segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A RELACIONALIDADE DO SER HUMANO COMO RECIPROCIDADE



Pierpaolo Donati, em dois dos seus livros – “Teoria relacional da sociedade” e “A família como relação social” –, afirma que o objeto da bioética é a “relacionalidade do ser humano”. Assim, para o autor, a relação intersubjetiva é um dos princípios universais da bioética. Até aqui parece não apresentar nenhuma novidade, mas a parte interessante e sugestiva da reflexão é quando ele assevera que está relacionalidade tem como característica principal a reciprocidade.
O que significa isso? Apoiado numa leitura rápida – e talvez até forçada – da segunda parte da “Fundamentação da metafísica dos costumes” de Kant, Donati diz que o ser humano enquanto reciprocidade age de forma a tratar a humanidade sempre como fim, nunca como simples meio.
Como podemos observar, a resposta apresentada responde simplesmente à perspectiva filosófica, mas sabemos que a reciprocidade não é exclusividade duma filosofia, cultura ou uma religião. Por exemplo, Confúcio, nos Diálogos 15,23, diz: “O que você mesmo não deseja, não o faça a os outros homens”. O Rabbi Hillel exorta: “Não faça aos outros o que não deseja que estes façam a você”. Por sua parte, o cristianismo, em Mt 7,12, diz: “Tudo aquilo que quereis que os homens façam a vós, fazei-o vós mesmos a eles”.
Baseado nessas citações pode-se observar que, independentemente da filosofia ou das religiões, a reciprocidade é constitutiva do ser humano. Por isso merece uma atenção especial na hora de falar do homem como ser relacional. Devemos levar em conta que o ser-com não é uma relacionalidade teórica, abstrata, longe da realidade. Pelo contrario, ela manifesta-se de múltiplas formas, porque é uma relacionalidade “pés no chão”. O ser humano enquanto ser-em-relação caracteriza-se por sua coexistencialidade em reciprocidade! Por Bernardo Leon Mercado Vargas (aluno)

Créditos pela figura: http://www.livingaloud.com/wp-content/uploads/2011/07/Relationship.jpg

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