quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

BIOÉTICA E NANOTECNOLOGIA

Estamos ingressando numa nova era. Muitos autores já estão denominando-a: “modernidade da modernidade”. Nas novas descobertas e invenções feitas a partir da nanotecnologia[1] poderíamos, sem mais, cair na armadilha de um otimismo exacerbado, que é o discurso hipnotizador das grandes empresas, sobretudo multinacionalistas, que, ao se limitarem à apologia dos novos produtos, ignoram os problemas não-técnicos associados à sua introdução nos diversos setores da vida social e econômica, seus novos e miraculosos produtos. Mas também não poderemos, com um discurso esfarrapado, ou medroso, “demonizar” as novas descobertas no campo científico nanotecnológico. 

Abaixo, o esquema que a Galileu preparou para explicar o que é a nanotecnologia e como ela pode ser aplicada. 

http://paralelas.files.wordpress.com/2007/09/nanogalileu.jpg?w=593
O que está em jogo é o futuro da vida humana. Valor inegociável, deste o ponto de vista de uma ética humanista-cristã. A discussão que precisamos alavancar diz respeito ao âmbito da moral. Uma moral que leve em conta não os determinismos fechados e emburrados, mas, sempre aberta e atenta àquilo que pode nos ajudar a viver melhor. Não se trata de um admirável mundo novo, tampouco de um apocalipse. Valeria dizer que já convivemos com as nanopartículas desde que o mundo é mundo. A questão é que, agora, nós podemos manipula-las, e, mais grave, nós podemos mudar suas propriedades, o que abre um leque de possibilidades para o bem (cura mais eficaz de doenças; despoluição mais eficaz de rios; vai nos forçar a ser cada vez mais transdisciplinares; etc...), mas também, essa mesma tecnologia de manipulação de elementos hiper minúsculos, pode nos fazer menos humanos. 

Por fim, o que fica é a lógica do capital de grandes empresas que estão fascinadas com as novas possibilidades de inovação e lucros, portanto não se preocupam com o futuro a longo prazo, o que importa são os lucros agora . As empresas não estão preocupadas com a sociedade se terão ou não problemas devido os avanços desenfreados das novas inovações tecnológicas. Não pense que os problemas não existem, pois eles existem, mas nós não temos acesso. Para o professor Gilberto Dupas 

“Começam-se a produzir em massa toneladas de nanomateriais comerciais para catalisadores, cosméticos, tintas, revestimentos, tecidos, corantes sintéticos, embalagens antimicróbio e cosméticos. E eles estão chegando com força total à medicina. A US Nacional Science Foundation estima que, em dez anos, todo o setor de semicondutores e metade do farmacêutico dependerão de nanotecnologia.

Estruturaram-se mitos em torno das maravilhas dessas técnicas, criando ambiente favorável para poder lançar o quanto antes produtos que serão convertidos em objeto de desejo. Os riscos e consequências negativas, como sempre, ficam para depois.
No entanto, pesquisadores do US Environment Protection Agency já reportaram nanopartículas encontradas em fígado de animais de laboratório, vazamento para células vivas e o risco de novas bactérias desconhecidas atingindo a cadeia alimentar.
Em agosto de 2007, a Sociedade Americana de Química anunciou que algumas novas formas de carbono (nanotubos) em produção já estão causando sério impacto ambiental com a emissão de substâncias tóxicas e cancerígenas (MTBE, PBDE, PFO e benzo(a)pireno). E a Food and Drug Administration reconhece que tem grandes dificuldades de estabelecer políticas e protocolos para a segurança das nanopartículas já presentes em produtos do mercado. Imagine-se em relação à avalanche de novos lançamentos”![2]

O que podemos observar com todos os avanços em nanotecnologia a sociedade continua refém das grandes empresas e do sistema capitalista do lucro acima de tudo. Mas será que realmente iremos perceber um grande passo da sociedade em benefícios vindouros com a nanotecnologia, ou será mais um enorme passo para as grandes indústrias que vivem apenas preocupada com o lucro a faturarem mais e mais? Só teremos algum beneficio na medida em que todas essas tecnologias forem acompanhadas por mudanças nas relações sociais e culturais, assim, poderá a sociedade, como um todo, beneficiar-se das inovações. Por Valdeci Gama (Aluno) 



Referências:
http://www.mc.unicamp.br/nanoaventura/nanoMundo/index.php
http://paralelas.wordpress.com/2007/09/20/nanotecnologia-em-destaque/

[1] Origem: os estudos tiveram início em meados do século passado, quando o Nobel de física Richard Feynman (1918-1988) propôs em discurso a manufatura de elementos átomo por átomo. E a nanotecnologia é a ciência da criação de máquinas que manipulam um átomo por vez.
[2] Gilberto Dupas, no jornal O Estado de São Paulo (16/08) in:
http://www.mc.unicamp.br/nanoaventura/nanoMundo/index.php

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