Pensando na teologia cristã a partir
da fé católica, dois caminhos são tradicionalmente reconhecidos como possíveis
complementares e sem oposição, para guiar o fiel em seu agir: um de foro íntimo
que chamamos de consciência, e o outro de ordem exterior que exige
consentimento e chamamos de Magistério da Igreja.
A consciência moral é uma questão
delicada, mas central. Ela é a capacidade de “decisão, isto é, a escolha que
uma pessoa faz de se engajar num ato cuja responsabilidade assume não só
perante si mesma, como também perante o outro e, se ela crê, perante Deus”.¹
O termo magistério trata-se do
colegiado formado pelo papa e pelos bispos, que são em conjunto o depositário
fiel daquilo que é chamado pelos cristãos católicos o depósito da Revelação, ou
seja, a Escritura e a Tradição, dois lugares que Deus toma a palavra para se
revelar. Usando estes dois pilares da fé católica, o Magistério, de tempos em
tempos, toma a palavra para tratar de diversas questões da atualidade.
O problema crucial está na tensão e
articulação desses dois caminhos, já que um mostra uma pessoa livre e autônoma
que deve fazer escolhas e o outro se orienta basicamente por princípios
propostos pela autoridade eclesial em nome de uma verdade às vezes
problemática. Diante desta tensão gera-se a desconfiança do fiel, que não
respeita a autoridade do Magistério nos seu pronunciamento, pois este não toca
a sua vida cotidiana ou por causa de um subjetivismo exagerado que não admite
nenhuma instância exterior; e o Magistério que não confia na consciência do
homem, apesar de afirmar que “a consciência é o centro mais secreto e o
santuário do homem na qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na
intimidade do seu ser” GS n. 16.
Enfim, cada cristão católico
deixando se interpelar pela sua consciência, pela Palavra de Deus e pela
Tradição deve ser fonte de discernimento diante dos “sinais dos tempos”,
fazendo a sua escolha ética, tendo o Magistério como uma instância que pode
ajudar na sua decisão a partir de uma reflexão que leve em conta a sua
realidade e as que estão envolvidas. No encontro dialogal, de confiança entre a
consciência e o Magistério acontece o encontro entre o coração e a Lei; entre a
interioridade e a exterioridade; entre o que o constitui o humano e a
instituição. Alex Nuno (aluno)
Nenhum comentário:
Postar um comentário