quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O ÚLTIMO LUGAR



Desde cedo aprendemos ser importante ocupar sempre o primeiro lugar. Na escola, tirar as melhores notas. No trabalho, ganhar prêmios e promoções. Nas competições, ficar sempre à frente. Em tudo, ser o melhor. Isso não é de todo negativo. Masum risco nisso para o cristão: fazer da também um modo de se autopromover, de pisar o outro para se dar bem. Um procedimento dessa natureza não condiz com a autêntica atitude cristã.
Para Jesus (Lc 14,1.7-14), as atitudes de seus seguidores devem ser de humildade e gratuidade. É certamente um comportamento que parece pouco atrativo. Trata-se de uma lógica meio fora de moda. Jesus, evidentemente, não ensina seus discípulos a ser tontos. De jeito nenhum! Muito pelo contrário. Os discípulos devem ser portadores de “santa esperteza”, para não se deixarem levar pelo espírito de arrogância presente no mundo, inclusive quando se refere a assuntos relacionados a bioética.
Ser humilde não é ser bobo. Ser humilde é conhecer as próprias limitações. E quem age na gratuidade sabe receber os dons de Deus e compartilhá-los com os outros. A pessoa humilde não é egoísta nem autossuficiente. A autêntica humildade sabe quemais alegria em dar que em receber. Ao humilde é mais fácil acolher o amor gratuito de Deus.
Daí a advertência de Jesus a respeito da ocupação de primeiros lugares. Ocorre que ocupar os primeiros lugares representa a possibilidade de se deixar envolver pelos privilégios e perder a característica principal da vida cristã: o serviço. Quem anseia os primeiros lugares descaracteriza a comunidade dos discípulos.
O desafio, portanto, é reconhecer o lugar estratégico do cristão. Com a imagem do banquete, Jesus aconselha que o discípulo escolha o último lugar. Escolher o último lugar é pôr-se na situação de quem nunca ocupa lugar nenhum neste mundo: dos mais sofredores, dos que nem sequer têm oportunidade de dizer a sua palavra.
A comunidade cristã é, pois, chamada a aguçar sempre mais a capacidade de crítica da realidade. É chamada a ter palavras e ações em nome daqueles – e com aquelesque nunca usufruem das iguarias dos banquetes da terra. Estando livre dos privilégios que acomodam, o discípulo terá maior liberdade para servir e construir o reino. Reino onde todos têm igual acesso às delícias da mesa. Por Antonio Iraildo Alves de Brito (aluno)

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