Sobre
o capítulo terceiro de "Bioética: hermenêutica e casuística", de Roque Jungues, trata-se de um capítulo
que vai abordar as interfaces da bioética com a teologia. O esquema do capítulo
é simples: aborda a bioética casuística e bioética hermenêutica, a teologia
eclesiástica e teologia pública, o lugar do teólogo no debate público da
sociedade, a contribuição da teologia para a bioética; pressupostos
antropológicos; preocupações ecológicas; e temas como, vida, saúde e dignidade
humana..
Junges
aduz que os teólogos assumiram papel fundamental no surgimento da bioética
porque em suas origens, a bioética estava ligada á teologia de tradição cristã.
Porém, com o processo de solidificação da bioética, passou-se a exigir dos
teólogos, explicação específica de como seria a contribuição teológica à
bioética. Junges, para encontrar resposta plausível, faz referência a Moltmann,
que distingue dois modos de fazer teologia, o modo de fazer teologia para
dentro da Igreja e o modo de fazer teologia no espaço público. Fazer teologia
no espaço público é acreditar na força transformadora do Evangelho, e, na
significativa contribuição da fé cristã para o mundo.
Junges propõe, também, por sua vez,
que se perceba a dupla face da bioética: bioética casuística e bioética
hermenêutica. Conforme ele, a bioética casuística acontece nos comitês de
medicina, nos comitês de ética, com finalidades pragmáticas, de soluções de
casos, fruto de consenso. Ao passo que, a bioética hermenêutica se interessa
por interpretar as dinâmicas culturais implícitas, evitando o superficial. Ou
seja, quer e vai ao âmago dos problemas éticos. Ambas as faces da bioética são
boas, resta conciliá-las.
Refletindo sobre o lugar do teólogo
no debate público da sociedade e no comitê de uma instituição, Junges acredita
que o teólogo tem o desafio de dar conta da especificidade de seu saber e
validar sua contribuição diante de questionamentos racionais. O teólogo está no
mundo sem ser do mundo, será visto por outros não apenas como alguém que tem
compromisso com o aqui e agora, mas como alguém que representa o além no contexto
presente e concreto. Junges constata, o teólogo tem a tarefa de ser o
facilitador do horizonte de coerência para a ação no debate bioético.
Na contribuição da teologia para a
bioética, Junges consegue articular a contribuição em três âmbitos: especificidade
da reflexão ética; na antropologia subjacente à invenção técnica e no modo do
homem se relacionar com a ecologia. Ora,
teologia é sabedoria que se interessa pelo sentido. Jamais tem pretensão de
bloquear a ciência, ao contrário, intui a que esta tenha uma orientação
correta. Por isso, tudo que diz respeito a vida, como um todo, a teologia tem
sua contribuição a oferecer.
Portanto, não tenho dúvida, nas discussões
sobre a relevância da teologia para a bioética, esse capítulo é iluminador.
Aborda a tarefa da teologia, assim como algumas de suas funções no mundo, na
vida do indivíduo, na sociedade, na bioética. Por Iran Brito (aluno).
Créditos da figura: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Two-people-talking-logo.jpg
JUNGES, José Roque. As interfaces da bioética com a teologia, in: Bioética: hermenêutica e casuística. São Paulo, Loyola, 2006. ISBN 85-15-03368-2
Nenhum comentário:
Postar um comentário