sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Religião x Bioética



"Vivemos num mundo em que a violência associada à religião se afigura como constante ameaça, seja nos Estados Unidos, no Oriente Médio, na Ásia ou na Europa. A paixão religiosa está ao que parece alinhada com a paixão de destruir ou ser destruído, de ocupar ou ser ocupado, de monopolizar o poder político ou aniquilar o opressor"[1].
É triste perceber que minha tradição religiosa oferece ilustrações históricas que podem provar tal brutalidade. Parece que a religião que descreve Deus como Amor, aqui falo excepcionalmente do cristianismo, religião a qual pertenço, e que nos conclama a amar o próximo como a nós mesmos tem vínculos verdadeiramente malignos com o ódio e a destruição. 
Refletindo sobre o que cito, a primeira impressão pode ser negativa mesmo, porém, não nos prendamos a fatos, mas a essência do ser cristão. Muitos autores, na bioética, descartam qualquer atrelamento com fatores religiosos, pelo motivo de serem fechados e opressivos dogmatismos.
Isto é apenas falta de compreensão, por parte dos bioeticistas, do verdadeiro sentido do cristianismo. Porque a bioética fala da vida e da morte, de saúde e doença, de sofrimento, de dignidade da pessoa humana e procura conservar uma ética justa.
O cristianismo tem por inspiração um Deus passional, nunca foi simplesmente um código moral ou um relato intelectual do sentido da vida. Os símbolos cristãos vêm do nascimento e da morte, da dor e da sobrevivência, das profundezas do desespero e dos pináculos da esperança[2].
Neste sentido, acredito que a religião tem lugar sim na bioética. Elas devem manter-se numa reciprocidade mútua. Ou seja, a culpa por qualquer violência não é da religião, pois os símbolos cristãos podem oferecer elementos sobre algumas complexidades básicas da vida moral.
Portanto, o Reino de Deus, diferente do reino dos homens, é comprometido com a justiça e a compaixão. O mesmo posso assegurar da bioética. Pois durante o curso de bioética na FAJE aprendi que, o seu comprometimento, a favor da vida, é de justiça e de compaixão. Por Enoque Fernandes (aluno)

Créditos da foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1FoC0UkA2wesLYOgHxpHG8IehqVuZ44JrrzHqtA9uURPBpIZDDwxJi535NP7DLWW28WZbifSlluVjRSxbKUNbFbU0yrIk6EST9hmhF64YTX3NFMEEF2_TJ02PONXe04c-CjOLcZMoCzA/s320/saude+e+religiao.jpg



[1] Cf. GARRAFA, Volnei; PESSINI, Leo. Bioética (org): Poder e Justiça. São Paulo: Loyola, 2003, p.449.
[2] Cf. Ibid., p. 454.

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