quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

CAMINHOS DA BIOÉTICA



Sobre os caminhos da Bioética[1], sabemos da amplitude do tema. Destacar-se-á os seguintes aspectos: abordagem interdisciplinar, abordagem secular, abordagem prospectiva, abordagem global e abordagem sistêmica. Neste artigo considera-se a deontologia médica do início do século XX como antecedente da bioética.
Abordagem interdisciplinar. Trata-se de uma ética corporativa, pois elaborada pelas pessoas da medicina, para o exercício da mesma. Com os desenvolvimentos biomédicos dos anos 1960 o caráter corporativista da reflexão ética se mostrou inadequado. Daí a necessidade da multidisciplinaridade.
 Abordagem secular. A revolução biomédica dos anos 1960 e a secularização provocaram uma conscientização dos novos desafios comuns ao conjunto da sociedade. Assim, a reflexão bioética tornou-se ainda mais secular. O agente envolvido deveria suspender suas crenças e ideologias para se adotar e alcançar um denominador comum.
Abordagem prospectiva. A aceleração do desenvolvimento industrial e biomédico transformou as mentalidades. A ética ou a moral quase ruíram. A bioética teve que se afastar da palavra “moral” e adotou uma abordagem aberta e prospectiva. Não se trata mais de aplicar regras e princípios já conhecidos e considerados válidos. Agora é importante perguntar que balizas podiam ser estabelecidas para o presente e para o amanhã, mesmo que bebendo nas fontes do passado.
Abordagem global. As descobertas dos séc. XIX e XX exigiram a especialização médica. A classe passa a se ocupar mais do órgão doente que do conjunto da pessoa. O fenômeno se acentuou com o deslocamento da prática médica para o hospital, na qual intervém uma equipe multidisciplinar. A atenção é posta de tal modo no funcionamento da técnica, correndo-se o risco de certa despersonalização ou desumanização dos tratamentos.
Abordagem sistêmica. A revolução cultural de meados do século XX evidenciou a autonomia e a autodeterminação da pessoa. A bioética passa a analisar e resolver casos concretos, sempre singulares, mas de modo lógico, rigoroso. Ela busca a coerência na solução de dilemas morais com referência aos mesmos critérios ou princípios de base. A palavra “sistêmica” quer ao mesmo tempo incluir e superar os aspectos paternalistas e casuísticos. Por Antonio Iraildo Alves de Brito (aluno)


[1] Cf. DURAND, Guy. Introdução geral à bioética: história, conceitos e instrumentos, p. 91-141.

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