Talvez, o fato biológico mais fundamental é que todo ser vivo, incluindo os
seres humanos, é limitado no espaço e no tempo. O fato de que não dá para nós fazermos tudo que quisermos antes de morrer condiciona todo
discernimento ético. Em outras palavras, o
discernimento ético não é só questão de julgar moralmente uma determinada ação, mas
também de julgar quais áreas de ação
merecem prioritariamente a nossa atenção que é
radicalmente limitada.
Diante dessa
primeira questão bio-ética, o grande critério de discernimento da Bíblia e da Tradição da Igreja é a opção preferencial pelos pobres (inseparável da
gratuidade do Amor que anunciamos). Já temos muitos sabios e entendidos pensando e escrevendo sobre os
problemas poderíamos chamar de « problemas dos ricos », talvez em
parte porque serão os ricos quem comprarão seus livros. Mas os
« problemas dos pobres », aqueles problemas que, sem deixar de estar
intimamente relacionados à ação dos
grupos dominantes, atingem a vida e a morte das grandes maiorias do mundo, são os mais ignorados. São problemas tais que fica difícil enxergá-los, porque nos sistemas de injustiça estão tão maquiados, e também difíceis de
olhar, porque é profundamente desconfortável perceber como o nosso conforto
depende do sangue de outras pessoas, e também a
nossa impotência diante de forças poderosas. É difícil,
mas se é verdade que somos cristãos, temos que nos esforçar por assumir, desde a nossa riqueza ou pobreza, os problemas dos
pobres do mundo como prioridade.
Para nós que também somos missionários chamados às fronteiras, temos também que estar atentos àqueles novos problemas que, embora ainda pareçam muito longe da vida dos "descalçados", têm o potencial de mudar significativamente o rumo da vida das gerações futuras em geral. Pois um outro dado biológico que condiciona a nossa ética é o ser parte de uma grande cadeia de gerações, na
qual as decisões dos ancestrais repercutem nos herdeiros e na sua tarefa de cuidar da
criação.
Créditos da foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVvQm-RQbDnSudm6uu_wOLSheB9D0qlnoZ6BcqVWFHqE3dvgWLCgS4almvSj73SbkzohOY7i5IyJWWgxInnfhZo0_U96tLcX2OXCAMMUogC9ba09VTyRUBr5ThQ0jAtE92rAtjusDukvI/s1600/poverty.png
Eu acho que este artigo é inspirador. Me chama atençao a ideia que ja temos muito sábios e entendidos pensando sobre o problema dos ricos. Mas o problemas dos pobres nao se tem em conta numa sociedade onde os mais ricos sao cada vez mais ricos. Eu acho que nisso consiste a problemática de áfrica. Um continente esquecido a sua sorte, onde as grandes potencias nao estao ai para atender as necessidades dos mais fracos da sociedade.
ResponderExcluirAtt: aluno Fredy Castañeda