O termo
bioética é constituído por duas palavras de origem grega: bios = vida; ethos =
morada. Podemos fazer a seguinte tradução de bioética a partir de suas raízes:
“morada da vida”. Pois bem, esta tradução nos mostra, ao mesmo tempo, o alcance
inimaginável e a complexidade inigualável do objeto da bioética, a vida em sua
morada ou a morada da vida, uma vez que a morada da vida é o universo do qual
muito pouco conhecemos. Em outras palavras, a bioética lida com questões
relativas à vida em uma morada, habitação [que é o universo] que tem mais a ver
com labirinto do que com casa. Mas, pra quê bioética? A ética não daria conta
pensar as questões da vida neste universo-labirinto?
A vida por si
só, em seu estado natural, já é complexa. No entanto, se complexifica ainda
mais na medida em que os “alquimistas” conseguem alterar consideravelmente a
ordem normal da matéria, tornando-se como que criadores de um novo mundo,
transformadores da vida, arquitetos-engenheiros-pedreiros da morada da vida, da
vida mesma. Não fosse por este passo tão grande dado pelo homem – através,
sobretudo, da ciência moderna – talvez a ética pudesse “dar conta recado”, a
morada [ética] se bastasse abarcando a vida.
No entanto, os superavanços da técnica humana
fizeram surgir a necessidade de uma reflexão distinta da ética que pudesse
pretender dar conta das questões que a vida nos coloca quando se alteram as
estruturas da morada, daí a bioética. Esta super-heroína, não é mais uma
disciplina dentre outras tantas já existentes, mas sim o ideal de um amálgama
de todas as matérias humanas que possam contribuir para responder às questões
que, pelo nosso modo de ser vida no mundo, foram problematizadas por nós.
Aquele que se
embrenhar em questões concernentes à bioética há de estar preparado para se
perder neste labirinto, drama da vida no universo. Um perder-se que nada mais é
que tomar consciência de que somos neste labirinto; embrenhar-se no sentido de
tomar consciência desta nossa situação existencial: ser reféns de nossas
próprias criações... Por Alfredo Viana
Avelar (aluno)
Créditos da figura: http://revistadeciframe.files.wordpress.com/2010/06/labirinto_da_vida.jpg?w=614
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