A bioética que nasceu nos
simpósios de medicina, há muito, não mais se comporta apenas no meio do
discurso médico. Hoje ao falar de bioética já conseguisse dialogar em vários
ramos e sentidos da vida. A ética da vida, agora, apresenta-se em sua
amplitude, nas relações mais abrangentes do ser humano. Neste sentido, com o
avanço tecnológico no meio das comunicações, a bioética deve lançar seu olhar
também para esse ramo e perceber até que ponto a vida não tem perdido seu
sentido ou em que sentido a humanidade não se tornou escrava das relações
virtuais.
Há
pouco tempo atrás, pouquíssimas eram as pessoas que possuíam acesso a rede
virtual. Se a menos de duas décadas para acessar a internet um computador
ocupava uma sala inteira, hoje a internet está na palma das mãos unida aos ipads. E com a popularização das
comunicações, varias são as vantagens ilimitadas de acesso a rede mundial,
pagando muito pouco e a qualquer hora, momento ou lugar. Essa popularização é
tão espantosa que basta entrarmos nos transportes públicos ou sentarmos por
minutos nas praças de nossas cidades para percebermos a quantidade de pessoas
que permanecem quase que 24 horas logadas
na internet.
No
entanto, unido a essa facilidade toda, algumas preocupações nos assolam. Cada
dia mais percebemos que as pessoas passaram a criar uma fobia quando necessitam
de se relacionar umas com as outras. Muitos são os casamentos que não
prosperam, várias são as vagas de empregos não preenchidas, pois em seus
processos seletivos não se encontrou pessoas capacitadas. Nas faculdades
trabalhos em grupo são sinônimo de angustia e stress para muitos; não se tem mais paciência no transito; nas
filas de supermercado. Alias nem mais se quer ir às compras, pois a um clic encontramos o que desejamos e o
produto é entregue via SEDEX 10 nos
confortos de nossos lares. Nem cinema mais queremos, pagamos R$15,90 por mês e
temos acesso ilimitado a todos os filmes e seriados.
Em
contrapartida, basta fazermos uma rápida e não tão minuciosa pesquisa na rede
mundial de computadores para percebermos que as salas de bate papo estão abertas aos quatro cantos e para todo e
qualquer tipo de tribo que se possa imaginar. Buscasse nessas salas pessoas que
possuam perfis que vão de busca de prazeres rápidos e imediatos a promessas de
casamentos duradouros, e até mesmo futilidades (BBB por exemplo). Nessas salas encontramos o tamanho, cor, gênero,
espécie e gosto igualmente desejados. Se falamos de reprodução in vitro, essas salas de bate papo possibilita-nos uma “relação in vitro”. As redes sociais, não ficam por menos,
pululam perfis abertos com pessoas que publicam cada respiro de seus dias, cada
desejo: bons e maus.
Mas,
até que ponto essas relações virtuais são saudavelmente sustentáveis para
nossas vidas? Até que ponto somos, no mundo virtual, o que realmente
apresentamos no mundo real? Qual o limite mínimo de idade para se estar neste
emaranhado de relações, pois percebemos que cada dia mais cedo as crianças já estão
conectadas? Como não fazemos do mundo virtual uma vida paralela daquilo que
tanto sonhávamos ser no mundo real e que não conseguimos?
Esses
e milhares de questionamentos circundam nosso horizonte, e nós necessariamente
temos que seriamente enfrenta-los e refleti-los. Não podemos nos fechar
cegamente acreditando que o processo tecnológico das comunicações,
possibilitou-nos a mais e mais estreitar nossos laços de Aldeia Global, sem que ele não esteja agora cobrando de nós seus royalties por tal façanha.
É
nessa teia de relações que a bioética deve conectar suas reflexões e apresentar
uma discussão que nos possibilite encontrar caminhos de relações saudáveis
dentro do mundo virtual. A vida humana também pede socorro na rede. Seguir reflexões sérias e maduras, curtir uma forma de se relacionar com responsabilidade no mundo
virtual, depende de nossos comentários. Assim
a bioética da rede mundial de computadores será cheia de seguidores que twittarão suas reflexões para assim,
fazer da Aldeia virtual, um ótimo
lugar para se conviver. Por Marco Aurélio (aluno)
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