A experiência que o homem faz de estar no
mundo e em relação não só com o seu semelhante, mas também, com todos os seres
que vivem no mundo se revela como condição
sene qua non para uma bioética da
libertação. Esta percepção do mundo, da relação com o semelhante e com as
diversas vidas existentes deve nos possibilitar a con-ver e nos abrir a
solidariedade mutua.
Nesta
mutua relação de convívio podemos reaprender valores úteis para o gênero humano
e suas relações no mundo e com o mundo. Valores como: o que é conveniente e o
que não é conveniente para o mundo, para o meu semelhante e para a vida de
todos. Valores vitais, como fortes e fracos, mas os mais fortes culturalmente,
financeiramente, etc. se abram livremente e conscientemente a ajuda dos mais fracos.
Valores éticos como compaixão, ou seja, deixar-ser afetar pela situação humana
e ecológica.
Para
tanto, a lógica que deve reger fazer e brotar esses valores no coração e na
vida humana deve ser a mesma que move e regi o homem a fazer a experiência de
estar no mundo e em constante relação com esta casa que, por sua vez, é de
todos e para todos. A essa lógica poderíamos nomeá-la: Dom. Como gratuidade
para todos sem exceção. A esta lógica
não se compra e não se vende. Não se troca ou toma posse, não se obtém por
esforço ou mérito, mas pela gratuidade que lhe é própria.
É
a lógica para a o sentido do agir humano que, tanto os judeus do seu modo,
quanto os primeiros cristãos com estilo próprio tentou expressar ao mundo com
suas experiências profundas. Experiência que se revela como esperança[1].
Esperança em um mundo tecnocientífico, utilitarista, materialista, desigual,
preconceituoso, racionalista e violento, já que assistimos todos os dias como a
sociedade mundial tem se tornado a cada instante cenário de violência friamente
calculada[2].
Ou um grande laboratório de experimentos e descoberta que tende a favorecer as
classes detentoras do recurso financeiro e do poder.
Assim
o mundo atual se revela como um Egito que oprime de modo mais rebuscado.
Escraviza, hoje, não só o homem, mas também, a vida de inúmeros seres
existentes em nome do desenvolvimento. Ameaça a extinção de espécies e
favorecem no aceleramento do derretimento das geleiras. Frente a esses
desajustes humanos deve se pensar que vivemos em mutua relação e em estreita
dependência uns dos outros.
A
abertura para conscientização da mutua relação é ação que pode possibilitar a
libertação do mundo das amarras atuais.
Como acolhimento desse dom oferecido para todos e para além de qualquer
reducionismo, totalitarismo, positivismo e moralismo, o homem tem a tarefa de
se descentraliza de seu ego. A tarefe de reconhecer livre e responsavelmente
que estamos todos imersos em uma teia relacional e, por isso, em total
dependência uns dos outros. Por Vagner Moreira da Silva (aluno)
Crédito da foto: http://andreapomella.files.wordpress.com/2009/11/by-the-sea.jpg
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BALTHASAR, Hans Urs Von. O coração do mundo. Livraria Tavares: Porto, 1959.
BIBLIA DE JERUSALÉM.
São Paulo: Paulinas, 1985.
MOLTMANN, Jürgen. O
Deus Crucificado: A cruz de Cristo como base e Crítica da teologia cristã.
São Paulo: Academia Cristã, 2011.
[1]
A esperança
dos que crêem, verdadeiramente,
significa: Deus é meu além.
Cf. MOLTMANN, Jürgen. O Deus Crucificado:
A cruz de Cristo como base e Crítica da teologia cristã. São Paulo: Academia
Cristã, 2011, p. 269.
[2] O
exemplo disso. É a violência contra homossexuais, prostitutas, mendigos,
usuários de droga. Todo o tipo de violência verbal, física, guerrilhas de
facções criminais, narcotráfico e etc... Isso parece ser mais evidente nos
Países da América Latina. Entretanto, esse mesmo tipo de violência tem outras
faces em outros países. Tais como: pena de morte, ditaduras militares,
escravatura de nações, desigualdade social, desmatamento ambiental, crimes políticos e militar etc...
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