Uma
vida feliz e saudável é o grande sonho de todo ser humano. Não somos seres
para a morte, e sim para a vida plena e feliz. Todos nós somos responsáveis
pelo cuidado com a vida humana e do Planeta. Contribuir para o desenvolvimento
físico, psíquico, social e espiritual de todo ser humano é uma exigência ética que
não podemos renunciar e uma questão teológica que não podemos negligenciar. Como
afirma Dietrich Bonhoeffer[1], “a minha fome é uma questão biológica, a
fome do outro é uma questão teológica. É um apelo de Deus, tenho que encontrar
Deus saciando a fome do outro”. Nesta perspectiva, o cuidado com a vida
abre uma janela para o diálogo entre Bioética
e Teologia. Uma vez que ambas as
ciências estão preocupadas com a promoção e o cuidado da vida em todas as suas
dimensões.
A
experiência cristã de Deus se dá “na carne”, na existência humana. A Tradição cristã insiste sobre o valor
salvífico da Encarnação do Verbo divino:
“a Palavra se fez carne” (ho Logos
sarx egeneto – Jo 1,14). “A carne,
portanto, é o eixo da salvação” (Caro
salutis est cardo), dizia Tertuliano. Isso significa que o conceito de
salvação cristã envolve a pessoa toda: corpo, alma e espírito. Assim sendo, a
fé cristã não pode se contentar apenas com a “cura das almas”, e, sim, com o
ser humano em sua totalidade.
A
sabedoria bíblica compreendeu Deus como que vocacionado ao ser humano. Um Deus
que tem “entranhas de misericórdia” (Os 11, 8), que se deixa afectar pela dor e
o sofrimento do estrangeiro, da viúva e
do órfão. Um Deus preocupado em libertar o seu povo, que vê a sua miséria, ouve seu grito por justiça,
conhece as suas angústias e desce para libertá-lo (cf. Ex 3, 7-8).
E se voltarmos o nosso olhar para a identidade narrativa de Jesus,
perceber-nos-emos que no “Deus crucificado” se dá a revelação plena do
Deus-amor que se ex-põe de forma extrema para revelar o seu amor pela
humanidade. Neste sentido, “a contribuição da fé numa discussão bioética não é
impor dogmas morais, mas colocar questões éticas fundamentais que ajudem a
refletir e a formular normativas que defendem a dignidade da pessoa e a vida
humana de todos os seres humanos, especialmente daqueles mais fragilizados”[2].
Pois a luta pela vida em plena para todos
é a primeira exigência da fé, bem como, a razão de ser de todo empreendimento ético. Por: Rodrigo Ferreira da Costa, sdn (aluno)
Obrigado, Rodrigo...
ResponderExcluirNa relação entre a teologia e bioética, o teólogo não deve pretender dar a última palavra, porque ele deve saber situar-se entre a sua tradição teológica e o tema em questão para encontrar alguma solução mais equilibrada. Porque, o fato da teologia ocupa dois lugares, i. é, estando no mundo e ao mesmo tempo sem ser dele (Jo 17, 14-16), é quem faz do seu discurso um discurso Theós-lógos. Como a experiência cristã se dá na carne, como você bem lembrou... temos que admitir que a revelação confirma e implica a humanidade no cuidado com a criação, mas também evidencia a única divisão da história que coloca a nossa história nas nossas mãos conferindo-nos o irrenunciável ofício da liberdade (responsabilidade). Portanto, o teológico não pode estar alheio aos temas que implicam a vida e sua continuidade enquanto dom do criador a humanidade. A postura do teólogo no diálogo com a bioética é fina e visa contribuir por meio de sua especificidade na reflexão ética; na concepção de ser humano subjacente a investigação biotecnológicas (Antropologia); e no modo de ser humano de se relacionar com a natureza (Ecologia) [Junges, p. 58]. Em suma, o serviço da fé começa pelo respeito à dignidade da pessoa humana, no exercício da defesa, do cuidado e da promoção da vida em todas as suas expressões, ou melhor, como disse Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Um abração, irmão.
Muito bom comentário Felipe!
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