sábado, 25 de fevereiro de 2012

Fraternidade e saúde pública




Frequentemente, os meios de comunicação (rádio, internet, televisão, revistas e jornais) vêm nos mostrando os números da decadência do Sistema Público de Saúde no que diz respeito ao atendimento ao paciente e, também, no que se refere á deficiência dos serviços prestados nos hospitais públicos. Pesquisas mostram que o brasileiro sofre com uma das mais altas cargas tributárias do mundo. Diante dessas cargas tributárias era para o povo brasileiro ter um tratamento de qualidade nos hospitais, mas nem isso lhe é garantido. Os únicos que podem beneficiar-se de tratamentos de primeira qualidade são aqueles que têm condições de pagar um bom plano de saúde. A questão da saúde pública no Brasil é tão complicada que existem pessoas que esperam mais de cinco anos para realizar uma cirurgia. Claro que esta cirurgia não é emergencial, pois se fosse, obviamente esta pessoa morreria por falta de cuidados médicos.
Diante da realidade a qual se encontra a saúde pública no Brasil, a Campanha da Fraternidade do ano de 2012 aborda o tema: “Fraternidade e saúde pública”. O objetivo de tratar esta temática é o de sensibilizar a todos sobre o cuidado, zelo, valor e respeito que se deve dar a vida. Por isso, este é um momento oportuno para falar da saúde pública e refletir sobre os cuidados que se deve ter com a mesma. Este é um momento privilegiado para desenvolver uma maior consciência sobre a questão da saúde pública e mostrar para as pessoas que pensar nesta questão não só é cuidar de si, mas também ir ao encontro do outro que necessita da nossa ajuda. Esta é a finalidade da CF 2012, fazer com as pessoas se conscientizem de que a melhoria da saúde pública depende do empenho e do esforço de cada um de nós. Somente assim, é possível ajudar quem está doente e melhorar o sistema público de saúde na sociedade em que vivemos.
É importante sensibilizar-nos para esta questão da saúde pública e percebermos que o caminho da conversão, passa pela atenção com o outro. Isso significa que o sofrimento que o outro está passando, também é nosso. Em outras palavras, tudo o que diz respeito à pessoa humana, se refere também a prática evangélica (ensinamentos de Jesus). Como se pode ver, o tema da CF de 2012 nos ajudará a refletir com seriedade sobre o cenário da saúde pública no Brasil e alertará o governo e demais autoridades sobre a precariedade de condições dos hospitais, reivindicando assim, melhores condições na saúde pública. A saúde é um Dom que Deus nos deu. Por isso, todos nós devemos ter direito a ela.
Além da atenção para com os enfermos, faz-se necessário um empenho maior por mudanças nas estruturas que geram enfermidades e mortes em nossa sociedade. Tais estruturas tornam-se visíveis nas situações de exclusão, na falta de condições adequadas e dignas de se viver. Também é importante ressaltar o péssimo atendimento que é oferecido a muitas pessoas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). O texto base da Campanha da Fraternidade descreve a saúde pública como condição digna para o desenvolvimento pessoal e comunitário, a partir da responsabilidade do Estado, e iniciativas que relacionam saúde com alimentação, educação, trabalho, renda, promoção das pessoas e meio ambiente saudável para se viver como um ser humano. Nesse sentido, a bioética entra como um bem comum que caminha na linha da prevenção da saúde de todas as pessoas. Ela visa à justiça, a legalidade, a transparência, o respeito e a dignidade entre todos sem distinção de raça ou de cor.
Por fim, á luz da Campanha da Fraternidade de 2012, queremos refletir com toda a Igreja sobre a saúde pública e incentivar as pessoas a rezarem por todos os profissionais desta área, para que suas ações sejam promover e defender a vida, de modo particular, daqueles que vivem em situação de desigualdade. Que a Igreja, à luz do grito profético de cada batizado(a), possa aproveitar esse momento para se aproximar das questões sociais que atingem cotidianamente a vida do nosso povo. É a partir dessas reflexões junto ao poder público e aos cidadãos, que a Igreja pretende contribuir para a qualificação, o fortalecimento e consolidação do SUS, visando melhoria da qualidade de saúde para a população como um todo. Por Roni Hernandes

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