“É melhor a morte do que a vida cruel, o repouso
eterno do que uma doença constante” (Eclo 30,17)
Não se espante:
O presente artigo nos trará muito mais perguntas, além das que já temos, do que
respostas, das tantas que buscas!
Algo inevitável
em nossas vidas é em algum dado momento passarmos pelo sofrimento, seja ele,
psíquico, emocional e principalmente físico. Dizem alguns que se uma pessoa se
diz 100% feliz, essa deve com urgência procurar ajuda especializada, pois sofre
de um mal gravíssimo que ainda não veio à luz.
Se falarmos de
sofrimento emocional já é um problema grave, quando nos referimento ao
sofrimento físico, esse toma uma proporção que extrapola as salas dos
consultórios ou os leitos de dor e atingem a todos. Instancias religiosas
(teológicas), politicas, filosóficas, sociológicas e tantas “cas” mais, tentam dar um sentido ao
sofrente: ora para suportar o sofrimento (re)significando tal situação em prol
de algo superior; ora rejeitando por completo, pois o importante é o prazer
absoluto e por isso o sofrimento necessariamente deve ser definitivamente excluído;
ora apresentando-lhe itinerários para eliminar-se a si, para extinguir o
sofrimento que o assola.
E é ai que
chegamos a um dos mais polêmicos e discutidos assuntos da bioética: a Eutanásia.
Etimologicamente
falando a Eutanásia vem do grego que significa: eu “boa” e thanatos “morte”, ou seja, boa morte, sem dores e
angústias. Esse era o sentido original utilizado pelo Estoicismo. Para eles, como Sêneca, o sábio podia e devia assumir
sua própria morte quando a vida não tivesse mais sentido para ele.
Modernamente
falando, a partir do século XVII com Tomás Morus e Roger Bacon, o termo passa a
ter como sentido o ato de pôr fim à vida de uma pessoa enferma. Na atualidade o
termo ganha o sentido mais estreito de ser a prática pela qual se busca
abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável.
No entanto,
logo de inicio duas correntes digladiam-se em questões que possivelmente nos
deixam sem resposta: Lancemos as cartas:
Por um lado, os
contra a eutanásia se questionam se à alguém pode ser concedido o direito de
tirar a vida de outrem? Além disso, até que ponto o sofrimento do enfermo não
lhe trás questões psicológicas que o pressionam internamente a tomar “livre”
tal decisão? (incomodo familiar, acreditar que não tem mais o que contribuir
com a sociedade vigente, não ter mais sua liberdade plena). Outra ainda, até
que ponto a ciência e a tecnologia podem assegurar que nenhum errado poderá
ocorrer e que o diagnostico de irreversibilidade de determinada doença é 100%
garantida? E até que ponto, o eliminar os doentes profundos de nossa sociedade
não seria outra forma mascarada de tentarmos criar uma sociedade dos
produtivamente ativos? (purificação da raça?!?!)
Por outro lado,
os que são a favor da eutanásia apresentam suas teses: Deve a vida humana,
independentemente de sua qualidade, ser sempre preservada? É dever do médico e
dos hospitais sustentar, indefinidamente, a vida de uma pessoa que, por
exemplo, já foi constatado irreversivelmente lesado em seu encéfalo, por meio
de respiração artificial e alimentação parenteral? Até quando será permitido
sedar a dor, ainda que isso signifique um abreviamento de vida? Já que a pessoa
humana tem o direito à vida, assegurado pelos Direitos Humanos, até que ponto
essa mesma pessoa não teria direito a escolha da morte?
Ufa quem tem as respostas que atire os primeiros
comentários...
Esses são
apenas alguns pequenos questionamentos dos inumeráveis postos tanto por uma
facção quanto pela outra.
O fato é que a
eutanásia, pratica já liberada em alguns países oficialmente, e praticada nos
quatro cantos do mundo, nos tão famosos chás
da meia-noite, é algo que permeia a sociedade de outrora e de hoje. Podemos
arriscar a dizer que, sentenciarmos tal questão: pro ou contra, para
aqueles que estão de fora, torna-se tarefa de escolha, por vezes mui tendenciosa. Debruçarmos sobre a
questão, colhermos os casos já existentes, aprendermos com eles e até mesmo os
viver em nossas reflexões, podem nos ser de grande auxilio ao expressarmos
nossos pareceres.
Missão difícil: SIM! Impossível: JAMAIS!
André, belo artigo! Gostei da leitura. Contudo, como você mesmo conclui a reflexão: faz-se necessário "colhermos os casos já existentes, aprendermos com eles e até mesmo os viver em nossas reflexões". A discussão da Eutanásia na sociedade brasileira ainda é bastante tímido... Mas eu paro a refletir o seguinte: quem de nós pode avaliar o tamanho ou extensão do sofrimento do outro? Quem somos nós para decidir o fim da vida de uma pessoa? Uma vez que a vida pertente ao criador? Mas é uma questão que só poderemos responder quando de fato o vivermos na nossa própria carne. É uma "missão difícil: SIM! Impossível: JAMAIS!"
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