quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Bioética: Ciência e Teologia - Parte III

A bioética



“Na busca do sentido que se dá na linguagem, o ser humano vai encontrando normas e isso permite emergir o mundo da pessoa, que é fonte da sociedade, mas também é fim (enquanto finalidade) da sociedade; daí a questão da dignidade.”[1] O axioma principal da bioética é esse: a dignidade do ser humano. Se esse é o axioma central, então teologia e ciência estão em discussão na bioética. A teologia, aliás, oferece uma contribuição enriquecedora no que tange à moral, num campo de discussões amplo e que se quis secularizado.
Teologia e ciência são como que dois polos do debate. Uma hermenêutica eficaz das posições tanto de uma quanto da outra, levaria certamente a juízos mais concisos. O debate, aliás, pode ajudar as ciências a superarem o calculismo, o pragmatismo, o utilitarismo. Pode também contribuir na superação de uma medicina ainda marcada pelo reducionismo físico, pelo mecanicismo. E pode também ajudar a Igreja a ter um pouco mais de confiança no progresso.
A bioética é transdisciplinar e entende que há diferentes níveis de realidade e cultura; isso supera a dualidade que queremos abandonar: ciência e teologia. É claro que ambas têm seus estatutos epistemológicos bem definidos e a discussão bioética não consiste numa “salada” de ambos, mas também é verdade que há pontos de contato.
A teologia envolvida na discussão bioética aponta para a importância da fé cristã no mundo. Ela deve assumir, portanto, a postura profética e saber criticar quando for necessário. Para isso, não poderá se eximir das contribuições das ciências, para aprimorar o seu juízo e contribuir para o debate de forma sempre mais razoável.
Se o axioma da bioética é a dignidade do homem. Não podemos esquecer que o homem é aquele que experimenta, expressa sua experiência pela linguagem, descobre o sentido a partir da linguagem. Parece então, que por força de associação, a dignidade do homem é o sentido que emerge de tantas experiências de negação ou de afirmação dessa mesma dignidade. A bioética seria, portanto, a expressão garantidora da dignidade humana.
É inegável as muitas posturas éticas, religiosas e das análises científicas; é inegável também a necessidade do consenso, de modo que se leve em conta, com realismo, tanto as posturas da biotecnologia, da ecologia e da teologia. O debate também fica enriquecido se se leva em conta as intuições, a admiração, enfim, o respeito àquilo que viemos chamando de mistério. Mas a experiência do mistério também exige riscos que devem ser superados ou, do contrário, ficaremos paralisados pela insegurança. [fim]. Por Eduardo Rodrigues (aluno).


[1] CORD NETO, G. Anotações da aula do dia 16 de fevereiro de 2012. FAJE, Belo Horizonte.

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