Segundo Jacquemin¹, eu não seria eu,
se um outro não me tivesse dado existência em nível genético, relacional e de
linguagem, ou seja três dimensões constitutivas do ser humano. Para ele esta
lei é comum a todo ser humano e o constitui em profundidade. Assim sendo, a
bioética numa postura reflexiva visa preservar estas três dimensões uma vez que
elas podem nortear o agir ético.
Há nas três dimensões um
“imperativo” universalizado ou universalizável, pois não podemos negar que o
ser humano: é fruto de um sistema biogenético; é um ser que se autodescobre e
se autocompreende em relação com o outro e é um ser de linguagem (mundo
simbólico). Estas três dimensões exigem o reconhecimento do outro, pois ao
reconhecê-lo eu também me faço outro (autonomia).
Por isso, o reconhecimento de
autonomias traz consigo, a partir destas dimensões apresentadas, três proibições
que se inscrevem no núcleo da bioética segundo Malherbe²: a do homicídio, a
do incesto (considerado como instrumentalização) e a da mentira. Isso pelo fato
de que não posso por fim a vida do outro (homicídio); não posso ser ele mesmo,
fundir-me com ele (incesto) e não posso lhe mentir (linguagem).
Enfim, ao reconhecer o outro como
existente por si mesmo, sem ser eu e meus pressupostos, isto equivale à
descoberta da humanidade do outro e da minha própria humanidade
concomitantemente. Esta descoberta pode ser traduzida em três grandes valores
que ser incentivados e nos ajudam no discernimento ético: a solidariedade
(somos criaturas humanas); a dignidade (queremos viver) e a responsabilidade (
temos direito à verdade). Por Alex Nuno
(aluno)
Créditos pela figura: http://dowboy.files.wordpress.com/2010/12/5473-logo-copy.gif
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1. Dominique Jacquemim é teólogo e doutor em Saúde Pública-Bioética. Pesquisador da Faculdade de Medicina de Louvain. Escreveu várias obras dentre elas: A bioética e a questão de Deus. 2. MALHERBE, J. F. Pour une éthique de la médecine. Bruxelles, Ciaco, 1990. p.27-45
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