“Na busca do sentido
que se dá na linguagem, o ser humano vai encontrando normas e isso permite
emergir o mundo da pessoa, que é fonte da sociedade, mas também é fim (enquanto
finalidade) da sociedade; daí a questão da dignidade.”[1] O
axioma principal da bioética é esse: a dignidade do ser humano. Se esse é o
axioma central, então teologia e ciência estão em discussão na bioética. A
teologia, aliás, oferece uma contribuição enriquecedora no que tange à moral,
num campo de discussões amplo e que se quis secularizado.
Teologia e ciência são
como que dois polos do debate. Uma hermenêutica eficaz das posições tanto de
uma quanto da outra, levaria certamente a juízos mais concisos. O debate,
aliás, pode ajudar as ciências a superarem o calculismo, o pragmatismo, o
utilitarismo. Pode também contribuir na superação de uma medicina ainda marcada
pelo reducionismo físico, pelo mecanicismo. E pode também ajudar a Igreja a ter
um pouco mais de confiança no progresso.
A bioética é
transdisciplinar e entende que há diferentes níveis de realidade e cultura;
isso supera a dualidade que queremos abandonar: ciência e teologia. É claro que
ambas têm seus estatutos epistemológicos bem definidos e a discussão bioética
não consiste numa “salada” de ambos, mas também é verdade que há pontos de
contato.
A teologia envolvida na
discussão bioética aponta para a importância da fé cristã no mundo. Ela deve
assumir, portanto, a postura profética e saber criticar quando for necessário.
Para isso, não poderá se eximir das contribuições das ciências, para aprimorar
o seu juízo e contribuir para o debate de forma sempre mais razoável.
Se o axioma da bioética
é a dignidade do homem. Não podemos esquecer que o homem é aquele que
experimenta, expressa sua experiência pela linguagem, descobre o sentido a
partir da linguagem. Parece então, que por força de associação, a dignidade do
homem é o sentido que emerge de tantas experiências de negação ou de afirmação
dessa mesma dignidade. A bioética seria, portanto, a expressão garantidora da
dignidade humana.
É inegável as muitas
posturas éticas, religiosas e das análises científicas; é inegável também a
necessidade do consenso, de modo que se leve em conta, com realismo, tanto as
posturas da biotecnologia, da ecologia e da teologia. O debate também fica
enriquecido se se leva em conta as intuições, a admiração, enfim, o respeito
àquilo que viemos chamando de mistério. Mas a experiência do mistério também
exige riscos que devem ser superados ou, do contrário, ficaremos paralisados
pela insegurança. [fim]. Por Eduardo Rodrigues (aluno).
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