sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CONSCIÊNCIA MORAL E MAGISTÉRIO



            Pensando na teologia cristã a partir da fé católica, dois caminhos são tradicionalmente reconhecidos como possíveis complementares e sem oposição, para guiar o fiel em seu agir: um de foro íntimo que chamamos de consciência, e o outro de ordem exterior que exige consentimento e chamamos de Magistério da Igreja.
            A consciência moral é uma questão delicada, mas central. Ela é a capacidade de “decisão, isto é, a escolha que uma pessoa faz de se engajar num ato cuja responsabilidade assume não só perante si mesma, como também perante o outro e, se ela crê, perante Deus”.¹
            O termo magistério trata-se do colegiado formado pelo papa e pelos bispos, que são em conjunto o depositário fiel daquilo que é chamado pelos cristãos católicos o depósito da Revelação, ou seja, a Escritura e a Tradição, dois lugares que Deus toma a palavra para se revelar. Usando estes dois pilares da fé católica, o Magistério, de tempos em tempos, toma a palavra para tratar de diversas questões da atualidade.
            O problema crucial está na tensão e articulação desses dois caminhos, já que um mostra uma pessoa livre e autônoma que deve fazer escolhas e o outro se orienta basicamente por princípios propostos pela autoridade eclesial em nome de uma verdade às vezes problemática. Diante desta tensão gera-se a desconfiança do fiel, que não respeita a autoridade do Magistério nos seu pronunciamento, pois este não toca a sua vida cotidiana ou por causa de um subjetivismo exagerado que não admite nenhuma instância exterior; e o Magistério que não confia na consciência do homem, apesar de afirmar que “a consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem na qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser” GS n. 16.
            Enfim, cada cristão católico deixando se interpelar pela sua consciência, pela Palavra de Deus e pela Tradição deve ser fonte de discernimento diante dos “sinais dos tempos”, fazendo a sua escolha ética, tendo o Magistério como uma instância que pode ajudar na sua decisão a partir de uma reflexão que leve em conta a sua realidade e as que estão envolvidas. No encontro dialogal, de confiança entre a consciência e o Magistério acontece o encontro entre o coração e a Lei; entre a interioridade e a exterioridade; entre o que o constitui o humano e a instituição. Alex Nuno (aluno)


1.VALADIER, P. Éloge de la conscience, Col. Esprit. Paris, Seuil, 1994. p. 11.

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