domingo, 26 de fevereiro de 2012

EuSou.com.br


A bioética que nasceu nos simpósios de medicina, há muito, não mais se comporta apenas no meio do discurso médico. Hoje ao falar de bioética já conseguisse dialogar em vários ramos e sentidos da vida. A ética da vida, agora, apresenta-se em sua amplitude, nas relações mais abrangentes do ser humano. Neste sentido, com o avanço tecnológico no meio das comunicações, a bioética deve lançar seu olhar também para esse ramo e perceber até que ponto a vida não tem perdido seu sentido ou em que sentido a humanidade não se tornou escrava das relações virtuais.
                Há pouco tempo atrás, pouquíssimas eram as pessoas que possuíam acesso a rede virtual. Se a menos de duas décadas para acessar a internet um computador ocupava uma sala inteira, hoje a internet está na palma das mãos unida aos ipads. E com a popularização das comunicações, varias são as vantagens ilimitadas de acesso a rede mundial, pagando muito pouco e a qualquer hora, momento ou lugar. Essa popularização é tão espantosa que basta entrarmos nos transportes públicos ou sentarmos por minutos nas praças de nossas cidades para percebermos a quantidade de pessoas que permanecem quase que 24 horas logadas na internet.
                No entanto, unido a essa facilidade toda, algumas preocupações nos assolam. Cada dia mais percebemos que as pessoas passaram a criar uma fobia quando necessitam de se relacionar umas com as outras. Muitos são os casamentos que não prosperam, várias são as vagas de empregos não preenchidas, pois em seus processos seletivos não se encontrou pessoas capacitadas. Nas faculdades trabalhos em grupo são sinônimo de angustia e stress para muitos; não se tem mais paciência no transito; nas filas de supermercado. Alias nem mais se quer ir às compras, pois a um clic encontramos o que desejamos e o produto é entregue via SEDEX 10 nos confortos de nossos lares. Nem cinema mais queremos, pagamos R$15,90 por mês e temos acesso ilimitado a todos os filmes e seriados.
                Em contrapartida, basta fazermos uma rápida e não tão minuciosa pesquisa na rede mundial de computadores para percebermos que as salas de bate papo estão abertas aos quatro cantos e para todo e qualquer tipo de tribo que se possa imaginar. Buscasse nessas salas pessoas que possuam perfis que vão de busca de prazeres rápidos e imediatos a promessas de casamentos duradouros, e até mesmo futilidades (BBB por exemplo). Nessas salas encontramos o tamanho, cor, gênero, espécie e gosto igualmente desejados. Se falamos de reprodução in vitro, essas salas de bate papo possibilita-nos uma “relação in vitro”. As redes sociais, não ficam por menos, pululam perfis abertos com pessoas que publicam cada respiro de seus dias, cada desejo: bons e maus.
                Mas, até que ponto essas relações virtuais são saudavelmente sustentáveis para nossas vidas? Até que ponto somos, no mundo virtual, o que realmente apresentamos no mundo real? Qual o limite mínimo de idade para se estar neste emaranhado de relações, pois percebemos que cada dia mais cedo as crianças já estão conectadas? Como não fazemos do mundo virtual uma vida paralela daquilo que tanto sonhávamos ser no mundo real e que não conseguimos?
                Esses e milhares de questionamentos circundam nosso horizonte, e nós necessariamente temos que seriamente enfrenta-los e refleti-los. Não podemos nos fechar cegamente acreditando que o processo tecnológico das comunicações, possibilitou-nos a mais e mais estreitar nossos laços de Aldeia Global, sem que ele não esteja agora cobrando de nós seus royalties por tal façanha. 
                É nessa teia de relações que a bioética deve conectar suas reflexões e apresentar uma discussão que nos possibilite encontrar caminhos de relações saudáveis dentro do mundo virtual. A vida humana também pede socorro na rede. Seguir reflexões sérias e maduras, curtir uma forma de se relacionar com responsabilidade no mundo virtual, depende de nossos comentários. Assim a bioética da rede mundial de computadores será cheia de seguidores que twittarão suas reflexões para assim, fazer da Aldeia virtual, um ótimo lugar para se conviver. Por Marco Aurélio (aluno)

Nenhum comentário:

Postar um comentário