domingo, 26 de fevereiro de 2012

Eutanásia



            O progresso reverteu o modo de morrer em nossa sociedade. A morte, única certeza que tem o ser humano na trajetória de sua vida, não é mais um momento natural, senão, uma coisa manipulada pelo querer humano, auxiliado pela tecnologia.
            Quem primeiro usou a palavra eutanásia que quer dizer boa morte, foi Suetônio, no séc. II d.C., em sua obra A vida dos doze Césares. Como ele, outros estudiosos se ocuparam também, em defini-la. Interessante perceber que até hoje, pessoas comuns usam esta expressão -  Deus lhe dê uma boa morte!
            No século XIX, a medicina moderna mudou a concepção da morte. Mudança advinda do processo cultural dos países industrializados. Enquanto, nos séculos passados, a família fazia questão de tomar conta de seu doente, consequentemente, de sua morte, hoje, esta mesma família entrega-o aos cuidados dos profissionais de saúde. Ao doente, pois,  é negado o seu processo de morrer, pois, está geralmente, inconsciente.
            O contexto sociocultural atual usa a palavra eutanásia, como libertação do agonizante do sofrimento e da dor, fazendo morrer este ser humano, mais rapidamente, agindo diretamente para que isto aconteça ou, abdicando de intervenção para que a morte seja eliminada.
            Hoje, a medicina pode prolongar a vida do agonizante de maneira indefinida ou, antecipar sua morte. Alguns países como Bélgica e Holanda, Austrália, adotam esta intervenção médica em casos irreversíveis e quando o enfermo a deseja.
            Nossa sociedade não mais está preparada, nem se quer, preocupa-se em preparar-se, para enfrentar o sofrimento e a dor. Isso, denota um vazio de sentido para o que é natural na vida do ser humano. Esta falta de sentido salvífico para o sofrimento, além de criar dificuldade em sua aceitação, gera solidão e sofrimento ao doente por falta de presença afetiva dos seus familiares, por não serem solidários.
            Na atualidade, o que é enfatizado como realização humana é o viver no gozo e no prazer. Tudo que foge desse contexto deve ser rechaçado. E nesse tudo, está o agonizante e o defunto. Para isto, existem os necrotérios, as funerárias, portanto, instituições que cuidam para que aquele defunto esteja de acordo com o que quer ver esta sociedade.
            Esse tema engloba vários aspectos que não serão abordados aqui. Porém vale a pena aprofundá-lo, pois há diversos debates acontecendo em todo o mundo envolvendo a sociedade sócio-econômica-cultural, política, Igreja e Estado. Inez – aluna

JUNGES, José Roque. Bioética, hermenêutica e casuística. São Paulo: Loyola, 2006 

Crédito da foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieuJ9DIPwwLT0uxsoktgbKPFgl15-7lAtQYrdorxlZ9cObGw0OzujEke19TVi0BpI7-2EsPi5O_kNQIaBAvr1J1cTD1bCu_x67okMZMzMh7Dv88rBlDzvTQYUn5DZRnZ-jOwtZxrSKYhVL/s320/dying.jpg

Nenhum comentário:

Postar um comentário