domingo, 12 de fevereiro de 2012

O DEUS DA VERDADEIRA JUSTIÇA



Que relação deve existir entre a moral e as leis positivas e os costumes sociais? Esta questão esta já presente na pergunta que fariseus e herodianos fazem a Jesus (cfr. Mt 22,15-22) É licito dar tributo ao Cesar ou não? A resposta de Jesus, dê ao Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus, estabelece para sempre a separação do sagrado do profano, mesmo quando o secular não mantenha uma independência respeito ao querer de Deus.

Em nossos dias, a Igreja atribui certos fins temporais que podem ser sintetizados na palavra justiça: são, pois muitos mais modestos que a própria Igreja, de caráter sobrenatural e transcendente. A sociedade, e nela o Estado, devem perseguir o bem comum, isto é, criar “O conjunto de aquelas condições da vida social que permitem aos grupos e a cada um de seus membros conseguirem mais plena e facilmente sua própria perfeição”[1]. Conseguir a própria perfeição é tarefa das pessoas e dos grupos. Da sociedade é estabelecer condições de vida que não a tornem impossível. E isto é o mesmo que dizer que a convivência social deve estabelecer-se sobre os princípios da justiça. Portanto os cristãos quando defendem princípios éticos fundamentais relativos ao respeito a vida, não fazem nem devem fazer outra coisa que defender a justiça e, especialmente, a vida dos mais pobres e desfavorecidos, com aqueles que não têm meios para defender-se. E isto por razões humanas claras, que para os cristãos tem uma ressonância especial por causa de sua fé: “Toda ameaça a dignidade e a vida humana repercute no coração mesmo da Igreja, afeta ao núcleo de sua fé na encarnação redentor do Filho de Deus, e a compromete na sua missão de anunciar o Evangelho da vida por todo o mundo e a cada criatura” [2].

Todo cristão está comprometido nesta tarefa, procurando evitar que em sua vida se produza a separação entre a fé e a vida cotidiana, de modo que seja sensível as agressões contra a dignidade e a vida humana e procure na medida de suas forças corrigir. Neste campo como nos demais, os cristãos atuam em colaboração com outros homens e mulheres, atuando na plena liberdade e responsabilidade pessoal, muitas vezes em discrepância com as soluções propostas por outros, porque ninguém tem a exclusividade da verdade.

Nesta missão, os cristãos praticam o método do diálogo, tão acorde com o mandato da caridade que constitui o coração da moral cristã.[3] Um diálogo verdadeiro exige uma linguagem comum, compreensível por todos os dialogantes. Quando esse dialogo se efetua entre crentes e não crentes, o campo comum é o campo da razão e a linguagem da inteligência que vem da palavra de Deus para desenvolver uma reflexão que será compreensível e sensata inclusive para que não percebe a verdade plena que manifesta a divina revelação. Devem se esforçar continuamente para alcançar esse discurso compreensível e sensato, acessível a todos.

Em todo caso, o que seria sempre imprudente, seria fugir dos problemas e deixar aos outros a tarefa de tentar resolver-los, isto seria fugir do mundo, fugir da realidade, uma traição a missão dos próprios cristãos que é a missão mesma do próprio Cristo. Por Rafael Leria Ortega (aluno)

Créditos da figura: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdp4GBxtLK57pCk5Ui68SKSSBv6YZkf_YMce8QvlLyuCXX8Bql8aIQbwF8wTkIJg7TXVmBdzUkVqNXC0RzuksKgKGBuvVVa2Ffrsw2VffrcBu_91dwihdCIa2RmHK-4dXTZxEQLxuBWXc/s1600/Dialogue.jpg



[1] Gaudium et Spes, n. 26.
[2] Evangelium Vitae, n. 3.
[3] “El diálogo se presenta siempre como instrumento insustituible de toda confrontación constructiva, sea en las relaciones internas de los Estados como en las internacionales”. Juan Pablo II, Homilía en el Jubileo de los políticos, 5-XI-2000, n. 5.

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