Que a sociedade se evoluiu, isso
não há dúvidas. Diríamos que, ao longo da história, no ocidente, especialmente,
nos mais de 2000 anos, há no mínimo três grandes momentos: a chamada era Cristã
(a partir do séc. IV), o Iluminismo (Séc. XVII-XVIII, com a Revolução Francesa)
e agora, o advento da tecnologia (sécs. XIX e XX).
A sociedade sempre optou pelo
conhecimento: “uma vida não examinada não merece ser vivida” (Sócrates. A
República). Em sua busca, empreenderam-se homens e mulheres ao longo da
história humana. Filósofos, matemáticos, cientistas, teólogos e tantos outros
não se deixaram aquietar pelo até então açambarcado. Era (e é) sempre possível
ir além; um pouco mais. O saber se
tornou técnica, e vice-versa, e esta, atualmente, torna-se informação rápida e,
por isso mesmo, fugaz. Nunca, como agora, vale tanto mais o conhecimento empreendido
e posto a serviço de tudo, inclusive do crime, da corrupção e de tantas outras
formas de aniquilação humana. De fato, os dias corroboram o ditado: “saber é
poder” (J. J. Rousseau).
A ciência evoluiu e, com o
auxilio tecnológico, ganhou patamares jamais pensados. O seu desdobramento suscitou
na comunidade médica o cuidado de pensá-la por meios eticamente plausíveis.
Assim, em 1970 surge o ramo da bioética que tem como pressuposto o cuidado com
a vida em toda a sua extensão. Pensá-la e executá-la da forma mais eticamente
aceitável, dentro dos ditames de uma ética embasada na humanização e promoção
da vida humana e de todo o ecossistema. O grande desafio, em nossos dias, é
unir o chamado saber científico, apurado, tecnicizado, fragmentado,
instrumentalizado e o chamado saber humanista. De fato, a separação entre esses
dois conhecimentos causa um grande prejuízo ao ecossistema.
Frente aos desafios que se
alargam com a primavera dos meios tecnológicos, cibernéticos, sempre mais
avançados, adaptados pela ciência moderna, urge a construção de uma “ponte”
entre esses dois saberes, científico e humanista, possibilitando a essas duas
culturas um diálogo franco, amistoso e progressivo, em benefício da vida, em
última instância. Uma vida que, apesar dos avanços sempre mais acelerados, não
se diminuíram os riscos e atentados contra a sua continuidade nesta terra. Não
são poucas as ocasiões em que a vemos humilhada, ameaçada, desrespeitada e
ignorada.
O oncólogo Van Rensselaer Potter[1], quem
primeiro cunhou o termo “bioética”, sublinha a “necessidade de que a ciência
biológica se faça perguntas éticas, de que o homem se interrogue a respeito da
relevância moral de sua intervenção na vida” (POTTER, in SGRECCIA, 1996, p. 24). A grande preocupação de Potter é que,
este poder que dizemos acima, torne-se, em suma, numa grande ameaça à vida
humana. Afinal, este poder biotecnológico nas mãos de poucos, pode se
caracterizar um alarme, visto que diante das novas possibilidades tecnológicas,
frente à vida humana, esta seja reduzida ao seu estágio de morte, de inanição, ou
mesmo a uma subvida.
Desse modo, a visão ética que
ousa englobar num diálogo o maior número possível de saberes, ousa, sobretudo,
o respeito ao ecossistema, primando por uma visão holística e que dê condições
de sobrevivência saudável e respeitada por todos. Uma ética que não seja
fragmentada, mas que ouse integrar-se, assim como só podemos mensurar um ser
humano que esteja satisfatoriamente integrado, total e uníssono em sua condição
humana. Por Claudemar
Silva (aluno).
Crédito da foto: http://phenomenologyftw.files.wordpress.com/2011/02/knowledge_jeezny.jpg
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