segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dos círculos viciosos da morte aos círculos virtuosos da vida


Parte I
Este artigo segue a reflexão feita por J. Moltmann no último capítulo de O Deus Crucificado, o qual apresenta os “caminhos para a libertação política da humanidade”[1]. Tentaremos apresentar aqui de forma breve os círculos viciosos da morte, bem como, salientar os caminhos da libertação que chamaremos de círculos virtuosos da vida e da humanização.
A sociedade contemporânea, mesmo com todos os avanços científico-tecnológicos, ainda enfrenta graves problemas em relação à vida do ser humano. Há certos padrões econômicos, sociais e políticos que levam da vida à morte. E como o bioética que ser uma ética da vida, ela não pode se eximir dessa problemática.   
Na dimensão econômica da vida: há o círculo vicioso da pobreza. A fome, a falta de moradia, o descaso com a saúde pública, a falta de investimento na educação formam um verdadeiro círculo vicioso que conduz à morte física (pessoas que morrem nas filas dos hospitais à espera de atendimento médico, crianças que morrem por desnutrição...); morte mental (jovens que se sentem inferiores por não poderem manter o padrão de consumo da alta sociedade, outros que acabam entrando para o mundo da criminalidade, da drogas...) e a morte espiritual (jovens que já não sonham mais, pais e mães de família que não têm mais força de lutar, cidadãos que deixaram de acreditar na política como lugar da defesa do direito e da justiça...).
Na dimensão política: a corrupção, o uso da máquina pública para interesses particulares, o economicismo na política, etc. geram o círculo vicioso que também leva à morte. Muitos cidadãos de bem já não acreditam mais na política, nem tampouco na ética e nos ideais democráticos. Mas o afastamento das pessoas de bem do “espaço público, da cidade” faz com que o bem público seja entregue nas mãos de pessoas corruptas, aproveitadores que buscam na política uma oportunidade de lucro e exploração.
Na dimensão social: temos o círculo vicioso da alienação racial e cultural, além do preconceito que, mesmo sendo de forma camuflada, ainda existe em nossa sociedade. Mesmo com os avanços econômicos e uma melhor distribuição de renda que se fez nos últimos anos, a sociedade brasileira ainda sofre com o grave problema da desigualdade social e econômica. Somos manipulados por um sistema capitalista injusto e desumano que explora e inviabiliza qualquer reação contrária ao seu projeto opressor.
Na questão ambiental, cresce o círculo vicioso da poluição industrial, o lixo, o desmatamento, os agrotóxicos que contribuem para a destruição do meio ambiente. Em nome do progresso e do crescimento econômico vivemos uma verdadeira “guerra” contra a preservação ambiental. Sabemos que é possível e viável manter o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Mas, para isso, é preciso ter vontade política porque, apesar de todos estarmos cientes de que a destruição do ambiente traz conseqüências graves para a vida humana e coloca em risco o Planeta, falta iniciativa política corajosa. Isso porque a destruição ambiental dá lucros para uma minoria.
Enfim, o círculo vicioso da insensibilidade e da apatia: diante de tanta violência, corrupção e falta de engajamentos éticos responsáveis, corre-se o risco de ficar insensível diante da dor e da morte do outro. Os jovens já não têm utopias, as crianças não sonham mais. A morte não gera indignação. A paz se perdeu no horizonte. O individualismo tornou-se a bandeira até mesmo das religiões. A nossa humanidade está se desumanizando. Por Rodrigo Ferreira da Costa (aluno). 
Continua...


[1]Cf. MOLTMANN J. Caminhos para a libertação política da humanidade. In:___________. O Deus Crucificado: a cruz de Cristo como base e crítica da teologia cristã[1]. Santo André: Academia Cristã, 2011. p. 389-418.

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