domingo, 26 de fevereiro de 2012

A vida cristã e a saúde pública

O perigo de um crescente comércio da saúde é enfraquecer a consciência de que trata-se de uma questão de interesse público universal. Sobretudo nos países onde o estado assumiu dar atenção a todos os seus cidadãos, há que se apoiar e promover as iniciativas que desejam responder ao direito dos cidadãos de uma atenção integral e com qualidade no cuidado da saúde de todos. Aliás, há que se manter uma suspeita sobre o aumento das vendas de planos de saúde, pois a isso pode estar subjacente uma mensagem de que a saúde é uma questão de dinheiro e não um direito de todo cidadão. Ainda, pode-se enfraquecer as iniciativas que lutam por um acesso universal de qualidade e equitativo.

A fé cristã tem uma palavra frente a essa realidade. Ela aspira à salvação da humanidade toda. Uma salvação que perpassa pelo plano histórico e transcendental. Parte da salvação histórica se expressa numa vida digna atual e cotidiana da pessoa. A salvação se faz evidente, por exemplo, numa pessoa que vive num ritmo e no meio de um ambiente saudável, fala-se aqui de uma condição que implica um cuidado integral e preventivo.

Isto não só é possível por uma vida de fé. Necessitam-se as condições materiais asseguradas pelo estado, com a colaboração das pessoas da comunidade local, para criar um ambiente que possibilite a vida digna da pessoa. Entre esses está o acesso a serviços básico de saúde, moradia, esgoto, água potável, energia,... Mas também de outros que contribuem para a formação do espírito humano, como a educação, a cultura e um respeito e cultivo da vida cidadã.

Nós, como cristãos, estamos convidados a viver uma vida baseada no amor e na justiça a partir de nossas comunidades (ad intra). Mas também, ter a capacidade para que isso mesmo aconteça na vida cotidiana de todos (ad extra), por exemplo, manifestando-nos sobre as incongruências dos deveres assumidos e não levados a sério pelo estado. Um desses temas é a questão da atenção pública de saúde do estado, lembrar constantemente que ele assumiu um compromisso pelo acesso universal, equitativo e de qualidade, mas não só no combate, senão também em medidas preventivas que evitem despesas enormes no combate às doenças. Não será fácil, pois as companhias privadas não permitiram ou obstaculizaram essa iniciativa.

Nós cristãos não podemos fazer mais que somar-nos ou cuidar para que aquelas iniciativas pelo bem comum aconteçam. O que importa é que não podemos ficar indiferentes frente à injustiça. Nisso, um tema fundamental é a atenção integral do cuidado da saúde de todos os cidadãos. Por Mario E. Cornejo Mena (aluno).

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