. As descobertas devem ser democráticas para que o fim das mesmas atinja a população mundial e a diversidade de vidas existentes. As ações humanas devem ser conscientes e críticas para que não se deságuem em mortandades friamente calculadas. O agir teológico e ético devem ser para além das estruturas hierárquicas para que a liberdade e a solidariedade se estendam, também, aos benefícios trazidos pelo desenvolvimento nos últimos tempos. A retidão dos agentes nas diversas esferas do desenvolvimento tecnocientífico deve ser a moção primeira guiada pela simbólica para que a vida não sofra o assalto de nenhum interesse utilitarista e particularista.  
O simbolismo da realização comum deve buscar seus fundamentos na raiz do ser vivo com a perspectiva de preparar um futuro melhor para a vida humana e para o meio ambiente. Nisso consiste a colaboração intrínseca da simbólica com a tecnociência[1]. A ação que permite uma comum união entre a variedade de homens responsáveis e imersos no desenvolvimento que teria com chão o reconhecimento da seriedade dos desafios. E o papel de todos no reconhecimento como eixo de ligação entre os diversos impactos causados pelo ser humano. A sociedade como a casa mãe, a dependência mutua como responsabilidade e todos como peças chaves do grande quebra-caleça que é a vida.
Os embates e desafios que tocam a vida em suas diversas dimensões, hoje, são os mesmos dramas e paradoxos com os quais os antepassados se depararam em tempos remotos. Por isso, ainda, as exigências contemporâneas podem ser um convite aos atuais intelectuais de retornarem ao passado como luz para os presentes desafios. Mas deve haver a cautela para se evitar os excessos. A sensatez e a coerência para não se deixar ser guiado por anacronismo, ou seja, por preconceitos e reducionismos históricos.  E assim, não se prender a posturas fixas, fechadas e deterministas. Pelo contrário, tendo o logos, a razão com a razoabilidade e dosagem suficientes para que não exista espaço para nenhuma ditadura. Nem religiosa, nem intelectualista, nem utilitarista, nem exclusivista e, mesmo ainda, nem ditadura do desespero e falta de perspectiva diante de todos os contrastes e passíveis descompassos na atual atmosfera social, cultural, científica e religiosa.
Levar a sério todos os fenômenos visíveis em todo o mundo, atualmente, é reconhecer o desdobramento da ação antropológica do ser humano. E, não obstante, dialogar com as possibilidades não só da perda de identidade e da vida humana, mas também, com as possíveis ameaças que rondam e aterrorizam o equilíbrio e harmonia de todo mundo e de todas as formas de vida. Logo, dizer alguma coisa sobre Deus é zelar por toda a criação. E se colocar na dinâmica do desenvolvimento e de todo o tipo de ciência é ser antes de tudo verdadeiro consigo mesmo e com as vidas. Por Vagner Moreira (aluno).

Crédtito da figura: http://fast.mediamatic.nl/f/ztvc/image/126/4466-310-389.jpg


[1]  Cf. PEGORARO, Olinto A. Ética e bioética: Da subsistência à existência. Petrópolis, Vozes, 2002, p.43.




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