O caminho seguido pela ciência e a tecnologia de nosso
tempo questiona o mundo no qual vivemos. Se esse caminho o imaginamos como os
traços de uma pintura mostrando o ser humano, que diria dele? Ainda mais, se
seguimos no tempo e no espaço, na história, o percurso das ciências e das
tecnologias como seria a narrativa do ser humano.
Uma pintura pode-nos apresentar uma cena de colores vivas, cheia de luz. Ali se veria a capacidade humana de desvendar os segredos de si mesmo, da natureza e do universo. Um conhecimento que nos levaria a criar uma técnica capaz de melhorar nossas próprias vidas e a de outros. Nesse desenho estaria apresentada a promessa das ciências e das tecnologias, ambas ao serviço de uma vida digna do ser humano.
A pesar de viva e luminosa essa pintura seria parcial.
Apresentaria só a luminosidade de um dia no trópico, esqueceria a outra parte:
à noite. O percurso seguido pelas ciências e as tecnologias de nosso tempo
parecem ter esquecido as antigas promessas feitas para a humanidade toda. As
rendas de seu caminho, de seu apetite de recursos humanos e materiais estão
servindo para um pequeno grupo de seres humanos. Não se fala aqui só dos Ipods, fala-se também das ciências e
tecnologias da alimentação e das armas, muitos seres humanos foram tirados dos
benefícios das primeiras e são vitimas constantes das segundas. Para aumentar a
escuridão, os recursos naturais destes são depredados para que seja possível
saciar a gula de riquezas e consumo de outros poucos.
Mas com este último quadro não se quer satanizar às
ciências e às tecnologias. Quer-se refletir sobre os interesses que as orientam
de um lugar a outro. Esse quadro mostra-nos que é mentira que as ciências e as
tecnologias estão completamente ao serviço do ser humano, em geral. Revelam-nos
que elas, como nós, estão ao serviço de interesses econômicos, políticos e de
seguridade de uns poucos. Também, que o amor às ciências e às tecnologias tem
que estar fundado num profundo amor pelo ser humano, pois para ele, e para
todos eles, tem que estar orientados os avanços.
Esquecendo-nos disto, seríamos facilmente conduzidos a
um filme de suspense ou de terror. Onde uns tem tudo e outros, a maioria, vivem
privados dos benefícios das ciências e tecnologias mais simples, sem falar de
comida, saúde e educação. Ou já vivemos assim? Então, a grande questão de nosso
tempo, não é se as ciências e as tecnologias são boas ou não, se são amadas ou
objeto de ódio, mas a questão primária é como as orientamos em favor de aqueles
que vivem na miséria a causa da indiferença e contínuo despojo dos outros. Para
ter um filme que mostre o melhor do ser humano, que seja fonte de sentido e
esperança para a maioria dos habitantes do planeta. Por Mario Ernesto Cornejo Mena (aluno)
Créditos da figura: http://www.billfrymire.com/gallery/webJpgs/globe-technology-network-grid-mosaic.jpg
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