É possível entender que os pressupostos básicos para a
construção de uma ética não propriamente universal, mas a mais universal
possível, tem como base a metafísica e a antropologia. Contudo é possível que exista
uma dificuldade em chegar a termo esses aspectos sem proporcionar debates
infindáveis e não responda a contento os desafios contemporâneos e atuais. Por isso
é importante a contribuição de uma “ética existencial”, observando a pragmaticidade
da sociedade hodierna. Uma pergunta, logo, se faz necessária responder: como
então dar mais sentido ao existencial, sem perder de vista os fundamentos de
tal construção!?
Favorecer através de um diálogo profundo e existencial de
todas as culturas presentes no globo terrestre, compreendendo sua origem e
processo de desenvolvimento, sem cair numa relatividade de parâmetros particulares,
mais dando sentido a subjetividade de cada sociedade pontuando o que é
universal entre elas, talvez seja a resposta mais evidente. Descartar a
possibilidade “troca de verdades” entre indivíduos e sociedades hodiernas e do
passado, por mais reta intenção que seja, torna o discurso de quem o profere
vazio e sem repercussão universal.
Exemplo de um
benefício de diálogo de todos os povos é a construção da Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Pensemos então uma Declaração Universal das Culturas
Humanas, na qual se poderia gerar a possibilidade de um ponto de partida numa
hermenêutica histórica – incluso aqui a perspectiva metafísica, antropológica,
literária/poética/linguística e ontológica – até chegar ao dado de compreensão
universal em sentido micro social (civil/nação, religioso/igrejas,
poderes/sistema de estado) e macro (visão geral da humanidade, contexto
universal no qual todos vivem num mesmo planeta). Uma história que vai além dos
fatos preponderantes de cada civilização, e ultrapasse os diversos paradigmas
que representam as peculiaridades de cada povo/nação, poderia ainda ser
possível.
No âmbito teológico-cristão, entender
o princípio que ordena a diversidade e pluralidade de entendimento sobre uma
ética universal – ou a mais universal possível – teria como raiz, donde parte o
caule de todos os diálogos possíveis dentro da sociedade, as três teologias: do
Espírito Santo, da Encarnação e da Ressurreição; por mais que não seja explícitas
num diálogo com as ciências ou com a sociedade civil laica.
Dado o ambiente de cada visão teológica, é fundamental a
relação entre as 3 teologias e seu papel fundamental hermenêutico que elas
representariam. Seria como se o filtro pelo qual pudesse unificar as várias
compreensões existenciais inerentes aos valores múltiplos de cada sociedade,
pudesse ser cada uma e as 3 teologias juntas. Ver a realidade com a ótica da T.
do Espírito Santo é ter fixo a subjetividade das culturas humanas e a semente
divina em cada uma delas. Pode-se assim, fazer a distinção daquilo que vem (ou
é) do ES e aquilo que por ventura foi associado a Ele ao longo da história por
algum evento ou circunstâncias outras que tiveram como consequência uma rigidez
de controle do ser humano ou uma lei que iniba a vida livre e sadia dentro da
sociedade.
Assim podemos chegar também a uma T. da Encarnação
(estritamente “divino” dentro da subjetividade humana) e a uma T. da Ressurreição
(a epopeia humana em seu auto-conhecimento e vislumbramento do seu próprio
ser). Nessa tríade que funcionaria como uma espécie de “filtro” hermenêutico do
qual passa a análise e a conjuntura social presente, sem deixar de lado tudo
que a civilização construiu ao longo dos séculos, a compreensão cristão teria
se valor e contribuiria significativamente para a construção de uma ética e
bioética capaz de ao menos ser ouvida e recebida como uma proposta fundamental
para a “construção de um mundo novo”. Por Hugo Galvão (aluno).
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