quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A bioética e quem nós somos


Na verdadeira beleza da vida que canta e encanta os corações desejosos de vida, a vida vai dando forma a sua forma mais bela de existir. No contexto de uma realidade que nasce, vive e brota da fonte do amor de dois seres humanos, a sensação de existência dessa mesma vida que ainda não se reconhece como tal, é já apresentada como detentora de status humanis pelos seus promotores, ou seja, os pais. A vida sente, é visível, é sensível para quem está próxima a ela e é participe dessa construção de mais um ser humano que deseja vir ao mundo. 

É interessante ter uma visão cíclica do tempo na medida dos ponteiros dos relógios que atuam de forma significativa na estrutura dinâmica da sociedade e de qualquer vida, até aquela que ainda não se auto-reconhece. A percepção da existência de quem tem consciência de uma vida que está sendo gerada, por mais que esta não esteja nem a par dessa “consciência” vai muito além da necessidade natural do ser humano de encontrar sob todos os aspectos sua maneira de existência. Contribuir dessa forma para que as exigências básicas da vida para sua sobrevivência não seja mais a principal ‘preocupação’ do homem, mas a fundamental e vital realidade intrínseca do ser é urgente. 

Dessa forma, aquilo que antes seria de fundamental importância à manutenção para que um ser dê continuidade de sua vida durante o tempo de seu desenvolvimento, dar lugar a outras expressões de compreensões mais profundas do ser, as quais antes não faziam parte de seus desejos e da vida cotidiana de qualquer mortal. Em princípio, falamos de uma compreensão sem subterfúgios de “quem sou eu”. Essa é a pergunta fundante da existência humana e de onde deve partir todos os problemas bioéticos gerados seja pela sua ausência proposital (da pergunta), seja diante das respostas induzidas pelas ideologias por traz de cada individuo que deposita sua liberdade de compreensão diante de uma estrutura que o abarca. 

“A maior preocupação com o futuro, não tem a ver com o medo do destino da espécie humana”, mas e sobretudo, “todas as formas de vida que habitam o planeta”[1], afirma Miguel Nicolelis (p. 492). É por isso que a vida, seja ela humana ainda em fase embrionária, ou os pássaros e felinos em processo de extinção deve realçar a real necessidade de uma profunda descoberta humana de sua própria identidade mais intrínseca a si mesma. É essa a “verdadeira beleza” que deve ser manifesta em todos os sentidos; é essa a possibilidade que a vida tem de se mostrar absoluta em todo o seu processo de evolução. 

Mesmo que a sociedade dê voltas em sua compreensão sobre a realidade, ora mais conservadora, tradicional, ora mais progressista e pragmática, um dia indivíduos sãos irão mostrar, como já o fazem, a vital compreensão do que nós somos. Sendo vida que gera outras vidas e que pode defender sem-número de outras tantas, vamos ao encontro do nosso futuro mais livres para aceitar a sobrevivência de todas as espécies de vida da terra. Grande papel, portanto, desempenha a bioética para tanto. Por Hugo Galvão (aluno).


 Créditos da foto: http://farm4.staticflickr.com/3016/2868351160_84527864fa_z.jpg

1- NICOLELIS, Miguel. Muito Além do nosso eu. São Paulo: Companhia das Letras, 2011



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