quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

BIOÉTICA E ESPIRITUALIDADE


Segundo Jacquemin, pelas narrativas evangélicas pode-se reconhecer na pessoa de Jesus Cristo um homem com uma visão lúcida em relação às pessoas e aos acontecimentos: observa-se que, em todos os debates de que participa, vai até o fundo do problema, não evitando nenhuma pergunta e apresentando em geral soluções que surpreendem e que às vezes, provocam mesmo oposição entre a sua prática, a Lei e a Sinagoga. Ora esta é uma proposta da bioética: apresentar respostas novas para situação novas, sendo estas últimas apreendidas na totalidade do campo que abrangem. 

Nesta perspectiva a bioética pode nos abrir a uma realidade que nos constitui, como espaço para um Outro. Acredito poder afirmar sem medo, que a bioética assumida como caminho de humanização e via de interioridade representa uma chance real que a humanidade e a Igreja tem de fazerem uma experiência de fé, pois ela tem afinidades profundas com a dimensão da vida de Jesus e com a espiritualidade cristã. 

Não quero com tudo isso cair no erro de transformar a bioética em uma ciência teológica, querendo fazer dela um lugar da teologia moral, mas apresentá-la como caminho comum e espaço em que o ser humano vivendo questões existenciais de limites diante da vida e da morte tenham a oportunidade, a partir de uma situação concreta, de descobrir uma espiritualidade, seja ela por vias cristãs ou não. Enfim, a bioética diante das querelas existenciais da qual se depara, na sua hermenêutica e na sua pedagogia pode ajudar o ser humano no seu percurso de fé, sem por isso perder o seu estatuto secular. Por Alex Nuno (aluno)

Créditos da figura: http://www.doh.state.fl.us/environment/community/group/images/Kidfun.jpg

Um comentário:

  1. Alex, acredito que as pessoas no mundo, sobretudo, as que praticam uma espiritualidade, seja cristã, seja outra qualquer, dariam uma contribuição enormemente se combinassem mundo místico versus realidade em si. Me chama muito atenção Paulo Freire quando diz: "Primeiramente, digo que me situo entre aqueles que creem na transcendentalidade. Segundo, me situo entre aqueles que crendo na transcendentalidade não dicotomizam a transcendentalidade da mundanidade". Ou seja, a sua idéia de que a bioética pode nos abrir a uma realidade que nos constitui, como espaço para o outro faz sentido. E eu ouso a dizer, a espiritualidade se preenche a partir dos eixos: Deus ao qual praticamos e realidade nossa do dia a dia.

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