sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma bioética da libertação (Parte IV)



 A experiência que o homem faz de estar no mundo e em relação não só com o seu semelhante, mas também, com todos os seres que vivem no mundo se revela como condição sene qua non  para uma bioética da libertação. Esta percepção do mundo, da relação com o semelhante e com as diversas vidas existentes deve nos possibilitar a con-ver e nos abrir a solidariedade mutua.
Nesta mutua relação de convívio podemos reaprender valores úteis para o gênero humano e suas relações no mundo e com o mundo. Valores como: o que é conveniente e o que não é conveniente para o mundo, para o meu semelhante e para a vida de todos. Valores vitais, como fortes e fracos, mas os mais fortes culturalmente, financeiramente, etc. se abram livremente e conscientemente a ajuda dos mais fracos. Valores éticos como compaixão, ou seja, deixar-ser afetar pela situação humana e ecológica.
Para tanto, a lógica que deve reger fazer e brotar esses valores no coração e na vida humana deve ser a mesma que move e regi o homem a fazer a experiência de estar no mundo e em constante relação com esta casa que, por sua vez, é de todos e para todos. A essa lógica poderíamos nomeá-la: Dom. Como gratuidade para todos sem exceção.  A esta lógica não se compra e não se vende. Não se troca ou toma posse, não se obtém por esforço ou mérito, mas pela gratuidade que lhe é própria. 
É a lógica para a o sentido do agir humano que, tanto os judeus do seu modo, quanto os primeiros cristãos com estilo próprio tentou expressar ao mundo com suas experiências profundas. Experiência que se revela como esperança[1]. Esperança em um mundo tecnocientífico, utilitarista, materialista, desigual, preconceituoso, racionalista e violento, já que assistimos todos os dias como a sociedade mundial tem se tornado a cada instante cenário de violência friamente calculada[2]. Ou um grande laboratório de experimentos e descoberta que tende a favorecer as classes detentoras do recurso financeiro e do poder.
Assim o mundo atual se revela como um Egito que oprime de modo mais rebuscado. Escraviza, hoje, não só o homem, mas também, a vida de inúmeros seres existentes em nome do desenvolvimento. Ameaça a extinção de espécies e favorecem no aceleramento do derretimento das geleiras. Frente a esses desajustes humanos deve se pensar que vivemos em mutua relação e em estreita dependência uns dos outros.
A abertura para conscientização da mutua relação é ação que pode possibilitar a libertação do mundo das amarras atuais.  Como acolhimento desse dom oferecido para todos e para além de qualquer reducionismo, totalitarismo, positivismo e moralismo, o homem tem a tarefa de se descentraliza de seu ego. A tarefe de reconhecer livre e responsavelmente que estamos todos imersos em uma teia relacional e, por isso, em total dependência uns dos outros. Por Vagner Moreira da Silva (aluno)

    
Crédito da foto: http://andreapomella.files.wordpress.com/2009/11/by-the-sea.jpg                                



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALTHASAR, Hans Urs Von. O coração do mundo. Livraria Tavares: Porto, 1959.
BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulinas, 1985.
MOLTMANN, Jürgen. O Deus Crucificado: A cruz de Cristo como base e Crítica da teologia cristã. São Paulo: Academia Cristã, 2011.



[1] A esperança dos que crêem, verdadeiramente, significa: Deus é meu além. Cf. MOLTMANN, Jürgen. O Deus Crucificado: A cruz de Cristo como base e Crítica da teologia cristã. São Paulo: Academia Cristã, 2011, p. 269.
[2] O exemplo disso. É a violência contra homossexuais, prostitutas, mendigos, usuários de droga. Todo o tipo de violência verbal, física, guerrilhas de facções criminais, narcotráfico e etc... Isso parece ser mais evidente nos Países da América Latina. Entretanto, esse mesmo tipo de violência tem outras faces em outros países. Tais como: pena de morte, ditaduras militares, escravatura de nações, desigualdade social, desmatamento ambiental,  crimes políticos e militar etc...  

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