terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TRÊS DIMENSÕES CONSTITUTIVAS DO SER HUMANO: OS NÍVEIS GENÉTICO, RELACIONAL E DE LINGUAGEM COMO PRESSUPOSTOS PARA BIOÉTICA.



            Segundo Jacquemin¹, eu não seria eu, se um outro não me tivesse dado existência em nível genético, relacional e de linguagem, ou seja três dimensões constitutivas do ser humano. Para ele esta lei é comum a todo ser humano e o constitui em profundidade. Assim sendo, a bioética numa postura reflexiva visa preservar estas três dimensões uma vez que elas podem nortear o agir ético.
            Há nas três dimensões um “imperativo” universalizado ou universalizável, pois não podemos negar que o ser humano: é fruto de um sistema biogenético; é um ser que se autodescobre e se autocompreende em relação com o outro e é um ser de linguagem (mundo simbólico). Estas três dimensões exigem o reconhecimento do outro, pois ao reconhecê-lo eu também me faço outro (autonomia).
            Por isso, o reconhecimento de autonomias traz consigo, a partir destas dimensões apresentadas, três proibições que se inscrevem no núcleo da bioética segundo Malherbe²: a do homicídio, a do incesto (considerado como instrumentalização) e a da mentira. Isso pelo fato de que não posso por fim a vida do outro (homicídio); não posso ser ele mesmo, fundir-me com ele (incesto) e não posso lhe mentir (linguagem).
            Enfim, ao reconhecer o outro como existente por si mesmo, sem ser eu e meus pressupostos, isto equivale à descoberta da humanidade do outro e da minha própria humanidade concomitantemente. Esta descoberta pode ser traduzida em três grandes valores que ser incentivados e nos ajudam no discernimento ético: a solidariedade (somos criaturas humanas); a dignidade (queremos viver) e a responsabilidade ( temos direito à verdade). Por Alex Nuno (aluno)

Créditos pela figura: http://dowboy.files.wordpress.com/2010/12/5473-logo-copy.gif

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1. Dominique Jacquemim é teólogo e doutor em Saúde Pública-Bioética. Pesquisador da Faculdade de Medicina de Louvain. Escreveu várias obras dentre elas: A bioética e a questão de Deus.
2. MALHERBE, J. F. Pour une éthique de la médecine. Bruxelles, Ciaco, 1990. p.27-45

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