quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DONUM VITAE

Nos documentos eclesiais, o tema da clonagem não se trata diretamente. A declaração Donum Vitae da Congregação para a Doutrina da fé exige que a chamada vida de um novo ser humano tenha lugar no contexto de um ato de amor sexual e rechaça que o novo ser produto de uma eficiência técnica mensurável com os parâmetros de controle e domínio. Estes princípios implicam o rechaço da clonagem.

Em vários discursos dos papas (por exemplo, João Paulo II) desqualificam a utilização das técnicas genéticas e da reprodução assistida que pudessem criar seres humanos de diversa qualidade genética e tivessem um significado eugênico.

Desde nosso ponto de vista, fazemos duas objeções muito importantes contra a clonagem. Em primeiro lugar, sublinhamos as possíveis anomalias que esta técnica poderia induzir no novo ser. Para ativar o DNA contido nos núcleos das células somáticas que será transferido aos ovócitos previamente enucleados, tem que preceder umas manipulações cujas conseqüências podem ser imprevisíveis. À possibilidade de abortos, no caso de detectar anomalias no transcurso do processo embrionário, há que se acrescentar o risco de que as anomalias se manifestem posteriormente ao nascimento. Experimentar com o ser humano, que é sempre um em si mesmo, um sujeito, é eticamente inaceitável. Como se pode assumir o risco, quando o que esta em jogo é um ser com destino humano? A resposta é negativa.

Em segundo lugar, afirmamos o direito de todo ser humano a ser ele mesmo, e não a vir ao mundo totalmente programado em sua intimidade genética por desejos ou expectativas alheias.

Reiter, um moralista alemão, formula um decálogo de manipulação genética e cujo último preceito afirma “o direito a ser produto de uma casualidade” e no das expectativas alheias.

Para não poucas pessoas, a revolução biológica significou o amanhecer de uma nova era da onipotência do humano. Considerou-se a genética como a solução, longamente esperada, para os problemas e aspirações humanas. Danielle, afirmou que “desde o ponto de vista da genética o ser humano é um bárbaro” e só mediante modificações radicais genéticas nossa civilização poderia avançar a um estado modestamente estável.

Depositar na genética toda nossa confiança no futuro do ser humano significa reconhecer que não foram capazes de solucionar os problemas das relações sociais sob a base da inteligência e do caráter humano. Por difícil que seja definir o que é humano, o recurso a tecnologia representaria o rechaço da nossa capacidade humana para configurar a sociedade.

Impõe-se voltar ao texto bíblico do Gênese, a frase do Criador ao homem “Quem te falou que estavas nu?” é um símbolo da situação que estamos vivendo. A ciência está a ponto de descobrir a mais intima constituição do ser humano. Com o projeto genoma está chegando ao ser humano cristal. Um ser humano que deposita excessivas expectativas na genética, como a nova ciência do bem e do mal. E isto não é assim, o amor criador do Pai, amigo da sabedoria humana aponta continuamente para o ser humano, cuja dignidade e intrínseco valor devem ser sempre proclamados e defendidos. Por Rafael Leria (aluno).

Créditos da foto: http://www.sciencephoto.com/images/download_wm_image.html/G340046-Human_cloning-SPL.jpg

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