domingo, 26 de fevereiro de 2012

Saúde Pública e o Papel da Igreja



                               Na sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012, os alunos do terceiro ano de teologia participamos da última aula de bioética. A mesma, realizada em forma de debate, moderada pelo professor Germano, enfocava a problemática da saúde pública, tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Foi um debate edificante. Ora, na medida que cada um se expressava, articulava-se entre todos um sentimento de preocupação devido à constatação do estado precário do sistema de saúde e do pouco interesse por parte dos que devem zelar e cuidar do bem comum.
                               Na medida em que entrávamos nas questões mais relevantes, ao assistirmos a indiferença de muitos na esfera da saúde pública, entre nós pairava a dúvida: qual o papel da Igreja na sociedade. Por isso, polemizou-se bastante o fato de muitos religiosos possuirem plano de saúde, enquanto milhões de brasileiros se servem do serviço de saúde pública. De reflexo se perguntava: como defender com autenticidade a saúde pública se não se serve dela? É urgente a necessidade da Igreja recuperar a sua identidade: embasada em Jesus Cristo e ao lado dos últimos, sobretudo, dos últimos das filas do SUS.
                               Recordo-me de uma aula com o professor Jaudemir Vitório, na qual ele abordava sobre a crise na vida religiosa, propondo a volta às fontes. Ou seja, às vezes faz-se necessário voltarmos, se esquecemos o porque de optarmos pela vida religiosa, as motivações que orientaram nosso discernimento à ela. Parece-me, que a primeira tarefa seria refletir se de fato ainda recordamos qual é o carisma da nossa congregação ou instituo religioso. Pois se não sabemos discernir se podemos ou não ter um plano de saúde privado, é porque podemos ter nos esquecido o que dizem nossas Constituições. Pois, parece-me muito primário pensar assim, uma vez que devemos observar que a sociedade está em constante processo de mudanças e avanços. Assim, também nossos “carismas” precisam acompanhar os sinais dos tempos para responder àquilo que o Senhor da messe pede de nós, por intermédio de fundadores à luz dos nossos carismas congregacionais.
           Sem isso, não podemos dar nossa contribuição à Igreja. Nem mesmo poder dizer qual é de fato o seu papel na sociedade. Enfatiza o colega Iran Gomes: “o papel da Igreja é anunciar. Não qualquer anuncio, mas o anúncio embasado em Cristo Jesus, que convida-nos a olharmos com amor e generosa solidariedade as situações de fome, de miséria, de doença e exclusão que existem entre nós. Depois que anuncia a boa nova, a Igreja também denuncia as injustiças. Nesse sentido, a Igreja precisa ser no mundo presença de Cristo.[1]
                               Significa, portanto, dizer: nós que somos a Igreja devemos nos pautar pelos ensinamentos da Palavra e na sociedade refletirmos sobre questões pertinentes à vida do ser humano. É o que podemos observar no objetivo geral da CF 2012: “refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público[2]. Em outras palavras, os bispos do Brasil pedem-nos compromisso em que se possam juntar a assistência, a promoção humana e a luta pela mudança das estruturas que geram injustiça e desigualdade. Por Benedito Antônio (aluno).

Crédito da figura: http://www.startguide.org/graphics/HandHold.gif


[1] Aluno do 3º ano de Teologia da Faje.
[2] Texto-Base Campanha da Fraternidade 2012. São Paulo. Edições CNBB, 2012.p.12

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