sábado, 25 de fevereiro de 2012

EUTANÁSIA



            A palavra eutanásia etimologicamente significa boa morte ou morte feliz. No contexto atual, a eutanásia significa levar a morrer alguém acometido por uma doença incurável para que o desenlace aconteça rapidamente e sem sofrimento, seja agindo diretamente para esse fim, seja abstendo-se de intervir para impedir a morte. A primeira é uma eutanásia ativa e a segunda passiva. Seja como for, essa questão nos coloca diante do dilema da morte. E não se pode falar de morte sem antes resgatar o sentido da vida. Segundo a fé cristã: “não se nasce para morrer, mas para viver”. Precisamos descobrir a sabedoria de viver, de integrar a morte na vida.
            A concepção da morte e do morrer pode ser vista com diversos óculos, da medicina, da cultura, da religião. Acentua-se aqui o aspecto cultural e religioso. Na cultura atual o ser humano é expropriado de seu morrer, e a morte é mercantilizada e fetichizada. O mito da sociedade perfeita consiste em proclamar que só vale a pena viver quando existe a possibilidade de satisfação e prazer encontrados no poder de consumo. Existe a dificuldade de aceitar um mal-estar, um sofrimento na vida. Na mentalidade contemporânea há uma incompatibilidade entre sofrimento e realização humana. Acha-se que só se feliz sem sofrimento.
            Assim como o sofrimento não pode ser aceitável, assim também a morte tem que ser esquivada. A sociedade mercantilista faz desaparecer a presença de morimbundos. Os mortos são assumidos por funerárias encarregados de maquear a morte. Segundo a obra: “ o tabu da morte” de José Carlos Rodrigues, existe um processo de fetichização e correspondente tabuização da morte. Se o sexo antes era o tabu, hoje é a morte que assume seu lugar. Antes se inventavam histórias sobre como as crianças vinham ao mundo, hoje se inventam historinhas para simular a morte. Não se nega também outro lado da morte que é sua especularização na mídia. Pode ser outro lado da questão que exige também mais conversas e talvez a construção de várias idéias.
            Contudo,  a medicina não é vitoriosa sobre a morte, ela é inevitável. Faz parte da vida humana. A dignidade da humana consiste saber conviver. Os teólogos-bioeticistas estão aí para lançar luzes sobre o valor da vida com todas as suas nuances, isto é, a morte em seu tempo certo, sem abreviação criminosa da vida nem prolongamento indevido da agonia. Devemos ser contra a tudo que diminui, corta e mata a vida, seja a nossa como a dos outros. Acima de tudo ter a convicção de que a vida é um dom de Deus e como tal, deve ser vivida e não sofrida. Deus nos dá gratuitamente o dom de viver, e na sua liberdade o ser humano vai responder a esse dom. Por Isaac Celestino de Assis (aluno).

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