domingo, 12 de fevereiro de 2012

Ciência e a tecnologia para quê e para quem?


O caminho seguido pela ciência e a tecnologia de nosso tempo questiona o mundo no qual vivemos. Se esse caminho o imaginamos como os traços de uma pintura mostrando o ser humano, que diria dele? Ainda mais, se seguimos no tempo e no espaço, na história, o percurso das ciências e das tecnologias como seria a narrativa do ser humano.


Uma pintura pode-nos apresentar uma cena de colores vivas, cheia de luz. Ali se veria a capacidade humana de desvendar os segredos de si mesmo, da natureza e do universo. Um conhecimento que nos levaria a criar uma técnica capaz de melhorar nossas próprias vidas e a de outros. Nesse desenho estaria apresentada a promessa das ciências e das tecnologias, ambas ao serviço de uma vida digna do ser humano.

A pesar de viva e luminosa essa pintura seria parcial. Apresentaria só a luminosidade de um dia no trópico, esqueceria a outra parte: à noite. O percurso seguido pelas ciências e as tecnologias de nosso tempo parecem ter esquecido as antigas promessas feitas para a humanidade toda. As rendas de seu caminho, de seu apetite de recursos humanos e materiais estão servindo para um pequeno grupo de seres humanos. Não se fala aqui só dos Ipods, fala-se também das ciências e tecnologias da alimentação e das armas, muitos seres humanos foram tirados dos benefícios das primeiras e são vitimas constantes das segundas. Para aumentar a escuridão, os recursos naturais destes são depredados para que seja possível saciar a gula de riquezas e consumo de outros poucos.

Mas com este último quadro não se quer satanizar às ciências e às tecnologias. Quer-se refletir sobre os interesses que as orientam de um lugar a outro. Esse quadro mostra-nos que é mentira que as ciências e as tecnologias estão completamente ao serviço do ser humano, em geral. Revelam-nos que elas, como nós, estão ao serviço de interesses econômicos, políticos e de seguridade de uns poucos. Também, que o amor às ciências e às tecnologias tem que estar fundado num profundo amor pelo ser humano, pois para ele, e para todos eles, tem que estar orientados os avanços.

Esquecendo-nos disto, seríamos facilmente conduzidos a um filme de suspense ou de terror. Onde uns tem tudo e outros, a maioria, vivem privados dos benefícios das ciências e tecnologias mais simples, sem falar de comida, saúde e educação. Ou já vivemos assim? Então, a grande questão de nosso tempo, não é se as ciências e as tecnologias são boas ou não, se são amadas ou objeto de ódio, mas a questão primária é como as orientamos em favor de aqueles que vivem na miséria a causa da indiferença e contínuo despojo dos outros. Para ter um filme que mostre o melhor do ser humano, que seja fonte de sentido e esperança para a maioria dos habitantes do planeta. Por Mario Ernesto Cornejo Mena (aluno)

Créditos da figura: http://www.billfrymire.com/gallery/webJpgs/globe-technology-network-grid-mosaic.jpg

Um comentário: