A palavra eutanásia etimologicamente significa boa morte
ou morte feliz. No contexto atual, a eutanásia significa levar a morrer alguém
acometido por uma doença incurável para que o desenlace aconteça rapidamente e
sem sofrimento, seja agindo diretamente para esse fim, seja abstendo-se de
intervir para impedir a morte. A primeira é uma eutanásia ativa e a segunda
passiva. Seja como for, essa questão nos coloca diante do dilema da morte. E
não se pode falar de morte sem antes resgatar o sentido da vida. Segundo a fé
cristã: “não se nasce para morrer, mas para viver”. Precisamos descobrir a
sabedoria de viver, de integrar a morte na vida.
A concepção da morte e do morrer pode ser vista com
diversos óculos, da medicina, da cultura, da religião. Acentua-se aqui o
aspecto cultural e religioso. Na cultura atual o ser humano é expropriado de
seu morrer, e a morte é mercantilizada e fetichizada. O mito da sociedade
perfeita consiste em proclamar que só vale a pena viver quando existe a
possibilidade de satisfação e prazer encontrados no poder de consumo. Existe a
dificuldade de aceitar um mal-estar, um sofrimento na vida. Na mentalidade contemporânea
há uma incompatibilidade entre sofrimento e realização humana. Acha-se que só
se feliz sem sofrimento.
Assim como o sofrimento não pode ser aceitável, assim
também a morte tem que ser esquivada. A sociedade mercantilista faz desaparecer
a presença de morimbundos. Os mortos são assumidos por funerárias encarregados
de maquear a morte. Segundo a obra: “ o tabu da morte” de José Carlos Rodrigues,
existe um processo de fetichização e correspondente tabuização da morte. Se o
sexo antes era o tabu, hoje é a morte que assume seu lugar. Antes se inventavam
histórias sobre como as crianças vinham ao mundo, hoje se inventam historinhas
para simular a morte. Não se nega também outro lado da morte que é sua
especularização na mídia. Pode ser outro lado da questão que exige também mais
conversas e talvez a construção de várias idéias.
Contudo, a
medicina não é vitoriosa sobre a morte, ela é inevitável. Faz parte da vida
humana. A dignidade da humana consiste saber conviver. Os teólogos-bioeticistas
estão aí para lançar luzes sobre o valor da vida com todas as suas nuances,
isto é, a morte em seu tempo certo, sem abreviação criminosa da vida nem
prolongamento indevido da agonia. Devemos ser contra a tudo que diminui, corta
e mata a vida, seja a nossa como a dos outros. Acima de tudo ter a convicção de
que a vida é um dom de Deus e como tal, deve ser vivida e não sofrida. Deus nos
dá gratuitamente o dom de viver, e na sua liberdade o ser humano vai responder
a esse dom. Por Isaac
Celestino de Assis (aluno).
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