quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A NATUREZA É O NOVO POBRE

Nas últimas décadas o conhecimento do ser humano acerca do universo tem surpreendido. Planetas, galáxias, sois, conhecidos através de superpoderosos satélites, sondas espaciais etc.. No entanto, algo nos é muito claro diante de todo este avanço cognoscitivo: por mais insignificante que seja o planeta Terra ante a imensidão do universo, ela é o nosso único lar, é o local onde nossa vida é possível, e sem ele nós inexistimos.

No entanto, mesmo tendo consciência (ao menos, deveríamos ter, pois isso é tão claro!) que nós subsistimos na Terra, insistimos em danificar os sistemas sustentadores da vida no planeta água. Nossas ações têm degradado o planeta, alterado seu funcionamento normal, alterado a saúde da mãe terra.

A nós, da teologia, importa que percebamos que o tripé original da nossa fé – Deus, natureza e humanidade (cf. Gn 1 -2) – está manco, pois a partir da modernidade vem se dando um processo que transporta Deus para a dimensão da intraeclesialidade[1], Deus foi trancafiado pelo homem. Agora é “bipé”: humanidade e natureza...

A Terra foi dessacralizada pela modernidade tecno[lógico]-científica, tornou-se um objeto ao alcance das mãos humanas, e, imperando sistema capitalista – a lógica do lucro que se pode ter com –, a Terra é vista como um planeta de possibilidades pra se lucrar. Os que quiserem falar com Deus podem ir às igrejas... ali está o sagrado, ali não pode haver abuso nenhum, é a habitação de Deus e o nosso refúgio...

Com a percepção de que a nossa existência está manca (sem a noção de Deus como criador) e debilitada (desconsiderando a Terra como criação amada de Deus), precisamos (como estudantes de teologia) apresentar a nossa alternativa ao sistema vigente: Deus criador, natureza e humanidade como criação e criatura amadas por Deus! A natureza é o novo pobre, nós devemos abrir as portas das igrejas, “libertar” Deus e fortalecidos pelo Espírito dele sermos servidores desta pobre natureza seguindo o exemplo de Jesus Cristo! Por Alfredo Viana Avelar (aluno)

Créditos da foto: http://www.savingadvice.com/images/blog/begging.jpg

[1] No sentido de a fé ser vivida e “praticada” dentro das quatro paredes de uma igreja.

Um comentário:

  1. Deu para sentir um gosto da "bioética da libertação" que fala Vagner, diante da percepção da amabilidade de Deus que se manifesta no cuidado, em outras palavras, na libertação dos males da sociedade, tendo em vista o bem de todos, a "exemplo de Jesus Cristo" como explicita Alfredo. Também é interessante no início do artigo a visão macro/universal/cosmológica/astronômica, em contraposição com o micro/particular/planeta nosso e de todos.
    deriva então, diante de tudo a natureza tanto além fronteiras do nosso globo, quanto intraterreno. Ver assim a dor da "mãe terra" com mais evidência, mostra simbolicamente e pragmaticamente a natureza com um "novo pobre" que deve ser cuidada, preservada e mantida viva para o nosso próprio bem.
    Muito interessante essa relação.

    hugo galvao

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