A campanha da fraternidade deste ano
conclama-nos à lógica do cuidado para com a saúde. A preocupação e a
contribuição da Igreja a uma triste realidade brasileira: o descaso com a
vida. É a Igreja refletindo sobre a nossa obrigação enquanto filhos de Deus, de
valorizar a pessoa (vida) como causa de nossa própria dignidade. É na dignidade
que a pessoa pode ser chamada de filha de Deus.
Quando uma vida é retirada não se mata
somente uma vida, mas várias. Eu vejo você, contudo não posso imaginar a
quantidade de “eus” que existem em sua história e que você coexiste na deles.
Ao retirar uma vida, mata-se um rosto direto e milhares de indiretos. Somos
seres de comunidade, de interdependência; reconhecemo-nos no reconhecimento do
outro. Somos singulares no reconhecimento plural de todos.
Vemos que hoje a vida é tirada por pouca
coisa. Não que se tenha equacionado um valor para a vida, pelo contrário, não
tem preço uma vida – ela é única, sublime e digna. Ao retirar uma vida, negamos
toda a beleza evangélica de Cristo: “Eu vim para que todos tenham vida” (Jo
10,10 ). Temos que ver a vida com mais respeito e valor. Assistimos uma
chacina, um atentado, um acidente na TV e, simplesmente, mudamos de canal e
pensamos: não foi conosco, ainda bem! Esse pensamento torna a vida pejorativa e
não se compreende a singularidade na multiplicidade que representa uma vida.
Não foi conosco, mas foi na nossa humanidade.
Hoje falamos de muitas questões ligadas à bioética,
mas será que sabemos mesmo valorizar a vida? Pergunto isso, porque se não
soubermos mesmo valorizá-la, criaremos estatutos e leis que servirão para
administrar a vida, mas não valorizá-la como é necessário. Tomaremos atitudes
paliativas, contudo, não se resolve; pensa-se que foi resolvido.
Qual o valor da vida para você?
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