“Este modo consiste en ver la trascendencia como algo que trasciende en y no como algo trasciende de, como algo que físicamente impulsa a más pero no sacando fuera de; como que lanza, pero al mismo tiempo retiene. En esta
concepción, cuando se alcanza históricamente a Dios –y lo mismo vale decir
cuando se alcanza personalmente a Dios-, no se abandona lo humano, no se
abandona la historia real, sino que se ahonda en sus raíces, se hace más
presente y eficaz lo que estaba efectivamente presente.”[1]
Ver a transcendência deste modo leva-nos a
pensar que não existe contradição entre as ciências e a teologia. Ao contrário,
ambas estão na procura daquilo que é real. Também, ambas desejam nos humanizar.
Mas isto só é possível mediante o diálogo entre essas duas hermenêuticas do
real e do humano.
A teologia cristã está baseada no evento de
Jesus Cristo. A Palavra de Deus que se encarnou e se fez próxima a nós, até
viver as últimas consequências do amor, de ser plenamente humano. É o movimento
da transcendência de que fala Ellacuria: transcender
em, algo que impulsa a mais, mas não tirando fora de. Assim, desse modo
Jesus Cristo mostrou-nos o que significa viver segundo o amor e segundo a
humanidade; é o caminho que tentamos viver os cristãos no dia a dia. Também, é
a nossa proposta de humanidade.
As ciências, que partilham nas suas origens
uma história com a filosofia clássica e depois com o cristianismo, procuram
também experimentar o mais profundo da realidade. É possível dizer que também,
similar ao cristianismo, procuram transcender
em... sempre ir além sem nos
tirar fora da realidade: do ser humano, do mundo ou do universo. Assim as
ciências nos fazem presente e eficaz, nos narram e colocam em nossas mãos, o
real. De alguma forma, nessa narração está presente o ser humano, embora
estivesse já de forma aplacada, na forma de tecnologia.
Como vemos, as aspirações das ciências e das
tecnologias andam por caminhos similares. Ambos procuram nos facilitar uma
experiência de humanidade. Do mistério que é o ser humano, revelado no seu amor
ou na sua capacidade de narrar e fazer. Só um matiz, a teologia cristã tem
presente à realização humana no amor (na relação), as ciências andam pelo
caminho das capacidades humanas (o poder) sobre os outros e o mundo.
Pelo mesmo fato de andar por caminhos
similares, não idênticos, a ciência e a teologia cristã precisam do encontro e
do diálogo, para que o percurso seguido por ambas seja frutífero para nossa
humanização. Esse encontro, num lugar chamado bioética, pode nos ajudar a
continuar a nossa caminhada de transcendência histórica de humanização. Por Mario E. Cornejo Mena (aluno).
[1] Ellacuría,
Ignacio. Historicidad de la salvación cristiana. En: Ellacuría, Ignacio; Sobrino,
Jon. Mysterium Liberationis. Conceptos
fundamentales de la Teología de la Liberación. V.II, Madrid: Trotta, 1990,
p. 328.
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