O homem vem se relacionando com a natureza desde os primórdios, sendo
que, em cada tempo histórico é predominante uma forma de se relacionar com a
natureza. A humanidade já foi muito
dependente da natureza, aos poucos foi conhecendo-a e dominando-a. É através da
extração e transformação dos recursos naturais que o homem mantém sua
sobrevivência e reprodução. No entanto,
a natureza responde às intervenções humanas, podendo ocorrer os impactos
ambientais, a degradação dos recursos naturais. Esses impactos ocorrem na
medida em que o homem consome uma quantidade de recursos acima da capacidade de
regeneração da natureza. Sendo assim, pretende-se analisar a relação entre as
sociedades e a natureza tendo por enfoque primordial a problemática da degradação
dos recursos naturais. Problemática que além de quantitativa[1] no
atual milênio é qualitativa[2].
Com o devido cuidado, poderíamos nos perguntar se a preocupação com o crescimento demográfico e os recursos naturais disponíveis não seria pertinente, como o fez, por exemplo, por clérigo, economista e demógrafo inglês Robert Malthus. A lei de Malthus é enumerada em três
preposições: a população é necessariamente limitada pelos meios de
subsistência; a população aumenta sempre que aumentam os meios de subsistência,
a menos que qualquer circunstância imprevista detenha o crescimento; os
cataclismos que fazem com que a população se mantenha em nível adequado aos
meios de subsistência resumem-se a coibições, vícios e misérias. Na perspectiva
malthusiana a solução para a subsistência da humanidade era regular o aumento
da população ao número de recursos oferecidos pela natureza.
Após rever em uma breve síntese o pensamento malthusiano, é bom conhecer
o advento da modernidade e suas conseqüências na natureza e na sociedade, bem
como a tese antropocêntrica que sustentou “o moderno”. Com a industrialização, a
urbanização, a efetivação da era capitalista a destruição da natureza ocorreu
sem precedentes. As cidades surgiram onde antes existia a natureza. O ar, as
águas começaram a serem poluídas, os congestionamentos, as aglomerações
populacionais nasceram. O que sustentou essa degradação ambiental foi a tese
antropocêntrica. Na citada tese, o homem é o centro do universo, a natureza
deve ser explorada. A preservação do meio natural somente é justificada se traz
benefícios para o homem. A solução para as grandes taxas demográficas é uma
melhor distribuição da renda.
Nesse contexto, a degradação ambiental foi defendida como “necessária”
para o desenvolvimento das nações, tendo por aporte a ideologia antropocêntrica:
os recursos naturais são ilimitados e o progresso era sinônimo de crescimento,
desenvolvimento e conquista da natureza. Esse pensamento marcou o século XIX e
boa parte do século XX, quando começaram a surgir com maior relevância os
questionamentos a respeito da degradação ambiental e a necessidade de preservar
a natureza. Uma preocupação que se tornou parte da Bioética. Por Marcos
Cançado (aluno).
BIBLIOGRAFIA
VARGAS, Helena Camin. População e meio ambiente na entrada do terceiro milênio: em busca de uma nova ética. XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP, 1999.
[1] A
problemática quantitativa é evidenciada na tese malthusiana ( necessidade de
equilíbrio entre o número de seres humanos e os recursos naturais disponíveis –
alimentos).
[2] A
problemática qualitativa não se centra somente em números, ela lida com a
qualidade de vida dos homens, tendo em vista aspectos normativos, portanto
concerne ao âmbito da ética.
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