quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A COBIÇA E A SENSATEZ



É possível haver pessoas sempre insatisfeitas com o que têm. A carne desejante, querendo sempre mais. Pautam a vida pelo desejo insaciável de ter. No entanto, para além do dado antropológico, deve-se considerar que vivemos numa sociedade organizada para produzir. Nesse sentido, é lógico que a capacidade dos indivíduos sejam dirigidas para a produtividade e a capacidade de consumo. Assim também “é lógico que nela se criem sempre novas necessidades a satisfazer em seguida, com gama sempre mais vasta de bens e serviços. Mas é licito perguntar-se se numa economia racionalizada para produzir esse ‘bem-estar’ o homem chegue a estado que se possa definir ‘ser-bem’”.[1]

A narrativa bíblica relata que certa vez Jesus Cristo disse que a vida não consiste na abundância de bens (Lc 12,15). Evidentemente ele não estava desprezando os bens materiais. Estava criticando a cobiça. 

A cobiça é o desejo imoderado de acumular bens. Quem se deixa guiar por esse desejo nunca está saciado. Faz dos bens sua única meta. E é bem fácil cair nesse risco, pois vivemos num sistema econômico que nos ensina a cobiçar. O sistema incita, sobretudo, a desejar coisas, por vezes, supérfluas que até esvaziam o sentido da vida. 

Nesse sentido, certa vez Jesus advertiu seus discípulos com a parábola do “homem rico e ambicioso” (Lc 12,16-21). Esse homem teve uma colheita tão grande, que não tinha onde guardar tanta coisa. Resolveu, então, construir celeiros maiores e acumular tudo. Na cabeça dele, a vida estava feita. Já não tinha com que se preocupar. Com tanta reserva, podia agora apenas descansar, comer, beber, aproveitar! Nem imaginava que, naquele mesmo dia, poderia morrer e nada levar. 

Com essa parábola, aprende-se que o acúmulo de riqueza, o valor excessivo dado ao lucro, às coisas e tantas outras parafernálias, não se oferecem garantia de vida plena. Tudo passa. Vale mais a vivência do amor ao próximo. Vale mais a prática de um estilo de vida pautado no uso responsável dos bens naturais, que leve em conta o cuidado. A sensatez ensina que a riqueza deve estar a serviço da pessoa, de todas as pessoas, e não a pessoa a serviço dela. Por Antonio Iraildo Alves de Brito (aluno).

Créditos da figura: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpR_d2A7GXSA4jPc1MArpc1qbrYa8ufBLtbSHsGt6A563grLBZb3ZADy_Ievv1mjZfVQHnaiImIb8LtQX1l9gmwnVroeZDHu-KrYCfBU8LQRoaPReOi_RulkWkviNRmmjevV62BpBzcgE/s400/olhos+de+cobi%25C3%25A7a.jpg


[1] Cf. G. Gualerni. “Economia”, em Dicionário de teologia moral. São Paulo: Paulus, 1997, p. 295

Nenhum comentário:

Postar um comentário