Se bem que a razão instrumental conduz a importantes avanços para o bem da humanidade, igualmente tem deixado uma pilha de infortúnios e mesmo mortes no nosso planeta. Portanto, a ciência e a tecnologia são boas, mas não em si mesmas e por si mesmas. São boas porque podem melhorar a vida de todos os seres humanos, mas como um instrumento que está em nossas mãos para o bem de todos, é o bem é tanto quanto segundo as nossas opções.
Por isso, sendo a ciência e a tecnologia instrumentos, nós temos o dever de discernir o melhor modo de utilizá-los. Para isso a bioética, para nos orientar nessa complexa realidade dos seres humanos no mundo, ou deveríamos dizer nos mundos. Sim, não podemos pensar mais na realização de um individuo isolado, é uma ilusão. Tampouco se pode pensar na realização de uma sociedade ideal, abstrata, que anula a particularidade de cada pessoa humana. Senão, há que pensar em como ajudar a realizar-se a cada ser humano em sua relação com outrem em um mundo de diversidade cultural.
Frente a esse panorama, Jungues[1] propõe uma bioética da complexidade e da transdisciplinariedade. Em fim, uma bioética hermenêutica que saiba mostrar às fragmentadas ciências instrumentais as diversas relações entre diferentes níveis de realidade e entre as diversas disciplinas. Assim, a bioética se constitui como um lugar de discernimento para o caminho a seguir pelas ciências e as tecnologias, para o bem de seres humanos que são relação no mundo. Portanto, lembra que a continuidade da vida humana é também uma questão de estratégia, de opção, sobre qual é o caminho que se deseja seguir para que seja possível uma vida melhor para todos no planeta. Por Mario E. Cornejo Mena (aluno).
[1] Jungues, José Roque. Complexidade,
transdisciplinaridade e ética. Em: ______, Bioética.
Hermenéutica e casuística. Loyola: São Paulo, 2006, p. 11-31.
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