quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O coração voltado para o bem da humanidade


Partindo da beleza da vida, de todas as vidas, de vidas afins ao relacionamento humano (gatos e cachorros domésticos) aos mais distantes da civilização urbanizada e industrial (ursos polares, pinguins, etc.) todas as formas de existência terrestre possuem seu valor e sua autonomia para viver, procriar e existir no mundo até quando seja capaz. O abandono de ideais nas quais a premissa básica de “não matar” estaria enraizada no coração do homem, promove a mais devastadora de todas as mazelas da humanidade. Contudo, além de dar sentido a uma vida a ponto de não tirá-la sua própria liberdade em existir, se faz necessário hoje mais do que tempos atrás, a defesa de tantos seres vivos já em fase de extinção. 

Uma sociedade marcada por valores cristãos não pode deixar de lado o valor incomensurável da vida, seja como entendendo-a ser dom de Deus, seja como um valor intrinsecamente moral no qual sua própria existência está inserida. Sem a vida do outro, sem a defesa de seja qual for o ser que respira o mesmo “ar” que eu, o sentido da minha vida em si, perde completamente seu status quo mais elementar, quer seja: ser fruto do amor! Deixando de lado qualquer tendência romântica, a realidade se mostra tão evidente enquanto a vida se compreende como dada e manifesta diante de sua profunda natureza da qual fora gerada. Seja o amor divino ou o amor humano, é inegável a presença de uma “energia” que supere a perspectiva material (corporal) do ser e adentre em outra categoria que vai além do que as possibilidades fenomenológicas da existência. 

Dar sentido a pessoa de Cristo como “dom de humanização” da própria humanidade faz de cada ser vivo que se compreende como tal e tem consciência de si, salvaguardar não apenas sua própria vida, mas respeitar e acima de tudo, defender outras vidas que ainda não chegaram a sua autonomia possível devida a sem-números de fatores que impende seu desenvolvimento racional, emocional/afetivo e social. “Nossa experiência de Deus” numa humanidade que se manifestou já em sua plenitude e cresce em seu aprimoramento e conceito para chegar ao ideal do Reino de Deus é mais que necessário no mundo globalizado de hoje. 

Cristo é a própria “beleza em essência” do homem, do humano e da humanidade. Partindo dessa “visão positiva do ser humano naquilo que é criativo e fecundo”, podemos dar sentido a um “belo” universal capaz de promover uma reviravolta no coração do homem que, por seja qual for o motivo, provoca guerras e assola desastres no mundo, quem sabe, talvez para preencher um vazio em seu coração que tem causas na dor e no sofrimento de sua existência. Von Balthasar nesse sentido explicita dos mais belo gestos de bondade e caridade até os maiores desastres da humanidade, tudo brota do coração do homem[1]

Imprescindível então que o ser humano “encontre sua finalidade e que esteja atento para o que ele é como relação, ou seja, criatura em meio a outras criaturas”[2]. Dessa forma a essência do ser como dom, promotora desse mesmo dom que é vida, realiza sua obra criadora e recriadora para o bem da humanidade.

Por Hugo Galvão (aluno).

Crédito da figura: http://www.2heartsnetwork.org/SacredHeartJesus2.jpg

1- BALTHASAR, Hans Urs Von. O coração do mundo. Porto: Livraria Tavares Martins. 1939. (citação livre)
2- Citação elaborada em sala de aula pelo prof. Germano.

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