Pierpaolo Donati, em dois dos seus livros – “Teoria
relacional da sociedade” e “A família como relação social” –, afirma que o
objeto da bioética é a “relacionalidade do ser humano”. Assim, para o autor, a relação
intersubjetiva é um dos princípios universais da bioética. Até aqui parece não
apresentar nenhuma novidade, mas a parte interessante e sugestiva da reflexão é
quando ele assevera que está relacionalidade tem como característica principal a
reciprocidade.
O que significa isso? Apoiado numa leitura rápida – e
talvez até forçada – da segunda parte da “Fundamentação da metafísica dos
costumes” de Kant, Donati diz que o ser humano enquanto reciprocidade age de
forma a tratar a humanidade sempre como fim, nunca como simples meio.
Como podemos observar, a resposta apresentada responde
simplesmente à perspectiva filosófica, mas sabemos que a reciprocidade não é exclusividade
duma filosofia, cultura ou uma religião. Por exemplo, Confúcio, nos Diálogos
15,23, diz: “O que você mesmo não deseja, não o faça a os outros homens”. O
Rabbi Hillel exorta: “Não faça aos outros o que não deseja que estes façam a
você”. Por sua parte, o cristianismo, em Mt 7,12, diz: “Tudo aquilo que quereis
que os homens façam a vós, fazei-o vós mesmos a eles”.
Baseado nessas citações pode-se observar que, independentemente
da filosofia ou das religiões, a reciprocidade é constitutiva do ser humano.
Por isso merece uma atenção especial na hora de falar do homem como ser
relacional. Devemos levar em conta que o ser-com não é uma relacionalidade teórica,
abstrata, longe da realidade. Pelo contrario, ela manifesta-se de múltiplas
formas, porque é uma relacionalidade “pés no chão”. O ser humano enquanto
ser-em-relação caracteriza-se por sua coexistencialidade em reciprocidade! Por Bernardo Leon Mercado Vargas (aluno)
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