O progresso reverteu o modo de
morrer em nossa sociedade. A morte, única certeza que tem o ser humano na
trajetória de sua vida, não é mais um momento natural, senão, uma coisa
manipulada pelo querer humano, auxiliado pela tecnologia.
Quem primeiro usou a palavra eutanásia que quer dizer boa morte, foi
Suetônio, no séc. II d.C., em sua obra A vida dos doze Césares. Como ele,
outros estudiosos se ocuparam também, em defini-la. Interessante perceber que
até hoje, pessoas comuns usam esta expressão -
Deus lhe dê uma boa morte!
No século XIX, a medicina moderna
mudou a concepção da morte. Mudança advinda do processo cultural dos países
industrializados. Enquanto, nos séculos passados, a família fazia questão de
tomar conta de seu doente, consequentemente, de sua morte, hoje, esta mesma
família entrega-o aos cuidados dos profissionais de saúde. Ao doente, pois, é negado o seu processo de morrer, pois, está
geralmente, inconsciente.
O contexto sociocultural atual usa a
palavra eutanásia, como libertação do agonizante do sofrimento e da dor,
fazendo morrer este ser humano, mais rapidamente, agindo diretamente para que
isto aconteça ou, abdicando de intervenção para que a morte seja eliminada.
Hoje, a medicina pode prolongar a
vida do agonizante de maneira indefinida ou, antecipar sua morte. Alguns países
como Bélgica e Holanda, Austrália, adotam esta intervenção médica em casos
irreversíveis e quando o enfermo a deseja.
Nossa sociedade não mais está
preparada, nem se quer, preocupa-se em preparar-se, para enfrentar o sofrimento
e a dor. Isso, denota um vazio de sentido para o que é natural na vida do ser
humano. Esta falta de sentido salvífico para o sofrimento, além de criar
dificuldade em sua aceitação, gera solidão e sofrimento ao doente por falta de
presença afetiva dos seus familiares, por não serem solidários.
Na atualidade, o que é enfatizado
como realização humana é o viver no gozo e no prazer. Tudo que foge desse
contexto deve ser rechaçado. E nesse tudo, está o agonizante e o defunto. Para
isto, existem os necrotérios, as funerárias, portanto, instituições que cuidam
para que aquele defunto esteja de acordo com o que quer ver esta sociedade.
Esse tema engloba vários aspectos
que não serão abordados aqui. Porém vale a pena aprofundá-lo, pois há diversos
debates acontecendo em todo o mundo envolvendo a sociedade sócio-econômica-cultural,
política, Igreja e Estado. Inez – aluna
JUNGES, José
Roque. Bioética, hermenêutica e casuística. São Paulo: Loyola, 2006
Crédito da foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieuJ9DIPwwLT0uxsoktgbKPFgl15-7lAtQYrdorxlZ9cObGw0OzujEke19TVi0BpI7-2EsPi5O_kNQIaBAvr1J1cTD1bCu_x67okMZMzMh7Dv88rBlDzvTQYUn5DZRnZ-jOwtZxrSKYhVL/s320/dying.jpg
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