(M. Gandhi)
Sabemos que a paternidade da
Bioética, mesmo controversa, é bem definida: Van Potter (oncologista) e Andre
Hellegers (obstetra). Sendo assim, vislumbramos, especificamente, o ambiente de
seu nascimento. É na medicina e nas questões éticas envolvendo suas práticas e
evoluções que a bioética foi cunhando seu espaço e apresentando seus estatutos
fundamentais.
No entanto, percebemos que o
neologismo bioética, refere-se, em
uma simples tradução de termos, a ética da vida. Assim o sendo, percebemos que a vida não pode
ser contida, e não é possível mesmo, apenas nas paredes dos hospitais,
consultórios ou salas de cirurgias. A vida extrapola sua mera biologia e
apresenta o homem um ser de relação. Sendo relação, o ser humano não contem em
si mesmo, mas o é em contato com os demais de sua espécie, com os de outras
espécies diferentes, com o seu habitat
natural e para além dele.
Percebemos nesse percurso que ao
pensarmos bioética não podemos fazê-lo apenas em relação, ao nascer e ao
morrer, ao usar tal tecnologia em determinado tratamento ou não, ao prolongar
assistidamente a vida humana. A Bioética passa a compreender, a refletir, a
posicionar-se em relação à tudo o que envolve as relações humanas. Agora ela
fala sobre sustentabilidade do Planeta: “estamos
no mesmo barco”; fala sobre as relações de poder vigentes em questões
econômicas; fala sobre a fome no continente Africano e a nossa possiblidade de
sensibilizarmos com tal situação, pensa o cuidado tecnológico na fabricação
bélica, etc.
Se já em sua gênese a bioética era
uma reflexão da ciência biológica com a ética, fazendo-a nascer
interdisciplinar. Em seu desenvolvimento, ela se torna transdisciplinar,
perpassa pelos vários caminhos do conhecimento, dialoga com eles, instaura-se,
estabelece relações. Assim a bioética faz-se presença efetiva, e por isso,
necessária de ser conhecida, estudada e vivenciada por todos. É dessas reflexões que brotam a continuidade
da vida!
A bioética cresce, deixa os simpósios de medicina e passa a falar
aos quatro cantos do mundo. Madura? Ainda não!
Mas preparada suficientemente para estabelecer dialogo.
Por
fim, constatamos que a Bioética não trai suas raízes e desenvolvendo-se pelos
tempos, cumpri sua missão tão sonhada por um dos seus idealizadores. Afinal,
não foi o próprio Van Potter que pensará a bioética como uma ponte para o futuro?
Pois,
bem ela cumpre sua missão, talvez não sendo apenas uma ponte, mas um complexo
viaduto de nossas modernas cidades, com retornos e acessos, antes ainda não
imagináveis. Se ainda não bem sinalizados, nos possibilitando erros pelo
percurso? Cabe agora estabelecermos novas fases. Afinal: daí depende nosso futuro!
Marco Aurélio.
Créditos da foto: http://lh5.ggpht.com/_DepIwO_eCIs/S-8Oy7vufGI/AAAAAAAAAWI/2V-7tff0JI8/TheJudgeHarryPregersonInterchange_th.jpg
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