O magistério da Igreja não se exime
das questões fundamentais acerca da vida e do desenvolvimento humano. A Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo
de Hoje do Concílio Vaticano II condena como infame “tudo quanto se opõe à
vida, como seja toda espécie homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio
voluntário; tudo que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações,
os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violar as próprias
consciências; tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as
condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão,
a prostituição, o comércio de mulheres e jovens; e também às condições
degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros
instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis”[1]. Todas
estas coisas e outras semelhantes, segundo o Documento, são infamantes,
corrompem a civilização humana e ofendem gravemente a honra devida ao Criador.
Pois, como dizia Santo Irineu, “a glória de Deus é o homem vivo; a vida do
homem é a visão de Deus”.
Na mesma linha de reflexão, o Papa
João Paulo II na encíclica Evangelho da
Vida, constata que as ameaças à vida tem aumentado em nossos dias, devido o
avanço da mentalidades individualista e utilitarista, bem como, com o
desenvolvimento da ciência e da técnica com as quais novas violações à vida
passaram não só a ser praticadas como também descriminalizadas ou até amparadas
pelo Estado. Neste sentido, conclui o papa: “o resultado de tudo isso é
dramático: se é muitíssimo grave e preocupante o fenômeno da eliminação de
tantas vidas humanas nascentes ou encaminhadas para o seu ocaso, não o é menos o
fato de a própria consciência, ofuscada por tão vastos condicionamentos, lhe custar cada vez mais a perceber a
distinção entre o bem e o mal, precisamente naquilo que toca o fundamental valor
da vida humana”.[2]
Nesta mesma Encíclica (Evangelium Vitae)¸ encontra-se de forma
explícita a visão positiva do magistério pontifício acerca da Bioética, uma vez
que esta favoreceu para o desenvolvimento de uma reflexão ética e para o
diálogo sobre a qualidade de vida.
“Particularmente significativo é o despertar da reflexão ética acerca da vida: a
aparição e o desenvolvimento cada vez maior da bioética favoreceu a reflexão e
o diálogo – entre crentes e não crentes, como também entre crentes de
diferentes religiões – sobre problemas éticos, mesmo fundamentais, que dizem
respeito à vida do homem”.[3]
O papa percebe que a bioética poderá
contribuir para despertar e mobilizar a humanidade a favor da cultura da vida.
Diz o papa: “um contributo específico há de vir das Universidades, em
particular católicas, e Centros, Institutos e Comissões de Bioética”[4].
Nota-se que a bioética tem uma árdua missão, pois “urge uma mobilização das
consciências e um esforço ético comum, para se realizar uma grande estratégia a
favor da vida. Todos juntos devemos construir uma nova cultura da vida (...).
Este novo estilo de vida implica também a passagem da indiferença ao interesse pelo outro, a passagem da recusa ao seu acolhimento: os outros
não são concorrentes de quem temos de nos defender, mas irmãos e irmãs de quem
devemos ser solidários; devem ser amados por si mesmos; enriquecem-nos pela sua
própria presença” [5]
A construção da cultura da vida, como
afirma o papa, é responsabilidade de todos nós. Por isso a bioética torna-se um
espaço para o ecumenismo, já que todos os cristãos somos chamados a viver e
anunciar o Evangelho da Vida, bem
como, abre uma janela para o diálogo inter-religioso, uma vez que em todas as
religiões há a preocupação em defender a vida. Por Rodrigo Ferreira da Costa (aluno).
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