terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A BUSCA POR UMA BIOÉTICA DO CUIDADO - Parte II



O professor José Roque Junges descreve na sua obra Bioética da autonomia e casuística [1] que “A modernidade significou o surgimento do individuo diante do grupo social, a invenção da autonomia em relação à heteronomia da lei...”
 O que podemos ressaltar a partir da observação de Junges é que todo este processo da modernidade, o surgimento do individuo diante do grupo social, fez com que o ser humano torna-se protagonista de sua própria história.  É como se tudo torna-se  uma superação do próprio homem facilitado principalmente pelo avanço da ciência e tecnologia. Com a modernidade o próprio ser humano sobrepõe ao ambiente natural e social. O homem sente-se com um “poder” que basta a si mesmo. Ele “se torna o ser absoluto”. Viver em grupo já não importa tanto assim. Tornar-se assim, um individuo alto suficiente.
Achamos que com os avanços tecnológicos bastamos a nós mesmo mesmos, tornamos cada vez mais altos suficientes e poderosos. Podemos ter milhares de amigos nas redes sociais, para que amigos reais? Mas, esquecemos que somos seres vulneráveis e frágeis e, é por isso, que precisamos cada vez mais de cuidado, de preocuparmos um com os outros. E um desses cuidados mais simples é o diálogo. O diálogo e a convivência com outro são fundamentais para tornarmos seres menos individuais.
Para Junges a fundamentação antropológica do cuidado abriu a perspectiva para a constituição de uma ética do cuidado. Assim o que é  realmente fundamental para uma ética do cuidado é termos uma orientação ética que enfatiza a preocupação pelo outro; é comprometermos com o próximo e percebermos que eu sou humano na relação com o outro no mundo.
Deste modo o que podemos observar é que a ética do cuidado se concentra na atitude e no caráter com o próximo, mais do que no seu comportamento ou ato correto. Na verdade o ato de cuidar é um traço do caráter da pessoa que se interessa pelo ser em sua peculiaridade.  Por Valdeci Gama (aluno)

http://www.fmrp.usp.br/cuidadospaliativos_rp/images/stories/simpleslideshow/Cuidado-paliativo-3.jpg


[1] JUNGES, J. Roque. Bioética hermenêutica e casuística. Edições Loyola. São Paulo, 2006. p 73-96.

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