Diante de uma pessoa, algo torna-se evidente: a vida é um fenômeno, acontece, é dom. Assim, o homem representa, mesmo aos olhos do biólogo e do naturalista, a forma mais autônoma da vida. É o vértice, o ápice da expressão vivaz, sumamente significativa.
Nesse sentido, a biologia, ao cuidar de inúmeras expressões de vida, ocupa-se, igualmente, da vida humana. Todavia, a vida humana não se diferencia unicamente pelos números de cromossomos ou por sua morfologia, em relação às outras expressões de vida, plantas e os primatas. A medicina, por isso, se debruça sobre a totalidade do homem, física, emocional, psíquica e espiritualmente, pelo óbvio motivo de que a vida tem com a medicina uma relação de intersubjetividade, isto é, uma necessária humanização da medicina, frente à massificação das novas tecnologias.
Por isso se reivindica atualmente a necessidade da redescoberta da dignidade da pessoa humana, desde sua concepção à sua morte, passando por sua espiritualidade até a sua imortalidade.
O que é Pessoa?
O homem é um ser vivente. Este é outro dado inquestionável. Nenhuma corrente do conhecimento humano, a saber, filosófica, sociológica, materialista, entre outras, poderá negar este dado da condição humana, mesmo que o homem seja estudado sob primas diversos e às vezes opostos.
No próprio organismo do homem está resumida e representada a realidade cósmica, na consciência do homem é possível a reelaboração consciente das realidades do universo, e nas obras do homem está presente a capacidade de domínio das realidades que o circundam. (SGRECCIA, 1996, p. 112)
Quanto à questão que se levanta, o que é Pessoa, temos várias respostas, sob ângulos diversos. A psicologia, por exemplo, nas suas mais variadas correntes, capta os aspectos relacionais do ser humano. Todavia, aqui, importa-nos o aspecto metafísico, o valor objetivo da dignidade da pessoa, sua estrutura ontológica. Na Pessoa, está circunscrito a unidade espírito e corpo que compreendem o seu caráter espiritual, intelectivo e moral.
Diante das enormes possibilidades de atenção a esta prerrogativa, interessa-nos, pelo viés da Bioética, perguntarmo-nos acerca da visão da medicina. A medicina, ao abordar o ser humano, deve se interessar responsável e criticamente também pela espiritualidade do homem, isto é, ousar esclarecer como essa vida espiritual está unida à sua corporeidade.
“Na história de mais de dez mil anos, estamos na primeira época em que o homem tornou-se para si mesmo universal e radicalmente problemático: o homem não sabe quem ele é e se dá conta de não mais sabê-lo”. (M. Scheler in SGRECCIA, 1996, p. 113). [continua...]. Por Claudemar Silva (aluno).
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