quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

NÃO SOMOS CROMOSSOMOS! SOMOS COMO SOMOS!



No ano 2085, o Conselho de Bioética da ONU, após décadas de discussões, aprovou o procedimento de pré-determinação genética embrionária. Iniciou-se uma corrida desenfreada das pessoas aos laboratórios para iniciar o processo de geração do filho sonhado: alto ou baixo, branco ou negro, olhos claros ou escuros, com inteligência técnica ou artística, habilidoso com os pés ou com as mãos, enfim, segundo o gosto dos clientes. Uma vez que o DNA humano foi inteiramente mapeado e através de uma tecnologia capaz de alterar o genética, o sonho de se ter o filho dos sonhos estava ao alcance da realização. 

No entanto, com o tempo percebeu-se que, embora a aparência correspondesse ao desejado pelos pais, os genes que diziam respeito às aptidões das crianças não se chegavam ao termo de sua finalidade... 

A criança negra, com olhos verdes, cabelos lisos, com admirável biótipo, e com pernas preparadas para atividades atléticas, perdeu os movimentos destes membros inferiores em um acidente e tornou-se um exímio escritor. 

Outra criança, branca, com olhos castanhos, cabelos cacheados e preparada para ter uma inteligência técnica, encantou-se pela arte – mesmo não tendo muita facilidade na área – superou sua dificuldade e seus quadros estão rodando o mundo nas melhores exposições de arte. 

Exemplos e mais exemplos como estes dois se repetiram... a genética não contou com a força das relações que preservam a imprevisibilidade humana e a força de superação que, parafraseando Sartre, faz importar não o que foi feito de mim, mas o que eu faço com o que foi feito de mim. 

Enfim, somos mais história e relações do que biologia, genética, química... Não somos cromossomos! Somos como somos!

Por Alfredo Viana Avelar (aluno)

Crédito pela figura: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiROkHDGehtjjhOOpIsIpg34nLzqKDS6NoWRRSi94mpkibUUmQtKksFMJ4Z6ih4iLzRN4mPvkRMJetNvuE84qXJfa1unpobUBMazbk6CGnuJS93-e5FyzSnmvXuvzEsnuuGjphYD6UMFvw/s1600/dna+e+feto.jpg

Um comentário:

  1. Texto muito bom. Nele ao seu modo, expressa a realidade com humor e significação! Quanto a afirmação de que somos mais história e relações, acredito mesmo que sempre fomos história e relação. Porém, compreendo a história como uma síntese de um punhado de elementos que começam nas origens.E genética, costumo associar ao genes - origem, primeira fonte de características, obviamente de quem é originador (a). O ser humano possui genoma, é ser de células, e o normal é que haja 23 cromossomos. Então, somos o que somos,fruto de uma soma, entre ela cromossomos. Subtende que a bio, ou seja, a vida é um conjunto.Agora o que é insustentável, e que não poderia haver, é a manipulação daquilo que é próprio do que somos. Creio que aqui reside um problema entre outros que se poderia abordar.

    ResponderExcluir