Na sexta-feira,
24 de fevereiro de 2012, os alunos do terceiro ano de teologia participamos da
última aula de bioética. A mesma, realizada em forma de debate, moderada pelo
professor Germano, enfocava a problemática da saúde pública, tema da Campanha
da Fraternidade deste ano. Foi um debate edificante. Ora, na medida que cada um
se expressava, articulava-se entre todos um sentimento de preocupação devido à
constatação do estado precário do sistema de saúde e do pouco interesse por
parte dos que devem zelar e cuidar do bem comum.
Na medida em que
entrávamos nas questões mais relevantes, ao assistirmos a indiferença de muitos
na esfera da saúde pública, entre nós pairava a dúvida: qual o papel da Igreja
na sociedade. Por isso, polemizou-se bastante o fato de muitos religiosos
possuirem plano de saúde, enquanto milhões de brasileiros se servem do serviço
de saúde pública. De reflexo se perguntava: como defender com autenticidade a
saúde pública se não se serve dela? É urgente a necessidade da Igreja recuperar
a sua identidade: embasada em Jesus Cristo e ao lado dos últimos, sobretudo,
dos últimos das filas do SUS.
Recordo-me de uma
aula com o professor Jaudemir Vitório, na qual ele abordava sobre a crise na
vida religiosa, propondo a volta às fontes. Ou seja, às vezes faz-se necessário
voltarmos, se esquecemos o porque de optarmos pela vida religiosa, as
motivações que orientaram nosso discernimento à ela. Parece-me, que a primeira
tarefa seria refletir se de fato ainda recordamos qual é o carisma da nossa
congregação ou instituo religioso. Pois se não sabemos discernir se podemos ou
não ter um plano de saúde privado, é porque podemos ter nos esquecido o que
dizem nossas Constituições. Pois, parece-me muito primário pensar assim, uma
vez que devemos observar que a sociedade está em constante processo de mudanças
e avanços. Assim, também nossos “carismas” precisam acompanhar os sinais dos
tempos para responder àquilo que o Senhor da messe pede de nós, por intermédio
de fundadores à luz dos nossos carismas congregacionais.
Sem
isso, não podemos dar nossa contribuição à Igreja. Nem mesmo poder dizer qual é
de fato o seu papel na sociedade. Enfatiza o colega Iran Gomes: “o papel da Igreja é anunciar. Não qualquer
anuncio, mas o anúncio embasado em Cristo Jesus, que
convida-nos a olharmos com amor e generosa solidariedade as situações de fome,
de miséria, de doença e exclusão que existem entre nós. Depois que anuncia a
boa nova, a Igreja também denuncia as injustiças. Nesse sentido, a Igreja
precisa ser no mundo presença de Cristo.[1]”
Significa,
portanto, dizer: nós que somos a Igreja devemos nos pautar pelos ensinamentos
da Palavra e na sociedade refletirmos sobre questões pertinentes à vida do ser
humano. É o que podemos observar no objetivo geral da CF 2012: “refletir sobre a realidade da saúde no
Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e
comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhoria no
sistema público”[2].
Em outras palavras, os bispos do
Brasil pedem-nos compromisso em que se possam juntar a assistência, a promoção
humana e a luta pela mudança das estruturas que geram injustiça e desigualdade. Por Benedito Antônio (aluno).
Crédito da figura: http://www.startguide.org/graphics/HandHold.gif
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